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4638 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 229

O Orador: - Rampas de inclinação excessiva, curvas de raio inconveniente, concordâncias impróprias, faixas de rodagem e passeios de largura reduzida, pavimentos deficientes impõem a urgência de uma conveniente ligação rodoviária entre Coimbra e Vilar Formoso, pela qual circulará, além do mais, o tráfego internacional que utilize a fronteira de Vilar Formoso e o nó de Coimbra da auto-estrada do Norte.
Figueira da Foz, Coimbra e Vilar Formoso são assim pontos obrigatórios de uma estrada de boas características técnicas, indispensável ao desenvolvimento da Região Centro. Essa estrada, que necessariamente se interligará em Coimbra com a auto-estrada do Norte sem utilizar os armamentos da cidade, será ainda um eficiente factor de melhoria das actuais condições de circulação urbana de Coimbra, que bem se podem apreciar pelo tráfego médio diário de veículos motorizados que a contagem de 1970 apresentou. Na estrada nacional n.° 1 contaram-se 15 866 e 16 732 veículos a norte e a sul de Coimbra, respectivamente. Na estrada nacional n.° 111, à saída para a Figueira da Foz, e na estrada da Beira, em S. José, os valores atingiram 4357 e 5262, respectivamente.
A auto-estrada do Norte e a ligação Figueira da Foz-Celorico da Beira, interligadas em Coimbra e com traçados que possibilitem a expansão da cidade e uma conveniente coordenação com a rede urbana, são meios indispensáveis para a solução do grave problema do trânsito na baixa de Coimbra, que actualmente se mistura, principalmente, com o tráfego da estrada Lisboa-Porto.
Coimbra beneficiará muito, sob o ponto de vista urbanístico, com a auto-estrada e a ligação rodoviária
Figueira da Foz-Vilar Formoso a desenvolverem-se ao longo das suas futuras fronteiras e a interligarem-se nas suas vizinhanças.
Mas para além destes benefícios de natureza urbanística, estarão muitos outros perfeitamente legítimos a repartirem-se por Coimbra e por toda a sua região e a contribuírem decisivamente para o seu desenvolvimento económico.
É por isso que Coimbra e o seu distrito contam a ligação rodoviária Figueira da Foz-Coimbra-Vilar Formoso entre as suas justas aspirações e para ela pedem a solução conveniente.
É por isso que o Governo não deixará de dar, com urgência, a merecida resposta para este importante problema de Coimbra.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Nicolau Martins Nunes: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Uma das razões que nos levaram a pedir a palavra no passado dia 7 do corrente mês, era a necessidade que tínhamos de fazer algumas considerações acerca de um artigo publicado no jornal A Voz da Guiné, único órgão da imprensa diária local, que, felizmente, tem vindo a cumprir, com dignidade e à medida das possibilidades, a sua missão de informar e esclarecer a opinião pública.
O artigo em causa, de interesse, não tanto pela novidade como pela oportunidade da matéria abordada, é da autoria de um jornalista norte-americano e vem inserto no n.° 120, de 25 de Novembro último, do citado jornal.
Publicado sob o título "Nações Unidas: Missão Invisível", nele se fala do tão discutido, mas ainda actual caso da suposta visita de uma missão da O. N. U. aos territórios, ditos "libertados", da Guiné Portuguesa.
Sem dúvida que o artigo é "de fazer meditar e sorrir", conforme comenta o jornal; meditar nas verdades reveladas pela pena de escritor de um país cuja opinião pública teria necessariamente de sofrer os efeitos da proximidade do Palácio de Vidro, onde se laboram ficções e se operam distorções dos factos e acontecimentos da África, em especial das províncias africanas de Portugal; e sorrir da maneira jocosa como foi feita a apresentação do assunto.
Porém, quanto a nós e pelo papel que desempenhamos nesta Câmara, o assunto merece ainda mais: merece e exige uma análise atenta e um esclarecimento objectivo, que é o que pretendemos fazer, através desta intervenção.
Com efeito, o autor do artigo começou por considerar a missão de "mais uma hipocrisia das Nações Unidas" e, depois de breves considerações acerca da guerra na Guiné, que classificou como sendo "de pouca importância", compara os elementos do grupo onusino a três escuteiros lobitos que regressam a casa depois da sua primeira patrulha nocturna; classificou de "burlesco" o relatório, que - disse - "não revela a mínima parcela de neutralidade objectiva"; admite depois - como nós há um ano - que os guerrilheiros "conduziram, numa alegre galopada através de alguns quilómetros quadrados de mata fronteiriça, os seus hóspedes, esbugalhados e esfalfados", convencendo-os de que "estavam a inspeccionar áreas libertadas sob contrôle da guerrilha", e acrescenta ser "evidente que as áreas não estão libertadas em qualquer sentido que se dê a esta palavra", uma vez que "os lobitos", conclui, "viajaram de noite, e durante o dia esconderam-se com os seus condutores".
Esta foi a opinião do jornalista, com a qual estamos de acordo, excepto no que se refere à importância que atribui à guerra na Guiné.
Para nós, na Guiné está a jogar-se não apenas o destino de uns escassos quilómetros quadrados de mata africana, como pretende o articulista, mas o futuro de uns milhões de homens, que constituem os povos livres do Ocidente.
É evidente - e, felizmente, muitos já o reconheceram - que a queda do mundo livre seria inevitável depois da vitória comunista na luta que se trava no ultramar português, em que a Guiné, e logo a seguir Cabo Verde, são os alvos imediatos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Teríamos terminado aqui o nosso comentário se o artigo não trouxesse ainda outras afirmações com as quais estamos em absoluto desacordo, por não corresponderem à realidade.
Efectivamente, nele se lê, por exemplo, que "parece não ser errado pensar-se que a maior parte dos nativos se mantêm indiferentes à causa"; que "conceitos tais como os da liberdade, nacionalismo e auto-determinação são tão informes como a lama no rio, para essa maioria, ã qual será também indiferente quem governa ou como governa.
Afirmações como estas não podemos deixar de denunciá-las como absurdas, totalmente erradas e,