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30 DE OUTUBRO DE 1982 129

não é por acidente - a não ser que o Sr. Deputado tenha mudado de opinião, ou que o Sr. Proença de Carvalho seja bom para umas coisas e mau para outras - que é o Sr. Proença de Carvalho que vai programando as coisas.
Só se para o Sr. Deputado isso for uma medida de conveniência, mas, Sr. Deputado, se as suas opções se tomam por uma medida de conveniência, o seu espírito é muito pequenino, as suas convicções são muito doentias e muito pouco firmes.
É bom, Sr. Deputado, que comecemos a olhar para as coisas seriamente, ver onde elas querem chegar e procurarmos empregar nas discussões que temos o mínimo de seriedade, procurando soluções para os problemas que urge resolver.
Tanto quanto tentei não trouxe aqui este problema para fazer polémica, mas fundamentalmente para que esta Câmara tomasse consciência de uma realidade e que a partir daqui pudéssemos lançar um grito ao País e ao próprio Governo da AD, para que, se possível, e na exigência do cumprimento da Constituição, nos assumamos como povo soberano, não permitindo massacres como os que se estão a passar no Líbano e no Médio-Oriente.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, terminou o período de antes da ordem do dia. Os Srs. Deputados Silva Marques e José Luís Nunes, que acabaram de pedir a palavra julgo que para protestar, ficam inscritos...

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Sr. Presidente, eu desejo usar do meu direito de defesa pessoal.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado usará hoje desse direito se a Câmara decidir prolongar o período de antes da ordem do dia.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Sr. Presidente, o direito de defesa pessoal - assim tem acontecido -, ê usado imediatamente, pelo que peço a V. Ex.ª que me dê a palavra enquanto a minha defesa pessoal tem sentido.

O Sr. Manuel Lopes (PCP): - Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Faz favor.

O Sr. Manuel Lopes (PCP): - Sr. Presidente, é só para dizer que se o Sr. Deputado José Luís Nunes usar agora do seu direito de defesa pessoal, exijo também usar do meu direito de resposta nas mesmas circunstâncias, até porque entendo que não o ofendi.

O Sr. Presidente: - Se a Câmara não vê inconveniente, darei então de seguida a palavra ao Sr. Deputado José Luís Nunes.

Pausa.

Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - O Sr. Deputado Manuel Lopes afirmou, na sua peroração, que eu actuava de acordo com as circunstâncias.
Ao fazer essa afirmação, o Sr. Deputado ofendeu-me pessoalmente, porque um político que actue de acordo com as circunstâncias é o que se chama um político sem princípios. Devolvo-lhe essas palavras!
Para nós, Partido Socialista, os cadáveres e as vítimas são todas iguais.

O Sr. Rogério de Brito (PCP): - Tenha vergonha! Não fale pelo Partido Socialista!

O Orador: - São iguais os cadáveres de El Salvador, e os cadáveres assassinados pela polícia da Polónia!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - São iguais os cadáveres do Chile e os cadáveres opositores da União Soviética!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!

O Orador: - São iguais os cadáveres do terrorismo palestiniano e os cadáveres dos massacres no campo de Tahr El Zaatar!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!

O Orador: - São iguais os cadáveres do Cambodja, assassinados pelo exército do Vietname do Norte, e são iguais os cadáveres que são vítimas de Pinochet, no Chile!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!

O Orador: - São iguais os torturados pela polícia secreta da União Soviética e os torturados pela polícia secreta da Argentina, do Chile ou do Uruguai!

O papel do Partido Comunista é distinguir as vítimas entre boas e más! O papel do Partido Socialista é estar sempre ao lado das vítimas e condenar os carrascos, venham de onde vierem!

Aplausos do PSD, do CDS, do PPM e de alguns deputados do PS.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Seu palerma! Nunca chegará a brigadeiro, não passará de um sargento da cagalhota!

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Cale-se, cale-se!

O Sr. Presidente: - Tem agora a palavra o Sr. Deputado Manuel Lopes.

O Sr. Manuel Lopes (PCP): - Em primeiro lugar, gostaria de dizer ao Sr. Deputado José Luís Nunes que quem fez a afirmação de que uma actuação de circunstância é uma actuação sem princípios não fui eu.
Mas sempre direi, Sr. Deputado, quão estranhas são as palavras que acabei de ouvir da sua parte! Estranhas em relação ao próprio presidente do Partido Trabalhista Israelita, Shimon Peres, estranhas em relação à posição da Juventude Socialista, portanto do seu próprio partido, enfim, estranhas a todo um contexto.

Vozes do PSD: - Não é nada disso!

Vozes do PCP: - Não lhes interessa ouvir!

O Orador: - Dir-lhe-ei também, Sr. Deputado, independentemente de não estar de acordo consigo, que