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13 DE JANEIRO DE 1967 995

momento por quanto se bateu pela educação. Assim disse, referindo-se aos que eram nobremente patriotas.

esses amam a pátria, não dedicando-lhe estrofes, mas com a serenidade grave e profunda dos corações fortes. Respeitam a tradição, mas o seu esforço vai todo para a nação viva, a que em torno deles trabalha, produz, pensa e sofre e, deixando para trás as glórias que ganhámos nas Molucas ocupam-se da pátria contemporânea, cujo coração bate ao mesmo tempo que o seu, procurando perceber-lhe as aspirações, dirigir-lhe as forças, torná-la mais livre, mais forte, mais culta, mais sábia, mais próspera, e por todas estas nobres qualidades elevá-la entre as nações. Nada do que pertence à pátria lhes é estranho admiram decerto Afonso Henriques, mas não ficam para todo o sempre petrificados nessa admiração vão por entre o povo, educando-o e melhorando-o, procurando-lhe sem descanso os dois bens supremo - ciência e justiça.
Põem a pátria acima do interesse, da ambição, da gloríola, e se têm por vezes um fanatismo estrito, a sua mesma paixão diviniza-os. Tudo o que é seu o dão à pátria sacrificam-lhe vida, trabalho, saúde, força. Dão-lhe sobretudo o que as nações necessitam mais, e o que só as faz grandes dão a verdade. A verdade em indo, em história, em arte, em política, nos costumes. Não a adulam, não a iludem, não lhe dizem que ela é grande porque tomou (...), dizem-lhe que é pequena porque não tem escolas. Gritam-lhe sem cessar a verdade rude e brutal. Gritam-lhe « Tu és pobre, trabalha, tu és ignorante, estuda, tu és fraca, anima-te! E quando tiveres trabalhado, estudado, quando te tiveres armado, eu, se foi necessário, saberei morrer contigo».

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Hirondino Fernandes: - Sr. Presidente: Prometemos a nós próprios e ao autor do presente aviso prévio falar de um assunto muito restrito - o livro. Pois é dele que falaremos.
Lá longe, nesta estrada da vida que todos nós percorremos, está, após a curva que além se vislumbra, o palácio da ventura.
O caminho que a ele conduz, longo e difícil, exige esforços após esforços, num (...)contínuo sem tréguas.
Ficam aquém da meta viajantes sem conta, quase a atingi-la, caem por terra muitos outros que o cansaço venceu, logram alcançá-la os restantes que não são muitos.
É de ontem o problema, e não logrou cabal satisfação, é de hoje também, e não a terá, por certo, a inteiro contento nosso, ele continuará assim, nos bons velhos tempos ainda.
Hoje como ontem, e amanhã como hoje, de maior rele(...) que a descoberta da pólvora, há muito conhecida, ou a viagem à Lua, que, (...) breve se realizará, um outro problema se levanta a quem deveras atente na própria essência da vida. Descobrir a pólvora ou à Lua será muito ou não é nada - se a este e àquele e àqueloutro homem que ora nasce nós não soubermos abrir-lhe os olhos da alma.
O problema é todo este o homem tem direito a ser feliz pessoal, familiar e socialmente, a nós incumbe fornecer-lhe os conhecimentos e as disposições físicas e morais de que, para tal fim, há-de vir a crescer. A nós, entendamo-nos à família, à escola (ou ao Estado, se preferirem), à sociedade.
A educação, e aqui estão os meios que a hão-de proporcionar, começa no seio da família, intensifica-se na escola, e há-de continuar, decerto, depois, pela vida fora, num aperfeiçoar contínuo, enquanto o homem não se torna definitivamente homem aos 20, aos 30 ou mesmo aos 40 anos, quando acaba o seu curso secundário ou quando lhe entregam a sua carta de curso superior.
Nos primeiros anos cavavam-se, outrora, traços profundos, muitos deles indeléveis. Eram sete ou oito anos - não recuamos muito no tempo, como VV. Exas. vêem - que a criança vivia inteiramente no seio da família, da qual recebia lições sem conta, que a marcavam no caminho que estava a começar a trilhar.
Nos dias de hoje tudo se modificou, e tão profundamente que muitos pais, quase todos, só vêem seus filhos à noite, precisamente quando regressam do trabalho, que os reteve o dia inteiro.
Consequentemente, o papel que exerciam na educação do jovem diminuiu, se não quisermos ser mais realistas para afirmar que quase se reduziu a zero.
Postas deste modo as coisas - e de outro é difícil -, na escola começa, a bem dizer, a educação, encarada nos seus múltiplos aspectos moral e religiosa, social e profissional, cívica e política, intelectual.
Na escola primária, a princípio como é bem de ver. Está ainda virgem o terreno ou quase. Toda a semente germina assim, forte e robusta, e como tal se ergue nos ares se lhe não faltar o apoio de que necessitará para enfrentar o sol e o vento, tantas vezes inclementes a que, inevitàvelmente, se vai expor.
A escola secundária, onde toda a semente cresceria e só tornaria forte, poderia oferecer o amparo requerido. A ela chega, porém, uma escassa minoria, que nem sempre toda ela encontra a ajuda em referência.
Ontem, quando o saber era pouco, o mestre preocupava-se com dar uma educação verdadeiramente integral, crente, que andava - ela e os mais - de que o que essencialmente importava era a formação do indivíduo.
Hoje, porém, obcecados, todos, os mais e ele, pelas aquisições incomensuráveis e incessantes da ciência acerca do mundo que nos rodeia, o mestre procura transmitir ao aluno, cumprindo, aliás, sobrecarregadíssimos programas, os conhecimentos mais díspares, que já amanhã aquele vai esquecer.
A formação cedeu o lugar à informação, esquecida a maioria dos mestres, e dos Estados também, de que ao aluno se depararão pela vida fora imprevistos sem conta, que implicarão como aprendizagem ùnicamente válida aquela que assenta na aquisição de bons métodos de trabalho, de escolha de valores, de opções morais.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Este nosso (...) está a levar-nos longe em demasia, quando tudo se resume, afinal, nisto educar é habituar a trabalhar com afinco, é despeitar o entusiasmo pelos altos ideais, é fazer nascer em cada um
qualidades de acção, rectidão moral. Educar é, numa palavra já pronunciada, formar.
Não se aprende tudo num dia, e não se pode andar eternamente na escola. Lá fora a vida está à nossa espera. É preciso ir até ela, compenetrados desta certeza até à data ainda não passamos do prefácio do grande livro da educação. Temos que ler mais umas páginas, muitas, deste que, agora, e para nós, será pròpriamente o livro - papel impresso, do qual dizia Castilho «Que afortunado, que invejável não terá de ser o país onde, desde os palácios até às choças, todos os homem, todas as mulheres e todas