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5174 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 254

Um outro exemplo, o das publicações úteis dos cursos de Agronomia e Silvicultura, fornecendo informação rica a um sector importante de Angola.
Ainda um outro aspecto, o Gabinete de Estudos Psicotécnicos, com curto tempo de vida, mas com tal acolhimento que está neste momento a braços com dois milhares de inscrições para exames de orientação profissional. Noutro aspecto ainda, e este de larga divulgação recentemente na imprensa angolana, a realização de um corso de extensão universitária sobre a elaboração de um plano director, realização esta em colaboração com a Câmara Municipal de Luanda. É pois um facto a existência, de uma relação Universidade-meio exterior, em termos que excedem o simples fornecimento anual de um contingente de licenciados e bacharéis.
Tem resultado das afirmações públicas de dirigentes da Universidade angolana a preocupação dominante de se estruturar, por forma a assegurar a sua capacidade de resposta às solicitações que a prosperidade recente de Angola motivará. Tal modo de pensar conduz à recusa de soluções, por vezes mais fáceis ou espectaculares, mas que não apresentam garantias de servir, a longo prazo, as necessidades do Estado.
Deduz-se das suas declarações que os factores que mais preocupam são os do pessoal (nomeadamente o do pessoal docente), o da instauração de um esquema de organização que permita uma gestão eficaz e o das instalações.
No capítulo do pessoal docente, é de encarecer, como já fizemos, o contributo essencial das congéneres metropolitanas, materializado, nomeadamente, pelo envio de alguns dos seus professores em regime de comissão de serviço. Sem esta solução teria sido difícil atingir o nível obtido de realização.
Todavia, impõe-se o estabelecimento de quadros próprios, pelo que tem sido fomentada com especial cuidado a preparação científica e pedagógica de pessoal docente. Tal política conduziu já à prestação, com êxito, de provas académicas de mais de trinta docentes, de entre professores catedráticos, extraordinários e doutorados. É também de cerca de trinta o número de licenciados que estagiam, actualmente, no estrangeiro, preparando o seu doutoramento.
Quanto à gestão, houve já o cuidado de contratar uma firma especializada metropolitana no sentido de efectuar os estudos necessários a uma melhoria do sistema.
Pelo que depreendemos, porém, constitui problema mais preocupante, de momento, o das instalações. Dispersa por três pólos (Luanda, Nova Lisboa e Sá da Bandeira), a Universidade de Luanda tem processado os seus trabalhos em ambiente físico provisório. E se é certo que foram atingidos, como referimos, níveis condignos de realização, não o é menos que há que evitar a protelamento de tomadas de decisão para a adopção de soluções definitivas.
No caso presente, é manifesto o interesse da instituição em construir as instalações definitivas das suas dependências de Luanda. Para lá de outras razões, há um motivo que torna premente o início breve dos trabalhos de construção. A população discente universitária ultrapassa, hoje, os três milhares de alunos e as previsões levam a admitir que se atinjam, em 1979, os sete milhares, só no núcleo de Luanda.
Este número é reputado como sendo o limite para o funcionamento de um núcleo universitário. Nestas condições, projecta-se o desenvolvimento e autonomia progressiva dos núcleos de Nova Lisboa e de Sá da Bandeira, duas novas Universidades em embrião. Antes disso, porém, ter-se-ão saturado as possibilidades das instalações provisórias de Luanda, tendo já sido encarada publicamente a hipótese de limitação do número de alunos de Ciências e Engenharia no ano lectivo de 1974-1975.
Ouvimos já pôr em causa a racionalidade económica da existência de uma Universidade em Angola. Fundamenta tal atitude a comparação entre o custo de uma Universidade e o custo das bolsas necessárias ao envio de jovens para as Universidades metropolitanas, ou mesmo estrangeiras. Embora cônscios de que tal posição não tem aceitação, referimo-la até porque desse modo poderemos testemunhar assim quanto nos é cara a existência da Universidade de Luanda.
Referimo-la, mas não concordamos com os fundamentos invocados. Se é inconveniente a separação dos jovens do meio ambiente em que vivem e onde se deseja se formem como homens, há ainda a apontar que a presença da Universidade, contribuindo de forma decisiva para a formação de um espírito cultural, promoverá rapidamente as condições atractivas, ao melhor nível, das cidades angolanas, especialmente naquelas em que se situam núcleos universitários.
E, se é notório o esforço da Universidade de Luanda no sentido de adaptar os seus ensinos e as suas investigações à realidade de Angola, é também natural que o mesmo aconteça em outras Universidades, em relação à conjuntura que mais proximamente as rodeia.
Assim, foi o reconhecimento do facto de nos parecer incontestável a razão de ser da existência do ensino superior em Angola que nos levou a esta intervenção. Nela procuramos reflectir a atenção com que Angola acompanha os primeiros anos da sua Universidade. É ainda o interesse que dedicamos aos seus problemas que nos leva a proferir as afirmações seguintes:
A primeira, dirigida à Universidade de Luanda, na pessoa do seu magnífico reitor, professor catedrático Ivo Soares - que com visão, esclarecimento e muita inteligência, a que alia dotes de coragem e sacrifício pessoal, tem lutado por fazer da Universidade de Angola o que Angola carece -, tem por fim testemunhar a percepção da população angolana acerca de quão importante é para si a Universidade de Luanda, da validade de que se tem revestido a sua acção e da confiança que deposita na idoneidade do trabalho a desenvolver na consolidação de uma Universidade que a sirva em moldes modernos, beneficiando das congéneres metropolitanas, evitando praticar os mesmos erros e adoptando as soluções aplicadas com sucesso, sempre que se adaptem às realidades de Angola.
A segunda tem por fim formular votos para que não faltem à Universidade de Luanda os meios necessários para dotar Luanda, Nova Lisboa e Sá da Bandeira das instituições universitárias de que Angola carece.
Especificamente, no que respeita à construção das instalações definitivas do núcleo de Luanda, de que sabemos estão em curso a elaboração dos projectos e anteprojectos, foram já apresentadas as propostas da Universidade enumerando os meios necessários forma a integrarem-se no IV Plano de Fomento.