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4 DE DEZEMBRO DE 1964 3979

tais da língua portuguesa para, a sua divulgação e expansão.

E os portugueses espalhados pelo Mundo? Não temos obrigação de lhes facultar meios de poderem ensinar aos seus filhos a língua que aprenderam e que falam, conservando o amor à Pátria pela lembrança do que nela lhes ficou ligado pela saudade?

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - A elaboração do português fundamental, que deveria utilizar os processos e as técnicas usados pelos professores da Escola Normal Superior de Saint-Cloud. constituiria um utilíssimo meio de divulgação e de expansão da língua e da cultura portuguesas, com vista à alfabetização das populações ultramarinas, à publicação de métodos para o ensino do português aos estrangeiros e para a difusão da língua em escolas junto das comunidades de expressão portuguesa espalhadas pelo Mundo.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Deste modo, dar-se-ia incremento apreciável à língua portuguesa, tornando-a veículo da transmissão da nossa cultura e civilização.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - É neste sentido que me parece oportuno assinalar a necessidade de se destinar uma verba na alínea c) «Trabalhos extraordinários de investigação fundamental» do capítulo VII «Ensino e investigação» do Plano Intercalar de Fomento para os trabalhos preliminares da elaboração do português de base ou português fundamental.

Na nova estrutura técnico-pedagógica que visa à divulgação do ensino peles meios audiovisuais, através de emissões de rádio e de televisão, terá de inserir-se necessariamente a elaboração do português fundamental, para que a partir dele se possam organizar métodos de ensino com vista aos objectivos que acima referi.

Criada há pouco mais de um ano, a televisão escolar apresenta-se já hoje com nível comparável ao das suas congéneres estrangeiras e dá-nos a certeza de que no capítulo da transmissão e expansão da cultura generalizada estamos em bom caminho e, naturalmente, aptos a lançar novos tipos de emissões, de forma sistematizada e programada, com vista a um alargamento do ensino ao maior número possível de portugueses.

As experiências realizadas com êxito e os resultados positivos que no decorrer de um ano puderam verificar-se com a televisão escolar prepararam naturalmente as condições para o lançamento da telescola. dentro do esquema definido recentemente pelo Sr. Ministro da Educação Nacional.

Ë através das emissões da telescola que o Ministério da Educação Nacional vai procurar difundir o ensino, não apenas aos indivíduos em idade escolar, mas a todos os que dele desejem aproveitar.

Não se imagine, porém, que, sob pena de se desvirtuar a função específica dos meios audiovisuais, a telescola poderá dispensar inteiramente a presença e a acção do professor.

Graças aos recursos da técnica é possível levar hoje a imagem e o som ao ambiente da própria escola. E como o mundo exterior da criança é, em grande parte, audiovisual seria negligência, desprezar um meio auxiliar de ensino da maior importância e a que se pode recorrer com toda a eficácia.

Os meios áudiovisuais que a telescola irá proporcionar deverão ser utilizados fundamentalmente na escola, durante o tempo em que decorrem os seus trabalhos, e apresentar-se devidamente planificados, como documentos auxiliares, que de modo algum poderão substituir o professor, exigindo, pelo contrário, a sua participação activa e a sua presença, sem o que não será possível o diálogo, e este é a forma mais directa e eficaz da transmissão de conhecimentos e de aquisição do saber na sua fase inicial.

A telescola não servirá como pretexto para espectáculos ou audições e muito menos para sessões recreativas, porque requer a participação activa dos alunos, excluindo atitudes meramente passivas. Cada lição terá a duração compatível com as capacidades de atenção dos alunos a quem se destina, para poder integrar-se na actividade da aula, por meio de uma preparação que antecederá a emissão e pela utilização e exploração aprofundada dos assuntos imediatamente após a sessão. Isto significa que o professor ou o monitor estudou o programa das emissões e preparou os questionários e trabalhos complementares que serão o prolongamento natural e lógico da emissão.

Contrariar estes princípios é ignorar os fundamentos dos meios audiovisuais dados pela televisão e privar-nos das vantagens de uma pedagogia rica, viva, actual e sugestiva capaz de despertar na alma da criança a revelação de capacidades novas para o alargamento da sua formação e cultura.

Assim considerada, interpretada e compreendida, a telescola irá desempenhar papel preponderante na divulgação e expansão da cultura portuguesa.

Sem prejuízo do incremento que deverá dar-se à preparação de professores, que hão-de constituir sempre a base de toda a estrutura educacional, não se perca de vista a utilidade dos meios audiovisuais realizados pela rádio e televisão.

Na convicção de que todos os investimentos aplicados no sector da educação serão os mais rendosos, esperançados em que novas dotações virão juntar-se às que agora foram distribuídas para o ensino e investigação, dou o meu voto de aprovação, na generalidade, ao Plano Intercalar de Fomento para 1965-1967, com as alterações sugeridas no parecer da Câmara Corporativa.

Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Nunes Mexia: -Sr. Presidente: Ao intervir na discussão da proposta de lei para- a elaboração e execução do Plano Intercalar de Fomento para 1965-1967, vou unicamente referir-me a problemas que digam respeito ao sector agrícola.

Tratando-se de uma matéria que foi objecto de um aviso prévio efectivado na última sessão legislativa, não será para estranhar que deixe lacunas e seja breve nalgumas das considerações a fazer, pois certamente todos temos ainda presentes os trabalhos e argumentos apresentados, que nos conduziram à aprovação por unanimidade de uma moção. Para melhor delimitarmos os campos sobre os quais incidirão as minhas palavras, faço desde já um reparo:

No capítulo I «Agricultura, silvicultura e pecuária» aparecem incluídas verbas para valorização rural, o que não me parece certo, pois manifestamente, não se referem ao sector agrícola - uma coisa é agricultura e outra ruralidade. Isto conduz os menos desprevenidos a erros de apreciação, pois desde logo aparece em globo uma verba para o sector, que não é a real.