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1838 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 93

Ao ler-se, na imprensa, esse plano de trabalhos da C. p, encontra-se, além do caso de Lisboa propriamente dito, a instalação do caminho de ferro para a margem sul do Tejo, através da ponte, e depois uma rede completa em toda a zona que fica entre aquela margem e Setúbal.

Tudo isto contribuirá para que denta em breve o parque, industrial do Pais se encontre instalado à volta de Lisboa.

Dentro da política de desenvolvimento regional, o distrito de Coimbra tem potencialidades enormes, que, aproveitadas, serão decisivas no crescimento económico do Centro.

Não deixa de ser preocupante, ao tornar-se conhecimento dos números que o recenseamento da população vai formando, verificai: a forte diminuição que se deu em quase todos os concelhos da província, a que não fez excepção o distrito de Coimbra.

E esta verdadeira torrente poder-se-ia ter atenuado neste distrito se tivessem sido aproveitadas as possibilidades da região, promovida na execução de infra-estruturas básicas e orientada por uma política de incentivos cie ordem vária a localização de determinadas indústrias.

Eu creio - que não podem existia: dúvidas algumas nu espírito de quem se tenha- debruçado sobre os problemas de desenvolvimento económico do Centro de que existem dois pólos fundamentais para a aceleração da sua promoção. São eles: a Universidade, virada para o exterior e apoiando, pêlos seus laboratórios, pela investigação, por um corpo docente altamente científico, as indústrias - mesmo os mais especializadas -, além da preparação, que pode fazer, de técnicos de que as actividades industriais tanto necessitam; o porto da Figueira da Foz, indiscutivelmente o pólo de maior potencialidade e de maior repercussão em toda a zona. Ainda recentemente aqui trouxe ao conhecimento desta Câmara a evolução do seu trafego comercial, que cresceu a um ritmo não verificado em qualquer outro porto comercial.

[Ver tabela na imagem]
Anos
Toneladas
Aumento em relação ao ano anterior Percentagens

Mas, se estes números já são significativos, eles tomariam uma expressão totalmente diferente se o porto já dispusesse das infra-estruturas mínimos que pudessem comportar todo o movimento de mercadorias que pretende utilizá-lo.

Deve referir-se que em toda a zona Centro os sectores ligados à indústria vêem no porto da Figueira da Foz a solução para a expansão dos suas actividades e ansiosamente aguardam a possibilidade de o poderem utilizar sem restrições. E tantas são elas, a começar pela indústria de celulose, que já em 1970 exportou por ele 85 000 t; a indústria de madeiras - serradas, toros e postes telefónicos; a indústria de resinas, que já por ali exporta grande quantidade de aguarrás (mais não exporta; como desejaria, por falta de cais); a indústria de cerâmica vermelha e de refractárias do distrito de Leiria, que só poderá expandir, a exportação quando o puder fazer através do porto da Figueira da Foz; caulinos; a exportação de diversos minérios; vinho; etc.

As suas ligações directas cora Leiria e com todo o interior das Beiras, quer através de estradas, quer de caminho de ferro, tornam-no, sem dúvida,, o porto natural dessas zonas e, ao mesmo tempo, um pólo dê atracção de actividade de vários sectores.

As obras em curso permitirão a ampliação da capacidade de utilização do porto, mas, dada a pressão do seu hinterland, prevê-se que dentro de pouco tempo -dois anos, se tanto ele esteja colmatado.

O investimento que a fase seguinte exige pode ser grande, mas o progresso da região exige que não se protelem as obras.

As forcas vivas do distrito agradeceram ao Sr. Presidente do Conselho os melhoramentos em curso e saíram do seu gabinete cheios de entusiasmo e confiança no futuro do porto.

A existência de uma rede de esteadas que sirva o Centro é também indispensável.

Assim:

A renovação da estrada de Viseu a Coimbra;
A renovação da estrada Figueira- Leiria, já bastante melhorada, é certo, mas sem oferecer as condições exigíveis para o trânsito que a utiliza;
A construção de uma estirada que ligue à Cova da Beira, Covilha a Coimbra e à Figueira, permitindo - lhes a utilização fácil do porto da Figueira da Foz; estradas esta já iniciada e, segundo cremos, já determinado pelo respectivo Ministério o estudo do projecto do troço restante. Esta estrada tem uma grande importância para o desenvolvimento da economia daquela zona;

A renovação da estrada de Vilar Formoso a Coimbra, que constitui, no estado em que se encontra, um triste contraste com as estradas percorridas pêlos milhares de turistas que da Europa vêm a Portugal.

Uma boa estrada que ligue Viseu a Coimbra e à Figueira é indispensável para o desenvolvimento desta zona do interior, permitindo a saída fácil dos seus produtos, principalmente a exploração das suas ricas reservas de minérios.

Enfim, o estudo e execução de uma rede de estradas conveniente constitui uma das infra-estruturas importantes para o desenvolvimento do Centro do Pais.

O equilíbrio regional, objectivo a atingir, necessita assim de uma acção poderosa e coordenada do Governo, porá corrigir tendências de concentração, como é o caso de Lisboa, e para que se dê um grande impulso na «industrialização descentralizada», como se afirma no parecer.

E um último ponto quero ainda abordar - a balança comercial.

A balança comercial em'1969 acusou um déficit de 12 736 700 contos, muito superior ao verificado em 1968, que foi de 11 941 000 contos. Na última década, este saldo negativo tem sido progressivo, tendo-se agravado em -1970.

Esta situação resulta de não ter sido possível equilibrar as importações com as exportações. Enquanto as importações montaram a 37 262 000 contos, as exportações foram de 24 526 000 contos, tendo as exportações tido um aumento em relação a 1968 de 2 610 000 contos e os importações um aumento de 3 404 000 contos.

A importação de produtos alimentares atingiu a cifra de 5 096 000 contos, sendo o maior valor dos últimos quatro anos.