O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

12 DE DEZEMBRO DE 1966 813

A partir do contacto entre a escola e a indústria, surgirá mais tarde uma maior facilidade na colocação dos alunos diplomados, com interesse para todos.
Se é importante o ensino técnico elementar, podemos considerar que são ainda mais importantes os escalões de nível mais elevado do ensino, sobretudo os de grau universitário. Neste último, assistimos a um espectáculo confrangedor. Alunos que vêm do liceu com boas classificações, esperançados numa carreira brilhante, naufragam nos escolhos dos primeiros contactos com a Universidade e acabam por desistir do curso. As causas aqui apontadas são muitas: segundo os professores, os alunos vêm mal preparados do liceu ou desinteressam-se do estudo; segundo os alunos, os professores pairam muito alto nas suas aulas estritamente teóricas, muitas vezes ininteligíveis por falta de qualidade de exposição, por impossibilidade de se tirarem apontamentos, por falta de livros de texto, etc.
Na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, por exemplo, nas cadeiras de Matemáticas, os resultados têm sido catastróficos. Numa das cadeiras de preparatórios de Engenharia, neste ano, passaram 16 alunos e reprovaram 120 - isto na época de Outubro! Em anos anteriores ainda tem sido pior, conforme oportunamente referiu um grande diário da cidade invicta.
Não podemos concordar com a alegação de que os alunos vêm mal preparados do liceu. Parece-nos apenas que o professor universitário, em muitos casos, não se preocupa em enquadrar o seu programa no quadro de conhecimentos do aluno, quer ele venha do liceu, quer venha mesmo de outras cadeiras com precedência. O professor não se põe no lugar do aluno, não desce até ao seu plano para o poder elevar depois. Assim, por falta de contacto mestre-discípulo, o aluno perde-se, e com ele um valor eventual para o futuro. Em vez de um cidadão equilibrado, e produtivo, cria-se muitas vezes um inadaptado. Aquele que orientou a sua vida para tirar um curso e o não consegue fica com a ideia de que falhou.
E quantos elementos de valor não perde anualmente o País pela falha, pelo erro, de um ensino sem alma?
Parece-me que a falta de eficiência do ensino universitário deverá sei observada com a maior atenção. É daqui que sairão as élites, os dirigentes de amanhã. Não se procurem fora da Universidade as causas do que se passa. Vejamos antes por que meio será possível interessar os professores e os alunos nas suas missões respectivas - ensinar, para uns, e aprender, para os outros.
Procurem-se os meios de estimular o mestre, de lhe avivar o facho da sabedoria para que a sua luz possa incidir sobre o discípulo e ser por ele captada.
As nossas necessidades de técnicos a todos os níveis serão enormes para o futuro, se não quisermos interromper a expansão da nossa actividade económica. Removam-se os entraves e inicie-se a grande luta por uma Nação mais culta.
Eis, Sr. Presidente, as breves considerações que a minha consciência de industrial e de português me impôs viesse trazer a esta tribuna. Um só anseio as inspirou e ditou: contribuir de algum modo para a resolução de alguns problemas que andam na nossa maior preocupação e que profundamente interessam à vida nacional.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão. O debate continuará na sessão da tarde, sobre a mesma ordem do dia.

Está encerrada a sessão.

Eram 13 horas.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Alberto Henriques de Araújo.
André Francisco Navarro.
António Augusto Ferreira da Cruz.
António Calapez Gomes Garcia.
António Calheiros Lopes.
António José Braz Regueiro.
Aulácio Rodrigues de Almeida.
Duarte Pinto de Carvalho Freitas do Amaral.
Francisco António da Silva.
Gustavo Neto de Miranda.
Henrique Ernesto Serra dos Santos Tenreiro.
João Duarte de Oliveira.
João Nuno Pimenta Serras e Silva Pereira.
José Coelho Jordão.
José Gonçalves de Araújo Novo.
José Guilherme Rato de Melo e Castro.
José de Mira Nunes Mexia.
Luís Folhadela Carneiro de Oliveira.
Mário Amaro Salgueiro dos Santos Galo.
Martinho Cândido Vaz Pires.
Paulo Cancella de Abreu.
Rui Pontífice de Sousa.
Sebastião Alves.
Sebastião Garcia Ramirez.
Tito de Castelo Branco Arantes.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Agostinho Gabriel de Jesus Cardoso.
Alberto Pacheco Jorge.
Álvaro Santa Rita Vaz.
André da Silva Campos Neves.
António Magro Borges de Araújo.
Arlindo Gonçalves Soares.
Armando Cândido de Medeiros.
Artur Águedo de Oliveira.
Augusto César Cerqueira Gomes.
Augusto Duarte Henriques Simões.
D. Custódia Lopes.
Elísio de Oliveira Alves Pimenta.
Ernesto de Araújo Lacerda e Costa.
Fernando Alberto de Oliveira.
Fernando de Matos.
Francisco Cabral Moncada de Carvalho (Cazal Ribeiro).
Francisco Elmano Martinez da Cruz Alves.
José Dias de Araújo Correia.
José Fernando Nunes Barata.
José dos Santos Bessa.
Júlio Alberto da Costa Evangelista.
Leonardo Augusto Coimbra.

anuel Henriques Nazaré.
Manuel João Correia.
Manuel José de Almeida Braamcamp Sobral.
Manuel Lopes de Almeida.
D. Maria Ester Guerne Garcia de Lemos.
Raul Satúrio Pires.

O REDACTOR - António Manuel Pereira.

IMPRENSA NACIONAL DE LISBOA