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4986 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 247

apóstolos das místicas empenhadas em destruir pela base - que é a juventude - a própria existência da comunidade nacional, no sentido a que a nossa civilização obriga.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A triste experiência de tempos recentes não deixa lugar a qualquer dúvida; bom é que tenhamos consciência de que não se pode perder mais tempo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A criação de uma sociedade nova, mais agregada, mais justa, mais participante, mais esclarecida - para não ser um mito ou um desespero de palavras na frustração dos desenganos -, a criação, em suma, de um Portugal cada vez mais uno, forte e progressivo, exige grandeza de alma, isenção de espírito, ausência de preconceitos, venham eles donde vierem. E exige firmeza, firmeza no que se quer construir e no que não se está disposto a deixar destruir.
Por isso - repito - a reforma que todos juntos, Governo e Assembleia Nacional, vamos empreender constitui um elo significativo de uma revolução. Repito, a nossa revolução. A que queremos. E não a que, sob esta ou aquela capa, com esta ou aquela intimidação, a rua, os panfletos e a propaganda nos queiram impor.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É preciso não deixar que os ruídos do tumulto, as impaciências bem intencionadas e as reticências que geram preconceitos abafem este postulado da nossa política: queremos levar a cabo as nossas reformas, na ordem e na persistência de quem sabe o que quer; realizá-las no absoluto respeito do que constitua o património indiscutível da nossa civilização e da nossa razão de ser como nação; e executá-las na mais esperançada e isenta das disposições, de alma e inteligência abertas para os desafios do futuro, de um futuro que todos queremos seja de constante aperfeiçoamento individual e colectivo.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Findo como comecei. A proposta de lei em debate constitui um ponto de reflexão da mais alta transcendência política. Reflexão que vem no momento próprio - em dias onde cada um tem de assumir as suas responsabilidades e quando os subterfúgios não podem arvorar-se em modo de expressão política.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Dias em que uma só atitude é humanamente digna e politicamente válida: pensar claro e falar claro.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Enquadrado no espírito da reforma e actuações empreendidas pelo Governo de Marcelo Caetano, a proposta apresenta-se conveniente e oportuna, fornecendo a base necessária pára o estabelecimento de uma reforma global da educação, encarada nesta fase pelo prisma do sistema educativo.
Prestando homenagem ao Governo pelo esforço despendido e pelos princípios que a Câmara vai ter ocasião de abordar e, eventualmente, desenvolver ou precisar, dou a minha aprovação na generalidade à proposta de lei n.° 25/X sobre a reforma do sistema educativo.

Vozes: - Muito bem! Muito bem!

O Sr. Deputado Prabacor Rau: - Sr. Presidente: Para mim, a proposta de lei que respeita à reforma do sistema educativo, agora em discussão, é dos assuntos primordiais e de maior relevância de entre todos que já foram tratados e debatidos nesta Assembleia E não me parece desvirtuar a verdade dizer que é a lei mais ansiosamente aguardada pelo povo português, pela gente que, num amanhar de um sonho, luta, se sacrifica e estiola para dar a filhos seus uma educação e cultura superiores àquela que pôde alcançar, acabando tantas vezes por ser vencida ingloriamente pelos condicionalismos económicos, sem conseguir obter para os seus descendentes um nível de vida que lhes permita melhores voos na conquista incerta do futuro.
No meu falar, naturalmente simples, porque outro não sei, pois, mau grado meu, a minha bagagem de técnico não comporta dotes literários que me permitam ser orador, não esqueço, porque não posso, nem devo, os meus irmãos de Goa, Damão e Diu, que em nada vão ser atingidos por esta proposta de lei em discussão. E isto oferecer-me fazer algumas considerações.
Assim, seja-me permitida a franqueza de dizer que, para alguns, não importa quais, o ser Deputado pelo Estado Português da índia é uma fantasia saudosista e paradoxal, não devendo, portanto, os seus representantes ter assento nesta Assembleia.
Não me iludo quanto ao saber que assim pensam todos aqueles que acreditam não pulsar o coração da Pátria portuguesa nos habitantes daquela jóia mais querida de Portugal que, pela força e sem razão, nos foi vilmente roubada. Não me engano ao reconhecer que uns tantos vêem na "Sintra do Oriente" uma página da história do passado sem continuação no presente.
Quase no fim do último ano do meu mandato de Deputado, quero deixar aqui bem claramente expresso que nunca procurei qualquer arrimo na política e que, se estou nesta Câmara, é porque sei que sair seria desertar. Se me consentem o plebeísmo, eu digo que, se alguma vez me sentisse a mais nesta Casa, se não soubesse que, lá longe, naquelas terras férteis que o Zuari e o Mandovi deleitosamente percorrem e o mar guarda recordações da epopeia maior de que se pode ilustrar um país; se eu não soubesse, repito, que a quase totalidade do povo daquelas paragens, onde paira ainda a grandeza heróica e humana de Afonso de Albuquerque, continua a ter os olhos postos na Pátria-Mãe e, sem cálculos, persiste, sem desânimos, em considerar-se português, eu honestamente renunciaria ao meu mandato. Porém, ele jamais deixou de ver na bandeira das quinas o símbolo da sua Pátria e nada mais pede a não ser que se não atraiçoe os seus sentimentos.