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6 DE NOVEMBRO DE 1982 231

disso que pede que não o incomodem. O que. no fundo, o Sr. Deputado pediu foi que não o incomodassem, que o deixassem estar, porque ontem sofreu aqui uma derrota profunda.

O Sr. Santana Lopes (PSD): - E vocês fugiram com o que ganharam!

O Orador: - E o Sr. Deputado viu-se na obrigação de compensar essa derrota com a fuga à realidade, com o tentar mostrar que nada daquilo que se passou e se passa lá fora é verdade.

Risos do PSD e do CDS.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Vítor Crespo.

O Sr. Vítor Crespo (PSD): - Em primeiro lugar, queria agradecer as referências benévolas que foram feitas a meu respeito. Em segundo lugar, penso que nas respostas, quase posso juntar as perguntas dos Srs. Deputados César Oliveira e Almeida Santos.
Gostaria de referir que, em meu entender, não é muito válido tirar do contexto uma ou outra frase. É evidente que eu próprio reconheço que existem dificuldades económicas - e reconheci-o - no momento presente da situação portuguesa.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - O Sr. Deputado tem dificuldades económicas?

Vozes do PSD e do CDS; Cala a boca! Pouco barulho!

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Jagunço!

O Orador: - Simplesmente, não é só o reconhecimento dessas dificuldades que basta. É preciso analisar a sua história, é preciso analisar as suas razões e é preciso analisar as possibilidades existentes para as superar.
Em primeiro lugar, queria dizer que é um facto o Orçamento ainda não ter entrado nesta Câmara. Mas infelizmente - e talvez seja necessário dizê-lo - também não é a primeira vez que tal acontece. E mais: é necessário afirmar que isso tem acontecido em muitos outros anos, designadamente quando o Partido Socialista e outros dirigiam o Governo e que isso se deve às dificuldades económicas reais e que se deve - estou plenamente certo disso - a uma profunda e meditada ponderação do que deve ser o Orçamento Geral do Estado. Se isso é um facto, e, como disse, creio ser essa a razão profunda, só nos devemos congratular, mau grado o atraso que isso possa provocar.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Por outro lado, não queria deixar passar em claro que, apesar de reconhecer a existência de dificuldades económicas, isso acontece com todas as sociedades contemporâneas, quaisquer que sejam os regimes políticos em que vivam.
Parte desse facto é devido a situações que são externas ao país, particularmente a um país pequeno e de economia débil, o que não pode ser ignorado.
Reconheço também que alguns factos e dificuldades resultam da nossa própria culpa. Mas este «nossa» tem que ser lido devidamente: ele engloba as dificuldades institucionais e a falta de solidariedade - que, aliás, tem sido reconhecida - que têm dificultado a acção deste Governo e, permito-me dizer, de governos que este pais tem tido (porque o problema nem sequer é novo), designadamente os do Partido Socialista.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Em relação ao Sr. Deputado Almeida Santos - e seja-me permitida uma pequena passagem pessoal, dado o conhecimento longo que tenho do Sr. Deputado, para utilizar a terminologia característica de Westminster, my honorable friend -, queria dizer que não me surpreende a sua reacção às minhas palavras relativas à dissolução da Assembleia da República.
Disse muito claramente, e continuo a dizer, que é um facto erosivo da democracia termos dissoluções a cada momento e por qualquer razão.

Uma voz do PSD: - Muito bem!

O Orador: - A dissolução de uma Assembleia, pelo respeito que todos lhe temos, deve ser um acto profundamente ponderado, a ser tomado só em condições extremas e - aí sim, aceito - quando estiver em causa a democracia, quando estiverem em causa problemas fundamentais da sociedade. Mas, Sr. Deputado, permita-me que não concorde com o seu ponto de vista, porque o que acabei de referir não está em causa, felizmente a democracia não está em causa. E, mesmo reconhecendo as dificuldades económicas com que nos debatemos tenho a esperança, a minha bancada tem a esperança, a Aliança Democrática tem a esperança de que agora estarão criadas as condições para ultrapassarmos este momento difícil se houver a tal solidariedade institucional.

Uma voz do PSD: - Muito bem!

O Orador: - É certo que, como muito bem entende o Sr. Deputado, não me referia exclusivamente à solidariedade do Partido Socialista, mas a uma solidariedade mais alargada: a de todos os órgãos de soberania do país.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Não vou, porque penso não ser este o momento oportuno, fazer uma grande passagem pelos argumentos que V. Ex.ª, Sr. Deputado Almeida Santos, referiu acerca da duplicação da dívida pública e do défice da dívida externa, porque nós teremos possibilidade de em breve discutir isso com mais profundidade. Mas também uma vez mais lhe diria que essa situação não é nova e que nem sequer é tão grave como o foi em momentos em que o seu partido tinha essa responsabilidade.
Não é verdadeira a afirmação de que a dívida pública tem vindo a crescer.

Risos do PS e do PCP.

O Sr. António Arnaut (PS): - Pois não, Sr. Deputado. Tem vindo é a galopar.

O Orador: - Julgo que basicamente corri as perguntas que foram colocadas, mas quanto ao problema da dívida pública no momento oportuno a minha bancada responderá.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.