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4914 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 244

rios que comandam determinados serviços da administração universitária em condições menos favorecidas, os quais, desde que estejam dispostos a deixar o seu posto, conseguem melhores ordenados no sector privado. A verdade, porém, é que a Universidade carece do seu trabalho, o bom andamento de inúmeros problemas depende da sua competência e do seu zelo.
Tenho, por isso, a convicção de que o apelo agora reformulado é pertinente e não deixará de colher no espírito justo do Sr. Ministro da Educação.

Tenho dito.

O Sr. Lopes da Cruz: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O maior empreendimento levado a cabo pela nossa Administração em todo o espaço português e um dos maiores do mundo no respectivo sector - a barragem de Cabora Bassa - continua a ser executado ao ritmo previsto, não obstante os continuados esforços feitos pelos grupos de terroristas no sentido de impedirem a sua realização, e prevê-se que o fornecimento de energia comece a ser feito no 1.° trimestre de 1975.
Dada a grandiosidade da obra e os fracos consumos de Moçambique, a sua concretização apenas se tornou viável através da possibilidade inicial de venda de enormes quantidades de energia à África do Sul e dos avanços tecnológicos que fizeram se tornasse económico o transporte de energia a grandes distâncias- do local da produção até Pretória são cerca de 1360 km.
Mas espera-se que venha seguidamente a impulsionar o arranque para o desenvolvimento de Moçambique, possibilitando o início das explorações mineiras da região de Tete e a instalação de indústrias localizadas onde se mostre poderem ser economicamente mais competitivas.
Para já, parece que a região a beneficiar mais cedo da energia produzida em Cabora Bassa será o distrito de Lourenço Marques, através da ligação da sua rede à da África do Sul.
Mas espera-se que a zona central de Moçambique, na qual se incluem os distritos de Tete, parte dos de Manica, de Sofala e o da Zambézia, com grandes recursos de matérias-primas, desde os mineiros aos agrícolas, venha a tornar-se naturalmente um grande pólo de desenvolvimento, pois serão menores os custos do transporte de energia e muito menores as perdas ocasionadas pelo transporte, pela maior proximidade da fonte de produção.
Factor adverso, mas realizável em boas condições, é o problema dos transportes em toda essa vasta região, polarizada pelo vale do Zambeze, e a escolha de um grande porto oceânico que possa servi-la capazmente.
Presentemente existe o porto da Beira, com as limitações e dificuldades nos seus acessos, pouco profundos em resultado do banco de Sofala, e o porto de Nacala, acessível aos maiores navios e dotado de condições naturais excepcionais, mas qualquer deles incapaz de resolver de forma económica os transportes de Tete, de todo vale do Zambeze e zonas que lhe ficam adjacentes, pelas distâncias suplementares elevadas que forçariam a ser percorridas e pela utilização de meios de transporte caros e pouco competitivos, como são o ferroviário e o rodoviário, em distâncias muito longas, e para mais deficientes e em grande parte inexistentes.
Mas há solução possível para esse problema, a qual consiste no aproveitamento da navegabilidade do rio Zambeze e na construção de um grande porto oceânico na foz deste rio ou próximo dela. O transporte fluvial é muito mais económico e competitivo do que o ferroviário e rodoviário.
Na Rússia aproveitaram-se as possibilidades de navegação do rio Volga, rasgando-se o canal Volga-Don e estabelecendo-se a ligação com os mares exteriores através do mar Negro.
O grande rio foi alargado, aprofundado, corrigido O seu curso e provido de um sistema integrado de represas, eclusas e canais, e ao longo dele se construíram cidades e desenvolveram indústrias, apesar das dificuldades resultantes de, no Inverno, o gelo bloquear completamente a navegação por períodos que chegam a atingir os seis meses, em troços extensos.
Na velha Europa, continua-se a construir o denominado "Canal-Europa", o qual, quando terminado, deverá ligar treze países, entre o mar do Norte e o mar Negro, pondo em comunicação o Reno, o Meno e o Danúbio.
Não obstante o elevado custo destas obras e as dificuldades técnicas da sua realização, que podem ser evidenciadas pelo facto de os navios terem de ser elevados sobre montanhas por 60 barragens escalonadas e eclusas, num percurso de 764 km, calcula-se que os custos dos transportes através dele, quando concluída a última etapa, serão reduzidos de um terço.
Quanto ao Zambeze, não existem problemas tão graves a resolver, e afigura-se vantajoso o aproveitamento de dois factores favoráveis que podem localmente conjugar-se e concorrem para a obtenção de produções a custos competitivos - energia em elevadas quantidades e baratas e transportes fluviais fáceis e igualmente baratos.
Relativamente à localização do porto, analisarei as condições oferecidas pelos vários locais susceptíveis de opção.
Na apreciação das condições hidrográficas desses locais basear-me-ei principalmente em dois trabalhos elaborados pelo capitão-tenente engenheiro hidrógrafo António Egídio de Sousa Leitão, um denominado "Possibilidades hidrográficas dos portos de Moçambique", elaborado em 1965 para a Comissão Técnica de Planeamento Económico de Moçambique, e outro denominado "Evolução hidrográfica de Quelimane", publicado nos Anais do Instituto Hidrográfico, em 1966, de que foi publicada separata.
O Zambeze lança-se no mar através de extenso delta com sete braços, que se enfraquecem mutuamente para a navegação pela divisão de caudais.
Além destes, outros já estiveram antes ligados ao grande rio, deles se salientando, ao norte, o rio dos Bons Sinais e, ao sul, o Luáua ou Luabo de Oeste, que acabaram por se isolar.
Das actuais bocas do rio apenas a do Cuama e a do Chinde podem oferecer certas possibilidades. A barra do Guama, a principal do Zambeze, nunca foi praticável pela navegação, e a sua evolução é