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15 DE DEZEMBRO DE 1982 869

pela própria evolução da contagem. Tenha isto em atenção.
Quanto ao Sr. Deputado Luís Coimbra -que está a conversar com outros deputados do PPM - quero pôr-lhe 2 questões. A primeira, porque o Sr. Deputado insiste nos 4 pontos. É que estas coisas de matemática é bom ser-se rigoroso -já que V. Ex.ª não é rigoroso na política que o seja neste campo- e dizer-se que são 4 pontos e meio, ou 10%.
Em relação à questão que colocou sobre os países de leste, digo-lhe que nós estamos entre deputados na Assembleia da República e portanto se o Sr. Deputado deseja saber alguma coisa dos países de leste dirija-se às suas embaixadas. É esse o caminho que deve seguir.

Vozes de protesto do PSD.

O Sr. Silva Marques (PSD):-Não informam!

O Orador:-Sr. Deputado Luís Coimbra -que é nesta Assembleia um deputado representante de um partido minúsculo e que (provavelmente nunca elegeria deputados-, não venha insultar o presidente do grupo parlamentar de um partido que representa um quinto dos portugueses, portanto mais de 20% dos portugueses.

Aplausos do PC P.

O Sr. Luís Coimbra (PPM): - Não o fiz, Sr. Deputado!

O Orador: - Se alguém aqui pode ser suspeito de não representar os portugueses não sou eu, Carlos Brito, deputado do Partido Comunista Português, mas o Sr. Deputado Luís Coimbra, deputado do PPM.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Eu tenho aqui o meu assento sem favores de ninguém. Não sei se o Sr. Deputado Luís Coimbra tem assento com favores de alguém.

Aplausos do PCP.

Protestos do Sr. Deputado Borges de Carvalho (PPM).

O Sr. Presidente: - Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O povo português acaba de rejeitar este Governo ao infligir uma derrota eleitoral à AD numas eleições autárquicas que se realizaram sob o signo do teste nacional e global à política da coligação maioritária. Este carácter do acto eleitoral, foi-lhe imprimido quer pela necessidade de encontrar referenciais da vontade eleitoral do povo perante a degradação permanente e assustadora das suas condições de vida, quer pela forma e conteúdo que foram imprimidas à campanha pela oposição e, mesmo, pela AD.
Não podem restar dúvidas que quando o povo não votou AD estava a responder directamente ao desafio que havia sido lançado nomeadamente pelo Primeiro-Ministro Pinto Balsemão e pelo Vice-Primeiro--Ministro Freitas do Amaral; estava a dizer não à política que tem sido posta em prática pelo Governo AD.
No entanto, o que saiu reforçada com a derrota eleitoral da AD foi o centro. A subida eleitoral do PS, enquanto a APU estacionou e a UDP baixou, vai permitir à AD prosseguir e aprofundar o assalto que tem estado a conduzir contra os sectores mais avançados dos trabalhadores.
Quer queiramos quer não se o voto no PS foi um voto para derrotar a AD ele foi avalisar a política do PS, a política de aliança com a AD, foi um voto essencialmente no equilíbrio, um voto no centro.
Foi um voto temeroso de confrontação, foi o voto do desejo de estabilidade, foi o voto alimentado pela expectativa em Eanes, pelas ilusões no regime Novembrista e nas chamadas «instituições democráticas». Foi ainda um voto desiludido com o caminho de luta afunilado por apelos ao Presidente da República, pelo respeito religioso às chamadas instituições democráticas. Foi o voto cansado de lutar para servir estratégias eleitorais, cansado de lutar sempre com o mesmo alarido mas sempre, também, em posições cada vez mais recuadas, impostas pela direita, impostas pelas alianças do PS com a direita, impostas pelo desejo de não desagradar a Eanes, impostas pelo diluir do antagonismo entre o 25 de Abril e os interesses populares, por um lado, e o 25 de Novembro, e os interesses reaccionários da burguesia, por outro lado.
A situação criada pelo reforço do centro é uma situação perigosa na medida em que as ilusões numa saída deste tipo pode ter consequências dramáticas para a vida do nosso povo.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: A derrota eleitoral da direita, com o aumento da corrente da oposição - que se mantém, no entanto dentro da aceitável pelos limites do regime - tem como consequência o agravar das contradições internas da AD e mesmo dentro do PSD.
A AD naturalmente vai tentar superar tal situação o que, num quadro político em que foi o centro a sair reforçado, se irá traduzir num reforço da sua política reaccionária, tentando correr para a frente, tratando de retocar a imagem, dando-lhe maior coerência e vigor, mostrando que é capaz de levar por diante o seu projecto antipopular sem oscilação desgastantes, fazendo apenas concessões ao centro dentro dos parâmetros já marcados e definidos pela revisão constitucional e pela Lei de Defesa Nacional, que Lhe dá toda a liberdade de acção para prosseguir o ataque brutal contra a reforma agrária e as nacionalizadas, contra o nível de vida do povo, contra as liberdades.
Por outro lado, a subida do CDS, dentro da coligação significará a imposição -mesmo que cordata e dialogante no estilo estadista tira os cavalos da chuva» de Freitas do Amaral, preparando a vitória nas presidenciais- da via fascizante apoiada nas incongruências, hesitações, falências e concessões do centro que pretenderá resistir ao fascismo, reforçando o capitalismo o que, na época actual e com a crise em que vivemos, significa tão só abrir-lhe as portas de par em par.
Por muito estranho que possa parecer àqueles que, como de costume, se preparam para apregoar grandes