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5 DE ABRIL DE 1973 4915

conhecida deste 1859, data em que a barra era péssima, e em 1866 não era melhor, pois os fundos eram inferiores a 3 pés - menos de 1 m.
Nos anos de 1927, 1953, 1955 e 1958 foram feitas tentativas improfícuas de sondar a barra com embarcações. Os oficiais encarregados de fazerem o levantamento relatam a existência de uma linha de rebentação contínua em toda a barra.
Só em 1962 foi possível à M. H. M. executar o levantamento completo da barra Cuama, aproveitando-se excepcionais condições de tempo e mar, e. mesmo assim a rebentação era contínua sobre os baixios que lateralmente limitavam a barra.
Novos estudos se fizeram depois, mas verificou-se ter aumentado a largura da barra, mas diminuído a profundidade, que era no máximo entre 5 e 7 pés de sonda mínima reduzida.
A batimetria está em constante evolução e os terrenos marginais do delta são de muito fraca. consistência, tornando extremamente rápidos e permanentes os fenómenos de erosão e de acreção.
Quanto ao aproveitamento da barra, transcreve-se o que escreveu o engenheiro hidrógrafo Sousa Leitão no trabalho citado sobre os portos de Moçambique:

Todos os hidrógrafos que nela têm trabalhado, de há 100 anos para cá, são unânimes em mencionar a formidável rebentação que, mesmo nas suas melhores condições, a torna impraticável, ou pelo menos muito perigosa. Estas condições adversas são principalmente devidas:
a) Pouca profundidade e pouca largura do canal navegável;
b) Encontro entre a descarga do rio e a vaga e a ondulação provenientes do largo, visto os ventos predominantes serem de sueste.
A tais factores de desgoverno dos navios que porventura utilizassem a barra haveria a juntar o próprio caturrar dos navios na pancada da barra, o que exigiria mais água abaixo da quilha;
c) Grandes correntes devidas às marés e à vazão do rio;
d) Pouco espaço de manobra na zona interior.
Estas condições, observadas em 1962, não melhoraram, antes pioraram, com os resultados dos levantamentos efectuados com helicóptero pela M. F. P. Z., uma vez que diminuíram as profundidades na pancada da barra.
O autor deste trabalho mantém, assim, a sua opinião, já expressa no relatório de 1962; no seu estado actual a barra do Cuama e a zona interior não são praticáveis por navios, mesmo os de muito pouco calado.

Vejamos agora as condições hidrográficas do porto e barra do Chinde.
Antes de 1888 a barra estava reduzida a um estreito canal que quase se podia passar a vau na baixa-mar. Teve grandes alterações periódicas, e no levantamento feito em 1941 mostrou que o mar destruiu a ponta liberal numa extensão de 1000 m, chegando o mar junto às casas da vila.
Em 1951 a sonda reduzida mínima era de 4 pés. Entre 1941 e 1951 a ponta liberal sofreu nova erosão numa extensão de 600 m. No levantamento de 1962 mostrou a evolução nas mesmas linhas gerais antes evidenciadas, tendo desaparecido mais 350 m da ponta liberal.
Da barra ao porto interior o canal navegável está sujeito a constantes alterações, e a ondulação e a vaga ocorrem mesmo na zona do fundeadouro, em preia-mar. Escreveu o autor que se citou:

Factor importante reside na falta de consistência dos terrenos marginais, facilmente sujeitos a erosão, e assim é que entre 1925 e 1962 desapareceram cerca de 2000 m na ponta liberal, a sul, arrastando muitas casas e obrigando a edificar uma nova vila do Chinde.

No início do ano corrente a barra do Chinde tinha 1,2 m de sonda reduzida mínima, apenas admitindo a entrada de barcos com o calado máximo de 4,2 m e 3 m, respectivamente, em preia-mar de águas vivas e preia-mar de águas mortas.
Do exposto se pode concluir quão difícil será a construção de um porto em qualquer das actuais bocas do Zambeze, e as duas referidas são as únicas que podem oferecer quaisquer possibilidades.
Os terrenos marginais dos braços são inseguros, sem consistência, de ano para ano aparecem e desaparecem ilhas, sendo muito rápidos os fenómenos de erosão, bastando ter em conta o que tem sucedido no Chinde, e por isso alguém escreveu já que "o delta do Zambeze é um delta vivo".
Tendo em conta estes fenómenos, que niguém pode duvidar continuarão a verificar-se no futuro, que garantias pode oferecer a construção de um porto em qualquer dos dois locais, e por que preço ficarão as obras necessárias de consolidação e os trabalhos permanentes a que certamente obrigarão?
Pois, apesar das opiniões desfavoráveis dos técnicos hidrográficos, a Hidrotécnica Portuguesa elaborou um plano para implantação de um complexo portuário na barra do Cuama, incluindo cais para serviço da navegação fluvial, cais de carga geral e cais de carga para mineraleiros e respectiva ponte de acesso, estes podendo servir navios somente até 20 0001, numa imprevisão total da evolução deste tipo de navios.
E no Laboratório Nacional de Engenharia Civil foi construído modelo reduzido para estudo do porto do Cuama, mas esta hipótese parece hoje arredada e posta de lado, parecendo que se tem pensado mais seriamente no Chinde.
Resulta dos comunicados periódicos distribuídos pelo Gabinete do Plano do Zambeze que continuam as observações e recolha de elementos oceanográficos no delta relacionados com o estudo da implantação do futuro porto.
Mas não haverá qualquer outra solução para a localização do porto que possa servir o vale do Zambeze e o distrito de Tete, sem ser qualquer das bocas do rio, dadas as dificuldades existentes?
Há, e não é nova, apenas a vindo relembrar aos responsáveis, com a indicação das implicações que suscita e dos problemas graves que pode resolver. Numa altura em que o rio dos Sinais apenas durante as grandes cheias do Zambeze recebia águas deste, o Governador-Geral de Moçambique A. Freire de Andrade, no vol. III dos seus Relatórios sobre Moçambique, relativos ao período do seu governo, preconiza a abertura do canal do Muto, restabele-