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23 DE NOVEMBRO DE 1967 1807

Elvas, em 1966, limitou-se a 165 400 t e a carga transportada, grande velocidade, a 2169 t.
Em pequena velocidade verificou-se no mesmo trajecto um montante de 40 901 t de carga diversa.
A quanto subirá o tráfego num futuro próximo?
Estará a linha pronta a corresponder no momento próprio àquilo que dela se espera?
Com estrangulamentos do género daqueles que acabo de indicar, não será de admirar que muitas das melhores esperanças postas no empreendimento vão por água abaixo.
A falta de sincronismo mais uma vez nos pode levar ao fracasso.
Daqui apelo, pois, para os Srs. Ministros da Educação Nacional e das Comunicações para que, cada qual no seu sector, possam dar o contributo indispensável à solução dos problemas que acabo de expor.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. António Santos da Cunha: - Sr. Presidente: Foi-me dado, por mais de uma vez, levantar a minha pobre voz nesta Assembleia para bem alto, como é de meu timbre, dizer da necessidade da descentralização do ensino superior no nosso país e, consequentemente, da urgência em fortalecer na minha cidade um núcleo de estudos de alto nível - já notòriamente reconhecido como de indiscutível valor, dada a alta categoria dos seus mestres -, a Faculdade Pontifícia de Filosofia de Braga.
Disse aqui por mais de uma vez, e fazendo-me eco de opiniões autorizadas, que era urgente e inadiável que o ensino universitário se estendesse a outros meios que não fossem os de Lisboa, Porto e Coimbra.
Reclamava, não me cansei de o fazer, como o fizeram os Srs. Deputados Cerqueira Gomes, Urgel Horta, Mendes Correia e Cutileiro Ferreira, que fosse dado o devido relevo e as necessárias facilidades ao desempenho da missão que competia à prestigiosa instituição bracarense, amarrada de pés e mãos, com evidente prejuízo para os interesses da Igreja e de Portugal.
Na verdade, Braga tinha dentro de seus muros a Faculdade Pontifícia de Filosofia e ciosamente a guardava qual jóia preciosa de requintado valor. Cercando-a de carinho e respeito, Braga considerava-se um relicário, esperando confiadamente que a luz escondida pela injustiça ou incompreensão dos homens fosse em breve colocada no candelabro da vida pública portuguesa, com todo o seu esplendor, para iluminar as inteligências e aquecer os corações que dele pretendessem avizinhar-se.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ventos desfavoráveis sopraram na intenção de arrancar à nobre cidade dos arcebispos esse pedaço sagrado da sua alma, contra o que a velha cidade reagia. O venerando prelado da Arquidiocese, sentindo a angústia e a premência do problema, oportunamente afirmou, como em 9 de Março de 1966 aqui lembrei:

Trata-se de criar por este e por outros meios um suporte intelectual para a fé de um milhão de católicos, quantos são os habitantes desta Arquidiocese.

Toda a Arquidiocese sentiu e aplaudiu as palavras então proferidas pelo seu estimado pastor.
A situação deste Instituto Superior, honra da Igreja e da Nação, estava numa situação que podemos classificar de tolerada. Como se a tolerância neste ponto, como em outros mais, não fosse irmã gémea da mais execranda injustiça!
Portas fechadas a outros alunos que não fossem os da Companhia ... regra que só acidentalmente foi quebrada, o que não impede que hoje já subam a mais de 100 os licenciados leigos pela escola bracarense a contribuírem para a grandeza da Nação na vida civil.
Instalações muitíssimo deficientes e quase a bradar por um milagre para que pudessem emoldurar tão alto labor científico e cultural, como, aliás, era o que se desenrolava nesse pobríssimo cenário.
Milagre de persistência e boa vontade o que se realizou e nós queremos aqui agradecer a Deus e aos homens.
Empenhou-se a cidade de Braga, e com ela amigos de todas as latitudes, através das comissões protectora e promotora da Faculdade de Filosofia e Instituto Superior de Braga, a dotá-la com instalações que não desdissessem do seu extraordinário e valioso labor. Está concluída a 1.ª fase da obra e em breve se iniciará a segunda.
Sua Eminência o Senhor Cardeal-Patriarca, luminar da Igreja e das Letras, que há dias deu ao País mais uma magistral e oportuna lição, e com Sua Eminência o Venerando Episcopado Português, de há muito trabalhavam para a criação da Universidade Católica Portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esse sonho era compartilhado por todos os católicos, que amargamente deploravam não ter a Igreja em Portugal esse baluarte de defesa da cultura estruturada numa sólida formação humana e cristã.
O relógio da Providência marcava a hora H da corporização desse sonho para o ano de 1967. Hora da verdade e da justiça, da colaboração decidida, hora do espírito eclesial, com que o Concílio Vaticano II, em jorros de luz, quis inundar as almas.
Como Deputado pelo círculo de Braga, como apagado membro da comissão promotora da nossa Faculdade e membro da comissão executiva das festas comemorativas de que Braga foi cenário, jubilosamente ergo a minha voz para me congratular, com todos os bracarenses, com todos os católicos, com todos os portugueses de recta e sã intenção, pelo decreto Lusitanorum Nobilíssima Gens, de 13 de Outubro de 1967. Por tão notável como honroso documento, a Santa Sé, através da Sagrada Congregação dos Seminários e Universidades, erigiu a Faculdade de Filosofia de Braga em primeira Faculdade da Universidade Católica Portuguesa.
A Universidade Católica Portuguesa está criada, é já uma realidade viva.
O referido decreto foi emitido por autoridade apostólica de Sua Santidade o Papa Paulo VI, o pontífice actualmente reinante, a quem Portugal deve o desvelo da sua paternal visita ao Santuário de Fátima nesse memorável 13 de Maio que jamais poderemos esquecer e que sempre relembramos com os olhos marejados de lágrimas, de viva emoção inapagável.
Sua Eminência o Senhor Cardeal-Patriarca, filho insigne e honra da Arquidiocese de Braga, viu a realidade das suas nobres aspirações no ano da Fé, sinal indelével de que a primeira Faculdade da Universidade Católica Portuguesa estará para sempre ligada à cátedra de Pedro e à hierarquia. Assim o prova a legítima tradição dos seus dirigentes, os filhos de Inácio de Loiola, intrépidos soldados do Papa. É devida aqui justa palavra de agradecimento ao Senhor D. Manuel Gonçalves Cerejeira pelo cuidado que a promulgação desse memorável decreto lhe mereceu.

Vozes: - Muito bem!