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30 DE MARÇO DE 1973 4871

Todas as medidas tendentes a acabar com a produção do "vinho americano" têm-se revelado ineficazes.
Pouco importará não digo chorarmos sobre o leite, mas, neste caso, sobre o "vinho" derramado. O que importa é ter a coragem de enfrentar a realidade. Realidade que o Governo não pode desconhecer ou fazer de conta que desconhece.
Se se mantiver, com a maior firmeza, a proibição da comercialização do produto, com pesadas multas a suportar pelos comerciantes que o adquiram ao lavrador para tal fim: se o Estado concordar no pagamento de um prémio pecuniário (por exemplo: 10$ ou 15$) por cada pé voluntariamente arrancado ou enxertado, resultando desta política a existência legal de "produtores directos" nas regiões tradicionalmente produtoras - pensa-se que o problema tenderá para uma conveniente solução em prazo relativamente curto. O arranque compulsório ou a multa anual progressiva - como alguns preconizam - não só provocaria mal-estar social, como poderia acentuar a apetência, tão portuguesa, pelo fruto proibido.
No que respeita ao leite e à carne, cumpre assinalar que se trata de dois dos mais importantes produtos d?- economia rural do distrito, uma vez que nele se concentra o maior e melhor núcleo de transformação tecnológica do País, apoiado em vasta produção leiteira, como resulta dos números, relativos a 1971, que a seguir se apresentam:

[Ver tabela na imagem]

Ora, as medidas de fomento leiteiro tomadas após o grande surto de 1967-1970 não foram, de maneira geral, nem oportunas, nem adequadas.
A produção poderá incentivar-se, ainda mais, desde que:

a) Haja coordenação entre os serviços das Secretarias de Estado do Comércio e da Agricultura;
b) Se dê apoio, em força, à instalação de salas de mungição e de estábulos colectivos;
c) Sejam revistos os escalões de classificação do leite, até que seja possível conseguir o que se refere na alínea anterior, evitando os escalões de preço muito baixo (1$20 a 1$50 o litro), o que é desencorajante;
d) Sejam tomadas medidas contra a inflação qualificativa das rações;
e) Seja concedido apoio técnico-económico à produção forrageira e ao registo genealógico dos animais leiteiros, com vista a aumentar a produtividade.
Permita-se-nos que insistamos um pouco sobre o lançamento das salas colectivas de mungição. Importa que não tarde. Com 60 000 a 80 000 contos, far-se-á a desejável cobertura, de que resultaria apreciável crescimento da produção, com imediato reflexo na produção de carne, uma vez que, aumentando o número de fêmeas, logo cresce o número de crias.
Outra medida de largo alcance que se preconiza é a defesa dos campos do Baixo Vouga, obra orçada em 500 000 contos. Obra que deverá ser incluída no próximo Plano de Fomento, sob pena de autêntico "escândalo local".
Trata-se de 11 000 ha de óptimos terrenos de aluvião, de comprovada aptidão forrageira, que, uma vez aproveitados, proporcionarão um acréscimo imediato da produção distrital leiteira e bovina da ordem dos 25%.
Detenhamo-nos, agora, um pouco sobre a carne bovina abatida e o respectivo consumo per capita (números de 1971).

[Ver tabela da imagem]

O quadro releva e confirma a tradicional vocação da região aveirense para a produção e consumo de carne. O que não pode também deixar de ser indício do progresso sócio-económico que por toda a região se verifica. Tirar partido imediato dessa vocação parece ser medida que se impõe. Por isso nos permitimos insistir na inclusão do aproveitamento do Baixo Vouga no novo Plano de Fomento.
Quanto à batata, sabe-se como o distrito é altamente produtor. Confrange o protelamento, ao longo dos anos, de soluções de alguns problemas básicos, tais como:

a) A falta de esclarecimento da produção (quando existe é sempre parcial e extemporânea) sobre as características de variedades com interesse de cultivo;
b) Excessivo número de variedades de batata de semente autorizadas a importar, com absoluta falta de elementos que assegurem escolha criteriosa;
c) Garantia de preço, dada a tempo e horas.
A que tem sido oferecida envolve variedades pouco correntes da produção, pelo que a mais abundante está desprotegida, havendo anos em que o preço vem até $70 o quilo. O que é ruinoso mesmo com grande produção. E outros anos em que, mesmo na época de mais intensiva apanha, o preço anda pelos 2$ a 2$50 o quilo;
d) Pesada operação de taxas sobre as variedades
desejadas pelo consumo interno e pela produção, como sejam as variedades Arran-Banner e Arran-Consul.
É mister que a Secretaria de Estado do Comércio se debruce sobre o problema, encontrando as soluções mais convenientes.
Agora duas palavras quanto à produção de madeira.
Nos incêndios do Verão passado arderam cerca de 6000 ha de floresta, que necessitam urgentemente ser repovoados.