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15 DE MARÇO DE 1973 4759

suculenta refeição, lá para o meio da tarde, tipicamente regional!
É um hábito ainda hoje utilizado por lavadeiras, quitandeiras e, de uma maneira geral, classes trabalhadoras humildes.
O gengibre, que elas associam à cola, pertence à família das zingiberáceas e não contém alcalóides, mas um óleo essencial com propriedades diafontice e estimulante.
No âmbito de populações evoluídas, também Angola começa a sentir os efeitos nefastos da utilização ilícita da droga, sobretudo nas camadas juvenis.
Neste aspecto, o objectivo é alhearem-se do mundo que os cerca, tornando-se irresponsáveis pelos actos que praticam.
O problema agrava-se para os meios liceais, com todo um cortejo de consequências que têm especial incidência sobre as raparigas.
Contudo, estamos, felizmente, muito longe de atingir situações dramáticas.
Segundo informações retiradas do Boletim do Secretariado da O. I. P. e da Interpol:

Nos Estados Unidos há cerca de 8 a 12 milhões de indivíduos, entre os quais uma forte percentagem de jovens entre os 14 e os 18 anos, que experimentaram a droga, e o seu emprego aumenta regularmente em ritmo alarmante.
Em França existem actualmente entre os 15 000 e os 20 000 heroinómanos.
Na Noruega aumenta o consumo entre os jovens de 14 a 17 anos.
Nos Países Baixos há cerca de 140000 pessoas utilizando a cannabis.
No Estado de Angola, em 1971, foram detectados 376 casos e, em 1972, 461 casos.

A percentagem no nosso caso é mínima em relação ao elevado número de jovens que actualmente frequentam escolas comerciais, liceus e Faculdades em todo o Estado de Angola.
Contudo, se acrescentarmos aos casos oficialmente conhecidos os problemas clandestinos que de certo hão-de existir, sentimo-nos na obrigação moral e social de tomar as medidas que se impõem enquanto é cedo.
Em primeiro lugar, convém não esquecermos que é na célula familiar que o jovem tem o direito de encontrar todo o apoio necessário ao seu desenvolvimento normal e equilibrado.
Se o jovem procura alhear-se do mundo e da família através da droga, do isolamento e, por vezes, do suicídio, alguma coisa está errada no ambiente que o cerca.
De uma maneira geral, estas aberrações juvenis partem de indivíduos de lares desarticulados,' não poucas vezes do excesso de facilidades concedidas na satisfação dos seus caprichos e algumas pelo egoísmo em que vivem os pais, semeando quase que um fosso entre eles e os filhos - cada um vivendo o seu mundo à parte, não cuidando de saber ou conhecer as esferas sociais que uns e outros frequentam.
As liberdades excessivas e os abundantes bens materiais que hoje uma boa maioria de pais se preocupa em dar aos filhos, mais para satisfação pública das suas potencialidades financeiras que por amor a esses mesmos filhos, constituem um passo em frente para a degradação dos nossos jovens, salvo, como é lógico, honrosas excepções.
As reuniões em família, a justiça e a compreensão, a tolerância e a autoridade, a serenidade e o respeito, a dedicação e o espírito de sacrifício, tudo faz parte das regras do jogo para que o ambiente familiar se torne uma atracção para os jovens e, muito principalmente, o local ideal para saciarem a sua incontrolável curiosidade e ânsia de saber.
É mesmo lamentável que muitos jovens, por incúria dos que deviam dar o exemplo, nunca cheguem a conhecer um bom ambiente familiar.
As estatísticas informam que são os filhos de classes abastadas os que mais se dedicam à droga e também muitos filhos de lares desfeitos.
Porque continuamos então de braços cruzados e só bradamos aos céus quando a fatalidade nos bate à porta?
Outro facto que é importante salientar e que o ilustre colega avisante também focou é o do papel da imprensa local, dos filmes e da televisão, para as terras que a possuem.
A propaganda da droga, intimamente ligada com o mundo pop, com os artistas célebres e favoritos da juventude, a falta de informação ao nível das camadas jovens e outros vícios da sociedade são outros aliciantes incontroláveis para a penetração no mundo do desconhecido.
Tem também importância a psicologia de grupo; vergonha de não fumar num grupo em que todos o fazem; falta-lhes o conselho amigo no momento oportuno.
Cabe ao Governo preparar as autoridades responsáveis pelo contrôle da droga, e que estas autoridades sejam implacáveis na repressão dos traficantes e fabricantes clandestinos.
Antes que se dê o que se está a passar em França: a fármaco-dependência - os fabricantes clandestinos e os traficantes estão a distribuir gratuitamente aos jovens colegiais heroína para garantirem novos adeptos dentro do país, já que as possibilidades de exportação são cada vez mais restritas.
Até onde chega a ganância do lucro!
Sr. Presidente: Quando me referi ao panorama da droga em relação ao autóctone tradicional, procurei, tanto quanto me foi possível, esclarecer as autoridades a quem este assunto diz respeito de que para este há que adoptar as medidas adequadas.
Já cometemos um erro em relação às bebidas fermentadas, que os tradicionais sempre usaram e nunca provocaram os efeitos que certos fermentados industrializados produziram, para as quais, em boa hora, o Governo tomou as medidas que se impunham.
Se alguma coisa havia a fazer com os produtores autóctones, seria uma vigilância mais apertada às condições de higiene na manipulação do produto, ou talvez nem isso. De resto, não passava de uma inofensiva bebida, negócio de gente humilde para servir humildes como eles.
Espero que em relação aos tradicionais fumadores de liamba haja um certo cuidado na maneira de actuar.
Não quero dizer com isto que se lhes permita tudo, mas não é com a perseguição indiscriminada, até a prisão e multas elevadas, nem com fotografias de mau gosto, com legendas ostensivamente insul-