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1808 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 97

O Orador: - S. Ex.ª Revmo. o Senhor Arcebispo Primaz foi designado patrono da Faculdade de Filosofia de Braga e viu assim aureolada a sua cátedra de primaz das Espanhas, com uma nova gema de extraordinário valor, e viveu com todos nós horas de júbilo, para ele bem merecidas.
Assim era devido ao carinho que a Faculdade desde os inícios sempre merecera ao seu ilustre predecessor, o Sr. D. António Bento Martins Júnior, o venerando prelado de saudosa memória que todos nós ainda choramos.
Assim era também devido à galhardia com que o Sr. D. Francisco Maria da Silva sempre defende os legítimos interesses de ordem cultural e religiosa da cidade e Arquidiocese.
Mareara-se o dia 1 do corrente Novembro, festa de Todos os Santos, para celebrar a inauguração da Faculdade como primeira instituição da Universidade Católica Portuguesa. E houve cortes gerais do pensamento a preceder a data festiva - Assembleia Internacional de Estudos Filosóficos.
Acorreram os grandes pensadores do País e muitos do estrangeiro. O tema apresentado - o homem como pessoa humana - vale, por si só, como documento de extraordinário valor, porque é testemunho sagrado do respeito que deve merecer a pessoa humana neste mundo em que a técnica absorve os seus mais elementares princípios e muitos se esquecem do respeito que lhe é devido. Lembre-se aqui, porque é de justiça fazê-lo, o célebre Congresso de Filosofia, que em Março de 1955 a Faculdade de Braga promoveu, e cujas conclusões e votos tiveram o maior reflexo entre os humanistas e filósofos de toda a parte.
De há muito a fama da nossa Faculdade atravessara fronteiras e os seus professores por mais de uma vez, como aqui já disse, representaram o País em vários certames no Mundo.
Sua Eminência o Pró-Prefeito da Sagrada Congregação dos Seminários e Universidades, cardeal D. Gabriel Maria Garrone, acompanhado por monsenhor Antonino Romeu, do departamento universitário da mesma Congregação, quis estar presente na bênção do novo edifício e no acto inaugural. A sua presença valeu como prova de apreço pela obra realizada e incitamento ao muito que há a fazer.
Presidiu o Senhor Cardeal-Patriarca de Lisboa, rodeado por numerosos bispos, que assim quiseram não só testemunhar o seu apreço pela acção da Faculdade Pontifícia de Filosofia de Braga, como dizer da esperança que justificadamente depositam no seu labor futuro.
A presença de três membros do nosso Governo - SS. Exas. os Ministros da Educação Nacional e do Ultramar e Subsecretário de Estado das Obras Públicas - emprestou ao acto especial significado e é merecedora do reconhecimento de todos os que se empenham por uma projecção cada vez maior da nova Faculdade. Espera-se que o Governo continue, como o fez através dos Ministérios das Obras Públicas e do Ultramar, a prestar auxílio ao plano de obras.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Também é de desejar que sejam tiradas todas as consequências da aprovação que, através da Direcção-Geral do Ensino Superior e das Belas-Artes e da Inspecção Superior do Ensino Particular - homologado por S. Ex.ª o Ministro - o Ministério da Educação Nacional deu à nova Escola, que, como se diz na memória que acompanhou o programa, quer para regular a sua frequência normas mais rigorosas e selectivas do que favorecedoras de frequência numerosa.
Seja-me lícito dirigir uma palavra de agradecimento à Fundação de Calouste Gulbenkian - a quem Braga deve inestimáveis serviços, basta lembrar a Escola de Enfermagem de Calouste Gulbenkian e a iniciativa já em marcha da construção do edifício para o Conservatório Regional de Música, que também já compartilhou na construção do novo edifício universitário.

O Sr. Pinto de Mesquita: - V. Ex.ª dá-me licença para uma observação.

O Orador: - Com certeza.

O Sr. Pinto de Mesquita: - Às benemerências que Braga deve à Fundação Gulbenkian há a acrescentar as que lhe deve Guimarães, particularmente corporizadas na transformação das instalações da prestigiosa Sociedade Martins Sarmento. Perdoe-me V. Ex.ª esta achega, que creio vem a propósito por Guimarães fazer parte do distrito de Braga.

O Orador: - Muito agradeço a V. Ex.ª a feliz intervenção, que tem todo o cabimento.

O Sr. António Cruz: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça obséquio.

O Sr. António Cruz: - Peço licença para juntar aos agradecimentos formulados por V. Ex.ª aqueles que lhe são devidos, como grande impulsionador do movimento que culminou com a criação, em Braga, da Faculdade de Filosofia da nossa Universidade Católica, e também devidos ao Sr. Comendador António Nogueira da Silva, grande benemérito da instituição, quanto o é da própria cidade de Braga.
Porque V. Ex.ª aludiu às tradições de Braga, pelo que diz respeito a estudos superiores, peço licença para lembrar que no Mosteiro de Jeronimiano da Costa, em Guimarães, funcionou, no século XVI, uma verdadeira Faculdade universitária, apta a conferir graus.

O Orador: - Agradeço a V. Ex.ª a feliz intervenção, que foi grata ao meu coração. Primeiro, porque sou Deputado pelo círculo e, depois, porque Guimarães é a terra de todos nós, por ter lugar especial no meu coração.
É necessário que em breve se complete o edifício e que, em paralelo com a construção material, se dê, como se projecta, maior desenvolvimento dos estudos.
Bem o merece a Companhia de Jesus, que, através dos tempos e no meio das maiores vicissitudes, tem dado sempre o melhor do seu esforço à causa da educação e cultura do nosso país. O corpo docente da Faculdade de Filosofia é tão selecto e douto que nada mais seria preciso para acreditar o futuro de uma instituição.
Ao seu Magnífico Reitor, o P.e Doutor José do Patrocínio Bacelar e Oliveira, todos os encómios são devidos pela sua dinâmica e inteligente actuação. Um grande homem ao serviço de um grande ideal. Um servidor inigualável da Universidade Católica Portuguesa dentro do espírito comunitário e federativo que hoje a anima e há-de fazer dela uma instituição válida ao serviço da Igreja e da Pátria.
Creio que todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, se empenharam na construção da hora alta que o País viveu bem merecem o reconhecimento dos homens de boa vontade.