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4674 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 231

aplaudir porque temos de reconhecer que indiscutivelmente é mais fácil e mais rápido polarizar do que criar. E para nós, neste momento, os minutos podem valer séculos.
Há outras formas, sem dúvida, de do pequeno fazer o grande. Na metalurgia, temos larga experiência dos diferentes métodos de o conseguir. Ou por fusão - e então quem poderá reconhecer na grande e rígida peça fundida as pequenas limalhas que se derreteram? - ou por compressão, esta sempre feita em poderosas prensas que tudo esmagam.
Para a matéria inerte, qualquer destes dois métodos poderá constituir a melhor maneira de fazer. Para os homens - e as empresas são feitas por homens, de homens e para homens -, para os homens, eu creio que não, que não é a melhor maneira de fazer. Mais ainda, diria, para os Portugueses.
Nunca foi de bom grado que, fosse por que motivo fosse e fosse em que campo fosse, deixámos perder a nossa própria personalidade para nos fundirmos num todo, por muito próspero e muito brilhante que no-lo ofeceressem, mas em que sentíamos nos iriam matar, pelo menos tal qual temos sido. Se não fôssemos assim, certamente que há muito tempo já teríamos deixado de ser o que, graças a Deus, ainda somos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mais uma virtude da proposta que temos em apreço: estabelecer uma fórmula que permita evitar o desumano e as dificuldades de fusões abruptas que tantas vezes se impõem ao arrepio de quantos as têm que sofrer.
Por vezes, as fusões serão necessárias? Não o negarei, certamente; mas não poderão os agrupamentos que agora se visam constituir a mais humana e mais assimptótica maneira de virem a conseguir-se muito úteis fusões? O tempo tudo ensina, e quem sabe se as ligações condicionadas que agora se estabelecem não virão em muitos casos a transformar-se na integração total que se revele desejável.
Não há dúvida de que os tempos mudaram mais depressa do que muitos de nós conseguimos mudar. Os homens estão agora muito mais perto uns dos outros, e hoje, não deixando de ser o que nos orgulhamos de ser, temos que ser muito mais o que os outros são. Senão não seremos no nosso Mundo, e é nele que temos de viver. Embora reconheçamos que, para nós, o processo foi demasiado rápido no brusco encurtamento, no tempo, da distância que nos separava da Europa.
Por isso, é compreensível que empresas que nasceram, cresceram e viveram num mercado circunscrito e fechado, à sombra de protecções que as defendiam de tudo e de todos, se não tenham apercebido, em tempo oportuno e até ao fim, de modificações profundas acontecidas a distância que se tinham habituado a considerar longínqua e defensora. Os avisos foram sem dúvida repetidos e prementes, mas enquanto não sofre, ninguém se considera doente. Talvez por isso não seja difícil adivinhar que muitas empresas portuguesas não estarão ainda preparadas para aceitar os agrupamentos, que, no entanto, bem úteis lhes seriam.
Prometem-nos, agora, ou melhor, vêm-nos prometendo desde o Acordo de Estocolmo, mercados maiores, à dimensão da Europa em que vivemos. Mas mercados maiores só nos servem na medida em que os soubermos e pudermos conquistar. Mercados maiores exigem produções maiores, produções que a maior parte das nossas unidades industriais não pode pretender. Exigem especialização que se não coaduna com os fabricos variados que cada uma das nossas fábricas tem. Exigem qualidade, boa e sempre igual, que unicamente por especialização e apertado contrôle se pode conseguir e manter.

O Sr. Salazar Leite: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Salazar Leite: - Referiu-se V. Exa., Sr. Deputado, à necessidade absoluta que temos, talvez com mais premência do que o aumento das dimensões da empresa, da conquista de novos mercados.
Ao ouvir essa referência, não podia deixar de fazer também uma referência a uma organização ou entidade, à qual muito se deve, e cada vez mais, na possibilidade da conquista dos novos mercados, que temos absoluta necessidade de conquistar se quisermos diminuir o enorme fosso que nos separa das economias mais evoluídas da Europa.
Refiro-me ao Fundo de Fomento da Exportação.
A atitude que tem assumido o Fundo de Fomento da Exportação em toda a sua actividade demonstra que existe da parte daqueles que o orientam a agressividade necessária que nos levará a conquistar novos mercados, sem o que não podemos, de modo algum, conceber o desenvolvimento industrial que aspiramos para o nosso país.
A experiência que agora se faz, através da lei em discussão, experiência que creio poderá resultar, nunca deixando de ter em vista que as pequenas e médias empresas são tão necessárias para o País como as grandes, uma vez que são como que o complemento do trabalho dessas grandes empresas. Não tendo, de modo algum, necessidade de pôr este ponto de parte, quero crer, e o documento em causa não vem mais do que confirmar aquilo que estava sendo apregoado pelo Fundo de Fomento da Exportação de há um tempo a esta parte.
Sabe V. Exa. com certeza muito bem que, há relativamente pouco tempo, no dia 10 de Fevereiro corrente, foi criada por portaria a possibilidade dos contratos de desenvolvimento para a exportação.
Isto deve-se à acção do Fundo de Fomento de Exportação. Estes contratos para a exportação vão dar às empresas, que deles possam vir a beneficiar, enormes possibilidades de se lançarem em mercados que até aqui nos têm sido vedados. Eu, confesso, espero extraordinários benefícios da aceitação por parte dos industriais desta facilidade que o Governo agora põe nas suas mãos e que permitirá, recebendo grandes benefícios, conseguir para o País os mercados necessários; e, mais ainda, consegui-los sem um grande esforço da entidade privada.
V. Exa., nas referências que fez, assim como o orador que o precedeu puseram bastante ênfase na acção do Estado na orientação das empresas. Devo dizer-lhe que espero essa acção se venha a intensificar cada vez mais.
Só os elementos que estão à disposição das entidades oficiais podem permitir que se oriente o nosso