O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

4872 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 241

Para além do pagamento de indemnizações pela companhia responsável, deverá conceder-se aos proprietários apoio técnico e financeiro, a fim de se refazer, no mais curto espaço de tempo, a riqueza florestal, aproveitando-se o ensejo para corrigir os vícios das estruturas tradicionais, promovendo os serviços, em conjunto com a actividade privada, o povoamento ordenado e racional das zonas devastadas, de acordo com as mais modernas técnicas, sem prejuízo dos direitos de propriedade de cada um.
Por outro lado, impõem-se formas mais recomendáveis para uma melhor e indispensável participação dos povos na administração das matas florestais, de maneira a evitar o antagonismo entre as populações e os serviços florestais.
Em matéria de preços, regista-se viva insatisfação dos produtores, que nem sempre compreendem a actuação das firmas que dominam o mercado.
A abertura da exportação e o franco apoio, às cooperativas, como a que está já constituída na região, com sede em Águeda (Coflora), poderão contribuir para o indispensável saneamento do ambiente.
Sr. Presidente: Verifico que já estou no uso da palavra há largos minutos. E que não cheguei a dizer metade do que desejava.
Não posso, todavia, abusar da paciência da Câmara.
O apontamento que fiz deverá, contudo, ser suficiente para despertar e espevitar a atenção dos governantes, não só sobre os problemas que abordei como também sobre os demais que desejaria (e deveria) focar. Aveiro tudo merece. E tem retribuído generosamente a confiança que o Governo vem depositando em quantos habitam e fazem progredir a região.
Não ignoro que falar é quase tão fácil como sonhar. Difícil é realizar, pôr em prática as construções teóricas arquitectadas no remanso dos gabinetes.
A soma de benefícios já alcançados nos mais diversos sectores, o interesse que o Governo sempre tem manifestado pela região, o apoio que quotidianamente ratifica aquele que tão dignamente o representa (cuja transbordante e profícua actividade me apraz enaltecer nesta Casa) levam-me a encarar o presente com natural confiança. Porque o futuro, esse, haveremos de conquistá-lo.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: Vamos passar à

Ordem do dia

Continuação do debate do aviso prévio sobre a indústria do turismo no desenvolvimento económico e social do ultramar.
Tem a palavra o Sr. Deputado Agostinho Cardoso.

O Sr. Agostinho Cardoso: - Ao longo da minha vida parlamentar interessaram-me sempre os problemas do turismo - indústria nova e original, mãe de outras e variadas actividades subsidiárias e criadora de uma "exportação invisível" de grande valor, porque considerável fonte de divisas.
Original ainda quanto à sua matéria-prima, que vai do monumento e da paisagem ao acepipe regional ou ao folclore exótico.
Este aviso prévio do Sr. Deputado David Laima - que com ele vem salientar uma característica importantíssima do nosso ultramar - sugere-me, entre muitos, um aspecto com que pretendo, ao tratá-lo em brevíssima intervenção, colaborar na sua iniciativa.
Trata-se de focar a importância do turismo ultramarino na qualidade de turismo interno de um país que, por ser pluricontinental, pode oferecer ao turista português variedade e originalidade de paisagens, ambientes, costumes e folclore, com riqueza e exuberância excepcionais, sem que, ao usufruí-los, se tenha de ultrapassar as fronteiras da Pátria.
E, ainda, que este turismo interno pode constituir um tampão contra a hemorragia de divisas que o turismo externo dos Portugueses venha a determinar.
Como é óbvio, a balança turística é tanto mais positiva quanto mais se viajar na nossa terra e menos se for viajar à terra alheia.
Daí, os países para lá da "cortina de ferro", mormente a Jugoslávia, que recebe hoje um considerável número de turistas, recusarem divisas aos seus compatriotas para virem gastá-las ao estrangeiro...
Isto, se não houvesse outras razões para limitar o acesso ao "paraíso ocidental"...
É no turismo interno - viajar na própria terra - que está o antídoto para a perda de divisas correspondentes ao turismo que os Portugueses vão fazer lá fora.
O desgaste turístico de divisas, em alguns países como os Estados Unidos e a França, assume certa importância, pelos volumes populacionais cada vez maiores que se deslocam ao estrangeiro.
Em Portugal, que, além da faixa continental europeia, possui, para lá do mar, as ilhas adjacentes e um extenso ultramar com enorme potencialidade turística, este turismo interno tem condições excepcionais para ser valorizado.
Valorização, como poupança de divisas, como publicidade do ultramar e motivação para fazê-lo conhecer.
Turismo interno que não tem menos interesse - embora diferente - do que frequentar Madrid, Paris ou Londres - quando se tem à mão alguns poucos dias de férias.
"Viajar na nossa terra" pode ser redescobrir a beleza paisagística e a suavidade climática da Madeira - arrabalde de Lisboa porque a uma hora de distância por ar; ou debruçar-se sobre as "sete cidades" em S. Miguel, que fica apenas a uma meia hora mais além.
Pode ser vaguear por S. Tomé, com os seus dialectos, a sua miniatural paisagem exuberante, o portuguesismo da sua gente; ver de relance Cabo Verde com a sua música, a sua cultura e a variedade das suas ilhas; ver deslumbrado à noite da "ilha", a pequena ,Guanabara jorrando luz, que é a baía de Luanda e a portentosa cidade que nela se debruça.
Ou ainda, passear de jangada ao longo das paradisíacas ilhas do Mussolo ou, em silêncio, ouvir o fragor das quedas do Duque de Bragança desfazendo-se em espuma. Ou olhar o planalto de Nova Lisboa, grande cidade, distante da costa, na qual se evoque a figura de Norton de Matos, ou Sá da Bandeira, onde perpassa a memória dos madeirenses que ultrapassaram a pé o deserto e subiram penosamente a montanha, com uma tenacidade que é símbolo do nosso esforço ultramarino.