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28 DE FEVEREIRO DE 1973 4667

deverão juntar cerca de 200 000 passageiros em trânsito, por via marítima, podendo considerar-se metade como turistas, com um a dois dias de permanência, movimentando, principalmente, o comércio tradicional do artesanato.
Não obstante o entusiasmo que tais números podem justificar, dificuldades não suficientemente esclarecidas oferecem-se à meditação de quem se sente atraído pela coisa pública, preocupando quantos receiam as consequências de um crescimento acéfalo do turismo, sem a indispensável contrapartida na restante actividade económica e social.
Para melhor se compreender o significado destas palavras, haverá que informar a Câmara do encerramento da actividade da cadeia internacional Hilton, na Madeira, onde explorava uma das mais modernas e categorizadas unidades hoteleiras, construída já em pleno boom turístico.
Razões de vária ordem estarão na base do referido desfecho inglório, identificado com eventuais prejuízos de exploração, a traduzir, de qualquer modo, atitude oportunista de quem, só pretensamente interessado em promover a ilha e o consequente bem-estar da sua gente, revela sobretudo a intenção de explorar, sem mais delongas, em termos exclusivamente comerciais, as suas virtualidades.
Não falta, porém, quem associe o facto a vicissitudes que decorrem da política dos transportes e até das limitações do aeroporto, incapaz de corresponder às exigências da exploração turística, para que a Madeira se estrutura, mas - convém salientar - ainda não atingiu.
Em meados de Janeiro, acompanhados do governador do distrito autónomo, representantes da hotelaria madeirense foram recebidos pelos Secretários de Estado das Comunicações e Transportes e da Informação e Turismo, fazendo sentir as suas apreensões quanto ao futuro do turismo na região, face aos actuais condicionalismos. Conforme se divulgou na oportunidade, teriam afirmado o propósito de se responsabilizarem pelo financiamento dos estudos atinentes ao prolongamento da pista de Santa Catarina, insistindo na necessidade da imediata liberalização da política dos transportes aéreos para o arquipélago.
Eis-nos, assim, em presença de um problema que bem pode ser hierarquizado entre os de interesse imediato para a Madeira.
Como facilmente se conclui, evidencia-se uma das inevitáveis consequências do acentuado desfasamento entre os sectores público e privado, na actividade que vêm promovendo no distrito, com flagrante prejuízo para a sua população, até aqui pouco beneficiada com o turismo, antes sacrificada no jogo das prioridades e dos interesses em disputa.
São, na verdade, incontáveis os prejuízos suportados pela população, desde o constante agravamento do custo de vida, sem que acréscimos aos vencimentos a compensem, pois as estruturas da produção não acompanham o ritmo da procura, circunstância agravada logicamente pelo fraco poder de compra da generalidade dos madeirenses, cuja capitação média é inferior a 10 000$.
Problemas imediatos são também os relacionados com os portos do arquipélago, com o abastecimento de água potável da população do Funchal e dos meios rurais, com a construção de estradas nacionais e cadinhos municipais, bem como a aceleração das beneficiações em curso, acabando-se com a falta de ligações existente em várias localidades e criando artérias para o escoamento da produção de grande parte das explorações agrícolas ainda sobreviventes ao êxodo que mata os nossos campos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E fiquemo-nos por aqui, pois seria fastidioso enumerar toda a série de problemas merecedores de figurarem numa agenda epigrafada de urgente.
Entretanto, acaba de ser anunciada a construção, em Porto Santo, de um complexo turístico, orçado em 150 000 contos, dispondo de 223 quartos em hotel e de outros 108 em três blocos de apartamentos, ficando apetrechado com instalações para a prática de diversas modalidades desportivas e com uma estação dessalinizadora de água do mar.
Diversas vezes focadas as suas necessidades nesta Câmara, desfrutando de público interesse de governantes esclarecidos, alvo de cobiçosas palavras de financeiros e economistas, a verdade é que Porto Santo continua a aguardar a realização de obras imprescindíveis ao seu desenvolvimento.
Reunindo extraordinárias condições para o turismo, a ilha do Porto Santo pode atingir, na opinião dos responsáveis, uma capacidade entre 10 000 e 20 000 camas, estruturando-se sobre uma plano de urbanização, que se afirma deverá estar concluído em Junho próximo, incluindo-se, entre as obras a construir pelo Estado, precisamente o porto de abrigo, sem o qual não pode pensar-se, em termos objectivos, no aproveitamento integral das suas potencialidades, que importa planear em moldes de ser usufruído pela totalidade da população, ao invés do que vem acontecendo na Madeira. População que paga ainda maior tributo ao isolamento, sofrendo, em especial na época de Inverno, as consequências das mais desfavoráveis condições de vida, por falta de comunicações regulares, que ao menos assegurem o abastecimento de bens essenciais.
A título de exemplo, cite-se o que se passa no sector da assistência médica, há dias aqui apresentado também em termos preocupantes, no que respeita a algumas ilhas dos Açores. Pois Porto Santo, com os seus 4000 habitantes, está igualmente à mercê da Providência, visto que o seu único médico se encontra, ele próprio, hospitalizado. E, para se poder ajuizar dos magros recursos económicos da grande maioria da população da ilha, salienta-se que 95 por cento das pessoas que se deslocam ao Funchal para consulta médica fazem-no a expensas da respectiva edilidade, cujas receitas são necessariamente reduzidas.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Nem só as grandes obras impõem os governos à consideração dos povos. A intensa actividade do Governo do Presidente Marcelo Caetano apresenta-nos, ao lado de vultosas realizações em curso ou projectadas para execução a curto prazo, um conjunto de medidas que, parecendo embora de limitado alcance, suscitam o nosso sincero regozijo, pois vão directamente de encontro à satisfação de prementes necessidades detectadas.

Vozes: - Muito bem! Muito bem!