O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

22 DE NOVEMBRO DE 1967 1787

São necessários esses 2 milhões para um mínimo de ligação dos pólos de crescimento e para a própria estratégia e segurança do território.
Entendo que se devem mobilizar todos os meios para tal fim, sob o risco de se tornar ineficiente o planeamento.
Acresce ainda que da verba atribuída se destina uma parte a fazer face a compromissos já tomados com obras em curso, da ordem dos 118 000 contos em 1968 e 40 000 contos em 1969, aumentando esses compromissos para mais 41 000 contos em 1968 e 92 000 contos em ,1969, se contarmos com as estradas iniciadas em 1967.
Foi criada em boa hora, em Moçambique, a Junta Autónoma de Estradas, mas a sua acção não será possível se não lhe forem atribuídas as fontes de receita que por lei foi previsto lhe fossem consignadas.
Outro ponto a considerar é que os valores estimados para a construção de estradas terão de ser actualizados pelo menos de dois em dois anos, para prover as naturais flutuações e aumentos de custo por quilómetro.
As estradas actualmente existentes em Moçambique exprimem-se da seguinte forma:

Asfaltadas: existentes em 1960, 1034 km; construídas em 1961, 43 km, em 1962, 49 km, em 1963, 10 km, em 1964, 76 km, em 1965, 127 km. Total em 1965, 1359 km.
Em terra, definitivas: existentes em -1960, 403 km, e em 1965, 819 km.
Outras: existentes em 1960, 23 365 km, e em 1965, 24 488 km.

É esta a pobre rede das estradas de Moçambique.
Parecem-me perfeitamente pertinentes as considerações feitas no parecer da Câmara Corporativa e as recomendações sobre a política a seguir para a construção prioritária da malha fundamental rodoviária da província, sobre a qual se virá a apoiar a malha secundária e terciária.
A política prevista no Plano - ligação Sul-Norte da província (Lourenço Marques, Beira, Quelimane e Porto Amélia), o acesso aos pólos de desenvolvimento, zonas de povoamento e fins militares de defesa e segurança - está certa.
Igualmente prioritária é a malha do Norte da província, zona na qual deverão incidir, desde logo, as primeiras dotações.
Uma rede de estradas num território com as características de Moçambique, e tão mal servido de navegação de cabotagem, é condição de sobrevivência.
Todos os estudos, investimentos e iniciativas serão vãos, só não houver uma malha rodoviária praticável todo o ano.
Mais uma vez chamo a atenção do Governo e do País para esta situação e para a urgência de tornar eficaz a Junta Autónoma de Estradas de Moçambique.

Educação e investigação. - Prevê o Plano de Fomento para Moçambique 1 009 410 contos para o capítulo da educação e investigação.
É evidente que é pouco, muito pouco. Representa menos de 7 por cento da verba global estimada para esta província. Desde, porém, que se adoptou o critério de fazer chegar os benefícios da programação a todos os sectores, e não apenas aos mais prioritários, não era certamente possível maior dotação.
No entretanto, a cultura não é hoje em dia um luxo, mas sim um dos factores essenciais de acção em todos os domínios: económico, social, militar, etc. E, segundo o Prof. J. Rens, uma actividade social votada ao bem da comunidade.
A Segunda Revolução Industrial, que se insere na época que vivemos, fertiliza as técnicas pela ciência.
A atenção do Estado moderno é dominada pela tendência de dar prioridade ao capital humano sobre o capital físico. Isto significa um notável progresso em relação a anteriores tendências de mobilizar a força muscular, mais que a força intelectual, dos países em desenvolvimento.
Não há dúvida de que a mais dramática característica do subdesenvolvimento é a ausência de educação e investigação.
Os problemas da educação e do ensino situam-se, portanto, na urgência mais premente dos povos do Mundo, e por isso é geralmente aceite, sem controvérsia, que o investimento educação é o mais rentável investimento económico de um país, quer seja altamente industrializado, quer se debata na angústia da ignorância e do subdesenvolvimento.
Tal como a fome, a ignorância é das grandes, das maiores, tragédias e vergonhas do nosso tempo, desta época em que iniciámos a terceira das grandes revoluções da história da humanidade, como afirma Georges Van den Abaalen, a revolução científica.
Situando a primeira grande revolução do homem no quinto milenário antes de Cristo -a Revolução Agrária - e a segunda do século XVIII - a Revolução Industrial-, estamos em plena época de mais um grande movimento decisivo para a frente que levará a humanidade para além de si própria - a Revolução Científica.
Foi em Sumer que apareceu, há 5000 anos, a escrita pictográfica, foi no Crescente Fértil, ainda, e na Fenícia, que o espírito humano atingirá mais tarde um dos pontos mais altos, descobrindo esse instrumento ímpar de progresso intelectual, que é o alfabeto.
Vivemos agora a terceira grande revolução - a científica -, dentro da qual a educação e a investigação são expressões naturais.
Poderá parecer à primeira vista que a investigação é apanágio ou dos países ricos ou das grandes organizações económicas, ou, melhor, que a investigação só teria relevância no plano macroeconómico, e não também no microeconómico.
Não é assim. O pequeno espaço, a pequena e média empresa, não estão condenados pela Revolução Científica, antes pelo contrário. Os benefícios e o contributo de cada elemento constituinte do grande conjunto dos espaços económicos integram-se à sua medida.
E não há dúvida de que a investigação universitária e a investigação industrial terão de caminhar, não em paralelo, mas em convergência.
Disse recentemente o Prof. Georges Desbrières que, por definição, a investigação universitária diz respeito à investigação fundamental. O seu objectivo, sendo pedagógico, tende mais para o aumento do conhecimento do que para a eficácia prática.
Por definição também, a investigação industrial visa o resultado prático a partir de exigências técnicas ou comerciais: aperfeiçoar um produto, substituí-lo, melhorar um processo de fabrico com a finalidade de aumentar a produtividade ou a qualidade.
Precisamente esta aparente divergência é que aproxima as definições de Desbrières. À primeira fazem falta elementos materiais para orientar os seus esforços para o serviço da sociedade, para as necessidades vitais do homem: alimentação, saúde, alojamento, materiais diversos. Mas precisamente, em virtude dessa independência perante as limitações da segunda, rendimento, rentabilidade, realismo, habilitam a investigação universitária a fixar as opções e distinguir os verdadeiros dos falsos progressos.