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866 I SÉRIE -NUMERO 24

apurar se foi 43,5 % ou 43 %. Mas essa questão foi levantada e foi isso que referi na minha intervenção; essa questão foi levantada nessa noite.
Aliás, creio que é por isso que o Sr. Deputado Martins Canaverde tem tanta dificuldade em se pronunciar nesta questão.
Mas quero ainda dizer-lhe que, quanto a nós, o que o CDS faz é afastar-se, ou melhor, como dizia o Sr. 'Deputado César Oliveira uma vez aqui, fugir com uma parte do corpo à seringa. Isto é, o CDS procura não ser envolvido na derrota, mas está envolvido.
Portanto, os resultados desta votação não são só a condenação do Sr. Primeiro-Ministro Balsemão, como os senhores pretendem fazer crer! Não é a derrota do PSD, como os senhores andam a dizer por toda a parte, em público um tanto entrelinhas e em privado à boca toda.
Estes resultados não representam isso, mas sim a derrota da AD e é desta derrota da AD que temos de tirar todas as ilações, que, quanto a nós, vão no sentido de que a AD não tem legitimidade para continuar a governar à sua maneira.
A questão da demissão do Governo está na ordem do dia, como o está a questão; da maioria parlamentar. É que daqui para o futuro, nós, os deputados da oposição, e os senhores, os deputados da maioria, quando aqui votarmos todos qualquer lei teremos a consciência de que não estamos a representar devidamente o povo português, porque ele já não daria esta representação à sua vontade. É essa a questão que aqui está colocada, é uma questão dramática que todos vamos sentir nos trabalhos da Assembleia da República.
E é por isso que dizemos que há um único caminho são, embora haja muitas maneiras de continuar, sendo uma o continuar a apodrecer, coisa que já acontece com a AD e que, aliás, o líder do seu partido também prevê. Mas nós não queremos, que as instituições apodreçam com a AD e, com esse caminho, elas continuam a apodrecer.
Outro caminho é uma intervenção rápida, cirúrgica, que conduza as coisas ao caminho são. Ora, quanto a nós, este caminho passa pelo afastamento da AD do Governo e pela convocação de novas eleições para dar a palavra ao povo português, para que ele escolha uma maioria democrática que irá dar origem a um governo democrático.

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Durante a intervenção do Sr. Deputado Carlos Brito, pediram a palavra, para protestar, os Srs. Deputados Silva Marques, Martins Canaverde, Pedro Pinto e Luís Coimbra.
Tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Deputado Carlos Brito, a minha hipótese teórica vai no sentido de que V. Ex.ª está a incubar uma gripe de vírus parlamentarista. Espero que isso não seja princípio de uma grave cisão no interior do seu partido onde, como se sabe, o eurocomunismo está proibido.
V. Ex.ª é um deputado brilhante, sem dúvida, mas, como também sabe, um dos princípios do materialismo dialéctico é o de que a prática conduz à teoria, e daí que eu diga que V. Ex.ª está, neste: momento, em perigo de contrair o vírus parlamentarista e de ser, eventualmente, um dos dirigentes da primeira grande cisão no interior do Partido Comunista.

Risos do PCP.

Quanto a eu mudar de camisa, Sr. Deputado Carlos Brito, devo dizer-lhe que é verdade, e embora seja a primeira vez que falamos disto aqui, porque não fazê-lo já que tem sido falado em público?! Já pertenci a 2 partidos mas, realmente, não estou numa situação tão pobre que tenha mudado apenas 2 vezes de camisa na minha vida!

Enfim, sei que tenho uma grande ligação afectiva com a classe operária mas, feliz ou infelizmente, em consequência de diferenciações sociais, não estou nesse estado de depauperação. Realmente, mudo mais vezes de camisa, embora não mude todos os dias como qualquer grã-fino...

Risos.

...que, aliás, se encontram com frequência na bancada de V. Ex.a. Dá-me a impressão que a extrema-esquerda portuguesa, à falta de ideologia, muda assim de camisa e ainda por cima usa camisas bastante atraentes e vistosas. Inclusivamente, parece-me que a nossa extrema-esquerda é o requinte do quadro político português! Dá-me a impressão que quanto mais à esquerda mais se muda de camisa e mais vistosa ela é!

O Sr. Mário Tomé (UDP): -E o banhinho?!

O Orador: - Relativamente à última questão que V. Ex.ª pôs, não sei se o Prof. Freitas do Amaral tinha outra intenção - parece-me que não tinha, parece-me que V. Ex.» abusa quando refere que ele disse 43,5 %. De qualquer modo ele disse
43 %.
Agora, quanto à questão concreta, a AD teve 43 %. E a que título V. Ex.ª, ou outrem, retira do sufrágio legislativo a emigração? Nas eleições anteriores a emigração deu à AD 1,26 %; ora, 43 % mais 1,26 % dá 44,6 %, o que é uma diferença de l % relativamente ao primeiro sufrágio legislativo que deu a maioria absoluta à AD, que foi precisamente de 45 % .
Para terminar, Sr. Deputado, pergunto: em eleições legislativas que é que correrá o risco de descer? Será o PCP ou nós? VV. Ex.as -que estagnaram quando estão em causa as eleições locais- se estiverem em causa questões nacionais, estagnarão ou baixarão, uma vez que o povo português quer a democracia e VV. Ex.as não; o povo português quer a integração na Europa, VV. Ex.as não; o povo português quer a desestatização da sociedade, VV. Ex.as não!
Quem baixará numa eleição legislativa? Evidentemente que serão VV. Ex.as e a minha hipótese não é abusiva!

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Carlos Brito, pretende responder já ou no fim de todos os protestos?

O Sr. Carlos Brito (PCP):-No fim, Sr. Presidente.