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710 I SÉRIE - NÚMERO 21

Não foi para isto que se fez o 25 de Abril. Não foi para ouvir as afirmações maniqueístas do Sr. Deputado Goulart. Não foi para se ouvir as enormidades e os insultos do Sr. Deputado Mário Tomé que se fez a democracia em Portugal.
Se é lícito aos deputados defenderem o seu ponto de vista quanto a esta questão e se esse projecto do Sr. Deputado Salgado Zenha algum dia vier aqui a ser discutido, defenderei os meus pontos de vista a esse respeito e espero que haja da vossa parte o mínimo de democraticidade ao responderem-me.

Vozes do PPM e do PSD: - Muito bem!

Uma voz do PCP: - Nessa altura já cá não está!

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Sr. Presidente, peço a palavra para formular um ligeiro protesto em relação à intervenção do Sr. Deputado Lopes Cardoso.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não vou protestar, naturalmente, contra as palavras do Sr. Deputado Lopes Cardoso ao chamar indigentes aos argumentos da minha bancada. Trata-se de uma figura parlamentar a que se recorre quando se não têm outros argumentos de fundo e por isso mesmo passo adiante.
Queria lembrar simplesmente ao Sr. Deputado Lopes Cardoso que o «peso» que ele tem nesta Assembleia se não coaduna muito bem com este tipo de emoções e de argumentação fácil a que se tem recorrido ultimamente, quando se não têm mais argumentos aceitáveis.
Naturalmente que as minhas perguntas foram dirigidas ao Sr. Deputado Salgado Zenha e quero ainda dizer a V. Ex.ª o seguinte: a «granada» que com o seu apoio e a sua intervenção V. Ex.ª lançou ao Sr. Deputado Salgado Zenha é muito pior, no sentido de dividir o PS, do que aquilo que eu fiz.

Risos do Sr. Deputado Lopes Cardoso (UEDS).

Vamos rir os dois, Sr. Deputado, e acabemos com este pequeno incidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado Lopes Cardoso.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em relação ao contraprotesto do Sr. Deputado Narana Coissoró penso que há só uma resposta, a qual já foi dada de forma irreprimível por mim próprio, isto é, um sorriso.
Quanto ao que disse o Sr. Deputado Borges de Carvalho, refiro um ditado que diz que «quem não quer ser lobo não lhe veste a pele» e dir-lhe-ei ainda que quem não quer ser acusado de usar argumentos indigentes, que use argumentos que o não sejam.
No entanto, vamos admitir que essa afirmação tinha alguma coisa de insultuoso. Nesse caso, só direi ao Sr. Deputado Borges de Carvalho que afirmações desse tipo faço-as na presença dos deputados a quem elas são dirigidas. Não aproveito, como o Sr. Deputado Borges de Carvalho, a ausência desses deputados para lançar sobre eles epítetos, esses sim, aparentemente ofensivos, pelo menos no vocabulário normal.
A democracia também é isto. É a coragem de assumir as posições que cada um toma. É por isso mesmo que é difícil viver em democracia, porque há uns que têm a coragem e outros que a não têm. Fiquemos por aqui, Sr. Deputado Borges de Carvalho!...

O Sr. Borges de Carvalho (PPM): - Sr. Presidente, peço a palavra para uso do direito de defesa.

O Sr. Presidente: - Naturalmente que lhe darei a palavra, Sr. Deputado. Todavia, permito-me solicitar que da parte de todos os Srs. Deputados seja feito um pequeno esforço no sentido de, usando de toda a liberdade de expressão das suas ideias, evitarem expressões que venham a dar origem a pedidos de palavra para protestos, defesa de honra, etc., o que perturba o nosso debate e não enobrece a nossa instituição.
Faça favor, Sr. Deputado Borges de Carvalho.

O Sr. Borges de Carvalho (PPM): - Sr. Deputado Lopes Cardoso: Tive esperança de que o meu protesto calasse alguma coisa no seu espírito. Pêlos vistos «palavras loucas, orelhas moucas»,...

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Disse bem! Há muito tempo que não dizia tão bem!

O Orador: - ...ou algo que V. Ex.ª lhe queira chamar.
É evidente que os conceitos de V. Ex.ª são outros que não os meus e por isso os juízos de valor que faz são necessariamente diferentes. No entanto, dada a acusação expressa no seu contraprotesto, solicito a V. Ex.ª que, imediatamente, queira concretizar a sua acusação.
Não se fazem acusações desse tipo às pessoas sem as concretizar. Se V. Ex.ª quiser, de facto, fazê-lo - não faz mais do que a sua obrigação, diga-se de passagem -, solicito que me seja dada pela Mesa a oportunidade de esclarecer tão grave acusação.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Para já um duelo!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Lopes Cardoso.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Vejo que o Sr. Deputado Borges de Carvalho não presta atenção àquilo que diz e presta menos atenção ainda àquilo que o Diário desta Assembleia regista. Caso contrário,
ter-se-ia apercebido, em primeiro lugar, das palavras que pronunciou - pelos vistos sem saber o que é que estava a dizer -, e, em segundo lugar, da questão levantada por mim próprio em relação à Mesa (a questão nesse momento era com a Mesa) na sequência desse incidente.
É muito simples. O Sr. Deputado Borges de Carvalho aproveitou a minha ausência deste hemiciclo (ou pelo menos não teve o pudor de guardar o comentário sabendo que eu estava ausente) para me acusar de cobardia. Não lhe posso citar de cor, neste momento, o Diário da Assembleia que regista esta passagem, embora lhe diga que se trata do Diário referente à interpelação feita ao Governo a propósito da comunicação social.
Está lá escrito. O Sr. Deputado tinha obrigação de o ter lido e não o leu. Tinha obrigação de ter visto o Diário subsequente e também não o leu. No entanto, tinha uma obrigação maior, isto é, a de não ter proferido essas afir-