O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

4918 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 244

Por que não aproveitar o que já se encontra feito em Quelimane, com toda uma organização administrativa pública e privada pronta a atender a todas essas necessidades, possuindo até já uma extensão razoável de cais acostável?
Parece que, reabrindo o canal do Muto, se pode poupar muito tempo, dinheiro e experiência já adquirida;
f) No plano puramente hidrográfico, dadas as condições que o porto e barra de Quelimane apresentaram durante séculos, oferece vantagens muito superiores a qualquer das bocas do Zambeze, conforme já referido.
Basta restabelecer e melhorar as condições naturais que já existiram, e que obras executadas pelo homem para realização de riqueza quebraram com tão graves inconvenientes.
Por outro lado, o espaço existente para áreas de manobra e porto interior em qualquer das duas bocas passíveis de utilização é demasiado limitado se se atender às necessidades de uma ampliação futura, ao passo que em Quelimane existem 13 milhas desde o porto actual até à barra, a maior parte das quais podem ser utilizadas para obras de expansão portuária, principalmente no sítio denominado Gazelas, com apreciável extensão de fundos da ordem dos 10 m, nas condições actuais.
Acresce que os terrenos marginais se encontram bastante consolidados em Quelimane, principalmente do lado norte, no qual se situa a cidade, ao passo que no delta se mantêm instáveis e sujeitos a frequente e rápida erosão, o que constitui outro factor a ponderar.
g) Opina o técnico hidrográfico Sousa Leitão que "não parece difícil a abertura e manutenção de um canal artificial entre Quelimane e o rio Zambeze", e já assim o considerava o Governador Freire de Andrade.
Em fins de 1941 foi feito um reconhecimento completo desde Mopeia, na margem esquerda do Zambeze, até Quelimane, pelos então capitão-tenente Frederico Cruz, capitão-tenente Pedro Zilhão, e primeiro-tenente César Moura Brás, e relataram que o leito do Muto era perfeitamente definido nas suas margens à distância de 3600 m do Zambeze, e um pouco além começava a aparecer água, por vezes com 2 m de profundidade.
Não há desníveis grandes a vencer para a abertura do canal, e desde a junção do Zambeze até à barra de Quelimane serão apenas cerca de 120 km, na sua maior parte já abertos e que fazem parte dos leitos dos rios Muto, Quágua e dos Bons Sinais, não sendo por isso previsível um custo demasiado elevado para as obras, comparadas com outras semelhantes.
Mas a reabertura do canal, com o seu alargamento, aprofundamento e correcção em alguns lados, poderia propiciar vantagens notáveis quanto ao aproveitamento de vários milhares de quilómetros quadrados para fins agro-pecuários.
Extensões enormes de terrenos alagados entre Mopeia e os rios Muto e Luálua poderão ser drenados com a abertura do canal navegável para o Zambeze, e a abertura posterior de outros canais menores, aproveitando o leito de outros rios, poderá possibilitar a drenagem de toda uma vasta e rica região e o seu aproveitamento para a agro-pecuária, e que agora não é possível utilizar.
Vantagem esta que não é despicienda.
h) Não parece possível, ou ao menos não será fácil, atendendo à tendência existente para a utilização de navios cada vez maiores, a construção de um porto mineraleiro interior tanto em Quelimane, como em qualquer das bocas do Zambeze.
Para estes transportes a mais viável solução parece ser a da construção de um porto off shore.
Os fundos exigidos nunca poderão ser inferiores aos 20 m, com tendência crescente para serem superiores.
E também para esta hipótese Quelimane oferece melhores condições.
Basta considerar que as profundidades dos 20 m se encontram a cerca de 15 km da costa norte da barra de Quelimane, e a cerca de 15,5 km da costa da barra do Chinde, mas os 24 m de profundidade distam em Quelimane cerca de 16,5 km, e no Chinde encontram-se à distância de cerca de 24 km, sendo bastante sensível a diferença.
Enquanto a batimétrica dos 50 m fica em Quelimane a 25 milhas da costa, no Chinde e no Cuama fica a 35 milhas da costa. Refere-e que no porto da Beira a batimétrica dos 50 m fica entre 60 a 75 milhas da costa, em resultado do banco de Sofala, e à medida que se segue para o norte, ao longo da costa, as maiores profundidades vão progressivamente sendo mais próximas da zona costeira, o que dá a Quelimane, para um porto mineraleiro, vantagens apreciáveis.
Consideradas em conjunto todas as razões invocadas, afigura-se até ser a abertura do canal do Muto a solução menos dispendiosa de todas a que possam pôr-se de construir um novo porto no delta do Zambeze.
As populações do distrito da Zambézia, e em especial as de Quelimane, esperam que o problema seja ponderadamente estudado e os seus interesses salvaguardados, e em nome delas apenas solicito ao Governo, e em especial a S. Exa. o Ministro do Ultramar, e ao Gabinete do Plano do Zambeze e seu ilustre director, que os nossos técnicos hidrográficos sejam consultados e se elaborem estudos sobre a abertura do canal do Muto, se tenham em conta as graves implicações económicas que se referiram e no custo do porto a implantar os técnicos tenham em consideração os factores suscitados, e na opção final a fazer não deixe de se demonstrar por que será inviável a solução que se preconizou e razoes da preferência por outra que porventura seja escolhida.
Se assim se fizer, há então comunicação e diálogo entre governantes e governados e adesão destes àqueles.
É o último pedido que desta tribuna espero fazer ao Governo.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Linhares de Andrade: - Sr. Presidente: Em notável estudo publicado há anos no Boletim de Informação, Cultura Popular e Turismo, editado pela Secretaria de Estado da Informação e Turismo, o Dr. Ramiro Valadão citou este facto deveras signi-