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782 I SÉRIE - NÚMERO 22

Mas, Sr. Ministro, tudo para lhe dizer que quem apregoou isto -a baixa dos impostos, o aumento de salários- foi a AD, foram os governos da AD. Portanto, se há pecado de eleitoralismo, não é nosso, está do lado do Governo e do lado que o Sr. Ministro agora representa.
Também muito me admirei pela maneira como falou da Europa. Até agora, para os senhores, a Europa tem sido mãe; parece que a partir de agora à madrasta. Será porque foram retardadas as perspectivas da entrada de Portugal no Mercado Comum? Gostaria que me respondesse a esta questão.
Por outro lado, lamento que, tendo sido a questão do .petróleo uma questão que o Sr. Ministro, em intervenções anteriores, sempre considerou como muito importante e como decisiva para as nossas dificuldades, não tenha referido agora a baixa do petróleo como um factor positivo relativamente às soluções.
Em geral, quero dizer, Sr. Ministro, que, para mim, foi muito chocante o seu discurso. O Sr. Ministro apresentava-se anteriormente com um optimismo um tanto diletante e agora apresentou-se com um pessimismo acabrunhante. Porquê esta mudança? Queria perguntar-lhe se não vê nenhuma saída para a situação e se não considera que, por exemplo, a insistência cega na estratégia do aumento das exportações (nós também somos pelo aumento das exportações e por uma política que conduza a isso), que não tenha em conta outras componentes que poderão levar à saída da crise, se não está essa estratégia comprovadamente errada, até pelos próprios resultados. O Sr. Ministro trouxe aqui os resultados, dizendo: «Bem, até aumentámos a exportação em volume, mas houve outros factores desfavoráveis, pelo que a situação não melhorou» (admitamos que os números são certos - ainda os vamos discutir). Então esta afirmação não constitui uma indicação de como é necessário variar, de que se tem que variar as soluções, o âmbito das saídas que procuramos? Não podemos, por exemplo, aumentar a produção em relação àqueles produtos que têm uma diminuta componente externa? Isso não afrouxaria as pressões que são exercidas sobre a nossa economia? Não .poderia levar a uma diminuição dos défices?
Sr. Ministro, fala-se de sacrifícios e creio que, falando-se disto, temos que começar .por dar um tratamento moral a estas questões. Porque os consumos não podem ser tratados em abstracto: há consumos e consumos. Fazia então esta pergunta: nestes 3 anos quais foram os aumentos, em números absolutos e em percentagem, dos membros do Governo? E inclua também as ajudas de custo, as despesas de representação e as despesas de transportes. Ã quanto montam os aumentos do Governo? É para sabermos se os sacrifícios se distribuem igualmente por todos os portugueses.

Aplausos do PCP.

Uma voz do PCP: - A austeridade é só paira os outros!

O Sr Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Octávio Teixeira.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - São pedidos de esclarecimento muito rápidos, estilo telegrama, devido à carência de tempo.
Gostaria de dizer, Sr. Ministro, que a sua intervenção - como, aliás, referiu - não passou de um conjunto de notas, ditas de forma baça e envergonhada. Não somos nós que estamos a querer desvalorizar a sua intervenção - foi o Sr. Ministro que o fez.
Do ponto de vista técnico (julgo que não vale a pena, por questões de tempo, estar a explicitar alguns casos concretos), foi pobre. Do ponto de vista político, procurou dar mais resposta às críticas que lhe vieram do interior da AD quer de um ponto de vista, quer do outro - do que dar resposta à interpelação do PCP.
Ao mais, disse que a situação é grave, vai continuar a ser grave e não vê muita saída para isto.
Não respondeu às questões concretas que lhe foram postas, mas gostaria, no entanto, que o Sr. Ministro tentasse responder, .pelo menos, a algumas delas. Vou pôr 3 questões muito rápidas, muito concretas que são de resposta imediata. Tenho à minha frente um jornal em que aparece referência a um cheque, passado há cerca de l mês, a favor das Religiosas Conceptualistas Franciscanas, assinado, julgo eu, pelo Primeiro-Ministro Francisco Balsemão, mas o cheque está efectivamente gravado com o nome do Presidente do Conselho de Ministros. O que é isto? Donde é que vem este Presidente do Conselho de Ministros?
A segunda questão (embora não discuta agora a problemática da actuação da banca nacionalizada no estrangeiro) era saber como é que o Sr. Ministro das Finanças vê os cerca de 380000 contos que 2 bancos nacionais têm no Banco Ambrosiano, podendo muito bem ser considerados desde já como prejuízos.
Terceira e última questão: foi focado pela Imprensa e pela Rádio nos últimos dias a questão surgida no Conselho de Ministros sobre a desproletarização. As informações foram muito difusas e não se compreendia bem o que se pretendia. Talvez o Sr. Ministro o pudesse explicar agora, uma vez que isso foi discutido em Conselho de Ministros.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Também para formular um pedido de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ilda Figueiredo.

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo...

O Sr. Ministro pode ouvir as questões que tenho para lhe pôr?

Pausa.

Sr. Ministro, apesar de não ter dado resposta a nenhuma das variadissimas questões que foram levantadas quer por mim, quer pelos meus camaradas, gostaria de, em breve nota, lhe dizer o seguinte: chocou-me profundamente e certamente chocará também o povo português - que o Sr. Ministro considere que não tem importância nenhuma que os preços aumentem mais 2 ou 3 pontos, que os sala-