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4758 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 236

O Orador: - Agradeço, embora me pareça que se trata de uma matéria ainda não suficientemente esclarecida.
Aguardemos, pois, as conclusões finais.
Agrupamentos que se deveriam, aliás, tornar extensivos a muitas outras regiões e até produtos.
Lembrar quero, ainda, aos responsáveis pelos destinos da agricultura nacional que mais vinhos e regiões vitivinícolas nacionais bem merecem estatuto especial, demarcação regional, definição de marca de origem e equivalente esforço de promoção nesta hora de abertura de fronteiras ao comércio internacional. Mas reservar-nos-emos para quando a esta Assembleia vier, como parece convir, o proposto regime de condicionamento de plantio da vinha, que se pretende renovar.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: vamos passar à

Ordem do dia

Continuação do debate do aviso prévio sobre a toxicomania. Tem a palavra a Sr.a Deputada D. Sinclética Torres.

A Sra. D. Sinclética Torres: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Porque todos sabemos que a toxicomania é um dos grandes problemas que afligem o mundo civilizado, é com satisfação que felicito o ilustre colega Dr. Delfino Ribeiro, não só pelo seu oportuníssimo aviso, mas também pela preciosa e completa exposição que fez à Câmara acerca de drogas e estupefacientes.
A minha modesta colaboração neste debate limitar-se-á a informar a Câmara até que ponto vão os malefícios do uso indiscriminado da droga no Estado de Angola, terminando com algumas sugestões que julgo terem algum interesse para as pessoas e entidades a quem este assunto diga respeito.
De norte a sul de Angola cultiva-se com facilidade e com extrema ajuda da natureza a liamba e a cola, conhecidas cientificamente por Cannabis sativa e Cola acuminadi, respectivamente, sendo as regiões mais activas no consumo ilícito da droga, por ordem decrescente, Luanda, Malanje, Benguela e Lobito.
Tanto a liamba ou marijuana como a cola são utilizadas pelos nativos tradicionalmente desde sempre; entretanto, de há uns anos para cá, a marijuana passou a ser largamente consumida sob a forma de cigarro por uma população civilizada, quer de etnia africana, quer de etnia europeia.
Começando pelos tradicionais nativos, há tribos que muito novas se iniciam no hábito de fumar liamba tanto homens como mulheres e crianças, não sendo raro encontrar estas últimas em idades compreendidas entre os 5 e 7 anos; noutras é vedado fumar às mulheres e às crianças, só sendo permitido a homens casados; noutras só é permitido a velhos; em algumas não é permitido o fumo e, finalmente, há tribos que preferem o rapé feito com tabaco moído e certas plantas à mistura que depois são reduzidas a pó.
Normalmente, segundo uma descrição de Capelo Ivens, os velhos que fumam são profissionais. Utilizam um instrumento típico conhecido pelo nome de mutopa, uma espécie de cachimbo com um reservatório de água por onde passa o fumo antes de este chegar à boca.
O fumo, ao passar pela água provoca ruídos, e os fumadores riem e falam muito eufóricos pela acção perturbadora do cânhamo.
Estes velhos já não trabalham e esta autorização da sua tribo é uma espécie de compensação do desgaste de energias.
Os fumadores profissionais conhecem os limites do uso da liamba e costumam curar as perturbações causadas por esta ou pelo tabaco introduzindo nas narinas algumas raspas de fragmentos de raízes secas de uma acácia mimosóide.
Mas, de qualquer forma, no dizer do etnógrafo Mário Milheiros, o vício do fumo nos indígenas não está entranhado como nos fumadores civilizados, podendo passar horas e até dias sem fumar.
A cola ou, mais vulgarmente conhecida, a noz de cola é a raiz de uma planta que pertence à família das esterculiáceas, rica em alcalóides, nomeadamente a teobromina e outros.
Esta droga é bastante conhecida pelas suas energias vitais.
"Consiste a dádiva mais mimosa conforme as significações aderentes ao uso da oferta. De todas as frutas é, por assim dizer, o ídolo que atrai geralmente a estimação de todo o povo.", segundo o historiador A. Correia da Silva, que mais adiante nos diz:

[...] para os presentes de cola as Angolistas, inventando as dobras triangulares de um lenço no centro do qual metem a cola ou qualquer outro mimo de pequeno volume, e assim fazendo vezes de bandeja, o conduzem as escravas, a quem vai dirigido sem o esconder aos olhos populares.

E procurando explicar o significado da cola, acrescenta:

A que é ofertada inteira significa afecto, amizade ou princípio lícito de afeição.
A que leva menos um bocado na parte superior da fruta demonstra amor novo, que espera correspondência para se declarar.
Se a cola vai acompanhada de muitos bocadinhos tirados da mesma fruta, exprime sensível saudade, etc.

E com certa dose de bom humor, o historiador termina:

[...] e desta sorte sem sofrer o martírio do alfabeto literário; juntar sílabas, soletrar nomes, nem pintar os caracteres em papel; conservar os aprestos de escrever e gastar tempo em explicações elegantes os seus amores; é talvez a mais decisiva linguagem.

Não há europeu, americano ou asiático que deixe de se acostumar a comer cola se não desiste das suas pretensões. O abecedário é inteligível e fácil a todas as nações.
Juntamente com a cola, o nativo (mais a nativa) come o gengibre.
Dois pedacinhos de cada um deles, acompanhados de um ou dois golos de uma bebida doce, constituem aquilo a que o Europeu chama aperitivo, mas que para eles tem a dupla vantagem de constituir um aperitivo e um estimulante de forças; permitindo-lhe, assim, trabalhar toda a manhã sem que o organismo sinta fome ou cansaço, antes predispondo-o para uma