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28 DE ABRIL DE 1973 5293

No modelo binário, os estabelecimentos são completamente separados do sector universitário. São diversificados e o seu ensino cobre praticamente todos os níveis de estudo. Este é o modelo do Reino Unido.
Diversos países - continuo a seguir o citado estudo -, ensaiam reformas nos quadros dos esquemas tradicionais, ao mesmo tempo que fazem a experiência de novas modalidades de ensino curto.
A Noruega, por exemplo, tenta um novo sistema de "colégios regionais" de ensino pós-secundário. Estes colégios destinam-se não só a reduzir o hiato entre a Universidade tradicional, onde os estudos têm a duração de seis a sete anos, e as escolas estritamente profissionais, mas também a permitir experimentar novos tipos de programas de ensino e novos regimes de admissão. Estes estabelecimentos que acolhem, por exemplo, alunos que não possuem o diploma do curso final do ensino secundário, organizam estudos a tempo parcial, estão estreitamente ligados à vida da região e funcionam de modo a corresponderem tanto às aspirações académicas como às necessidades profissionais dos alunos.
Como estes elementos se revestem de particular interesse e actualidade, até porque revelam experiências em curso que os Governos estão a promover com notável senso das realidades e das possibilidades, ouso dar notícia deles, tanto mais que põem a descoberto aspectos de providências oficiais, em tempo tomadas sobre a formação de bacharéis nas Universidades, bem carecidos de ser revistos, se se quiser remodelar no melhor sentido o nosso ensino pós-secundário.
No Reino Unido, a inovação nas estruturas do ensino superior manifesta-se sobretudo pela criação das chamadas "escolas politécnicas", que são estabelecimentos especializados de ensino técnico, reunidas num só, para dispensar um ensino de nível universitário, mas diferente, no domínio da orientação técnica e profissional.
Refira-se ainda que no Canadá, província do Quebeque, todos os alunos que concluíram os estudos secundários, quer os que pretendem ascender à Universidade, quer os que preferem seguir estudos profissionais, são obrigados agora a receber um ensino de ciclo curto num estabelecimento novo recentemente criado.
Para que o ensino do ciclo curto faça parte integrante ao ensino superior, ensino integrado mas diferenciado, os respectivos estabelecimentos deverão enfrentar um certo número de dilemas, como no mesmo estudo se refere.
E pergunta-se se a resolução das questões dependerá do facto de a hierarquia actual dos estabelecimentos se mostrar muito diferenciada. Convirá, na verdade, atenuar essa hierarquia? Nesse estudo, responde-se afirmativamente.
Também concordo em que, em certos aspectos, importa atenuar diferenças existentes entre os sectores universitários e os sectores pós-secundários exteriores à Universidade.
Quero com isto dizer que para aqueles primeiros sectores não devam estabelecer-se exigências - não digo exigências especiais, mas exigências decorrentes da natureza da preparação que visam proporcionar, da necessidade de formar investigadores e de conferir ao ensino aquela elevação e profundidade que lhes são próprias? É evidente que não.
O que quero significar é que o ensino do ciclo curto deve ser eficiente e da melhor qualidade, de modo a prestigiar-se, o que pressupõe seja dotado dos meios humanos e materiais necessários. Este ensino deve, até como forma de concorrência ou emulação salutar, ser colocado naquele plano de prestígio que vier a merecer, para o que se torna mister que os seus diplomados encontrem colocação adequada e condições de trabalho e de remuneração aceitáveis e bem compensadoras.
A dificuldade não está neste ponto, mas na inserção ou integração pura e simples desse ensino ao quadro dos "cursos universitários, naturalmente concebido à medida das suas características e finalidades específicas. Assim, procurar solucionar esta questão de modo directo e frontal, aproveitando apenas, ou com larga amplitude, as estruturas tradicionais do ensino universitário, é quase o mesmo que tentar resolver o problema da quadratura do círculo.
O que interessa é, pois, encontrai: fórmulas em que a intercomunicabilidade dos alunos, a abertura nos critérios de equiparação de disciplinas e outros processos expeditos atenuem as separações injustificadas e conflitos positivos e negativos de atribuições no funcionamento das duas modalidades de ensino superior.
Introduzir à força o ensino curto em corpo estranho, e em todas as circunstâncias, leva - é da natureza das coisas - a que esse ensino seja repelido ou subalternizado ou a que repila ou subalternize.
Entretanto, de há anos, vem-se esquecendo esta verdade. Os resultados estão à vista. Mas o futuro os avolumará em inconvenientes e perturbações de toda a ordem, se, e embora já um pouco tarde, se não arripiar caminho, dando execução ao que a Assembleia está agora a votar.
O problema não é fácil, mas tem solução. Tudo está em que seja encarado de frente. O que tenho lido sobre o tema convence-me de que muitos se deixam levar por preocupações predominantemente políticas ou se mostram receosos de ser considerados retrógrados ou reaccionários ou de não possuírem espírito social. Esses, embora por vezes apresentem bem os dados do problema, quando chega a altura das conclusões reclamadas pelas premissas começam a hesitar e, não raro, formulam proposições finais muito fluidas, quando não contraditórias nos termos.
Por isso, entre outras reflexões que no mesmo estudo se fazem, escolho a que evidencia a dificuldade, se não a impossibilidade, de, até por força das tradições universitárias, os estabelecimentos superiores de ciclo curto adquirirem um prestígio suficiente ou equiparável ao da Universidade, desde que não se conformem com essas tradições e, por isso mesmo, desde que não renunciem à sua própria função específica.
Não me vou pronunciar sobre o problema nos termos, por vezes, menos nítidos, em que acaba por ser apresentado no estudo a que me venho reportando. Na verdade, nesta altura das minhas considerações, interessará antes salientar que só devemos preocuparmos em discutir a questão das tradições ou do prestígio dos estabelecimentos em função da qualidade do seu ensino e da preparação que ele assegura aos