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4478 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 119

mínio, conhecimento de poucos, de alguns eleitos ou que a si mesmos se haviam elegido.
E se desde sempre a arte subentendeu aspectos económicos, meios financeiros ou políticos: "os Médicis, os papas, os reis de Espanha ou da França, legaram-nos imperecíveis obras-primas porque estavam em condições de suscitar vocações e de manter os savoir-faire artísticos em famílias inteiras, durante gerações", o certo é que, em nossos dias, não parece ser menor o papel dos factores económicos na criação, e, sobretudo, na divulgação das obras de arte ou literárias: "o cineasta depende de um grupo de accionistas", os artistas teatrais dos prestamistas ou adiantadores de capital na fase de ensaio, "o músico, de uma casa de discos, o pintor, de um negociante de quadros", o escritor... do seu editor.
Ainda mesmo quando não seja totalmente assim.
Mas não será a arte, as suas manifestações artísticas ou literárias, que nos irá ocupar nesta visão, neste ângulo pretendido da análise da política de informação em Portugal.
Serão, sim, algumas comezinhas relações que pretendemos estabelecer entre os meios de comunicação social e a vida económica nos tempos modernos.
Sr. Presidente: Já em anterior intervenção (Diário das Sessões, n.° 129, de 28 de Julho de 1971) procurámos aqui trazer algumas observações e comentários acerca das relações existentes entre actividades económicas e informação - a propósito da lei da imprensa.
Será agora na óptica inversa, a das relações ou incidências da informação na actividade económica geral, que nos queremos situar.
Torna-se difícil hoje em dia conceber a existência de vida económica sem informação - ou com informação tão rara e fragmentária que praticamente não desempenhasse papel algum na orientação dos mercados, na criação da actividade produtiva, na economia das nações.
Em tal sociedade, os indivíduos, ignorando-se mutuamente e agindo em plena liberdade, independentemente uns dos outros, limitar-se-iam a reagir quase mecanicamente às necessidades ou aspirações individuais e aos estímulos estético-utilitaristas e económicos: níveis de preços e de quantidades, fluxos e stocks.
São - ou podem ser - muito discutíveis as vantagens de um tal sistema, se porventura existisse, de uma economia funcionando assim um pouco às cegas, desarticulada, tal como o tráfego aéreo no meio do mais denso nevoeiro, na ausência de radar ou de outro qualquer meio de orientação...
Mas tal sistema não existe nas sociedades reais, muito menos nas modernas ou que para tal tendem: os sujeitos económicos não estão isolados, organicamente desorganizados, antes manifestam comportamentos gregários que de algum modo alteram a suposta ordem espontânea dessas economias teoricamente livres e desses actos ou comportamentos pretensamente individuais.
O homem é ser social - mesmo aqueles a quem a vida, isto é, outros homens levaram a ser um pouco associais. Sendo assim, não admira que o meio envolvente de algum modo condicione as suas atitudes e comportamentos, os seus actos e realizações, o seu pensamento, as suas motivações.
Entre os meios que influem ou condicionam a vida social, e, consequentemente, a económica também, encontra-se a educação e, em sua forma menor, a informação.
A informação encontra-se difundida e presente por quase toda a parte e sempre é multiforme e imensa - o que não quer dizer que não pudesse ser maior. Desempenha, assim, um papel essencial no crescimento económico e no progresso social, bem mais importante, aliás, que o seu contributo para o produto (produto interno bruto) ou para o emprego de mão-de-obra e intelecto nacionais.
Afirma-se, pois, como um catalisador essencial, um dos factores-chave do processo de crescimento e valorização das nações.
Mas a informação - no sentido em que a definimos - não é perfeita, no sentido de que tudo sabe e pode antecipar juízos, acontecimentos. Se assim acontecesse, o futuro tornar-se-ia presente e, por consequência, conhecido. E isso não é atributo do humano.
Há, pois, que contar com o desconhecido, tal como aos navegadores dos tempos das descobertas se oferecia o mar das aventuras. Há que contar com a insuficiência ou imperfeição do conhecimento, que não se revela ex ante, mas a posteriori.
Tal não impede, porém, que se reconheça a extraordinária, a inultrapassável importância da previsão, da possibilidade de antecipar - com toda a margem de erro que comporta - juízos, ideias, acontecimentos, factos... Da investigação prospectiva, em suma.
A informação previsional ajuda a preparar, a construir o futuro.
Não basta, também, por outro lado, obter informações: a informação "bruta", a "nova" destacada do seu contexto, o "dado" isolado, são frequentemente inutilizáveis ou ininseríveis no conjunto e sua interpretação. Torna-se necessário recolher, tratar, interpretar, classificar, ordenar, armazenar as informações, as fontes documentais. Aí surge a ciência auxiliar da documentação que deveria ser inserida mais profundamente nos diversos ramos do saber, do conhecimento, da formação, da informação.
A nossa época caracteriza-se pela sobredocumentação. A sobredocumentação conduz frequentemente à subinformação. Problema civilizacional, que mais vem fazer salientar o valor dessa ciência auxiliar da investigação, da educação, da informação.
O documentalista não será útil ao utilizador se não estiver ao corrente das suas necessidades e aspirações, da curiosidade do seu espírito, e não for capaz de comunicar intelectualmente com ele - o que de algum modo supõe uma educação comum. Ou, pelo menos, um conhecimento rudimentar das matérias respectivas.
Mas não são apenas os meios de comunicação social que têm necessidade de informação, de informações.
A própria actividade económica, as empresas, têm necessidade dela para iluminar as suas decisões, para decidir do seu futuro. Para agir em conformidade com as decisões que as transcendem.
Torna-se necessário estar informado do que se passa no exterior, do que vai pelo Mundo: nas suas fontes de aprovisionamento, no seu ramo de actividade, na