O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1184 I SÉRIE - NÚMERO 35

Não me parece que Eça de Queirós pertencesse ao Partido Comunista Português...

O Sr. António Arnaut (PS): - Era socialista!

A Oradora: - António Arnaut diz que Eça de Queirós era socialista. Acredito que fosse.
Mas, como eu ia dizendo, a verdade é que Eça de Queirós - e estamos em 1870 ou talvez alguns anos mais tarde denunciou que os senhores da terra estavam a comprar indiscriminadamente as terras ao lado das suas apenas para, com a pobreza dos operários agrícolas, obterem lucros para gastar no luxo e no jogo, em Lisboa, em vez de investirem nas terras para enriquecimento do País.
É isso que continua a passar-se, foi isso que o 25 de Abril quebrou e é isso que o Governo da AD quer repor!

Aplausos do MDP/CDE, do PCP e do Sr. Deputado António Arnaut (PS).

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Joaquim Miranda, para responder, se assim o desejar.

O Sr. Joaquim Miranda (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Relativamente ao pedido de esclarecimento do Sr. Deputado Mário Tomé apenas me resta dizer que, naturalmente, também nós nos congratulamos com os resultados que se verificaram nas eleições agora realizadas em Ourique.
Quanto ao resto, penso que o Sr. Deputado Mário Tomé trouxe aqui as posições do seu partido, que são conhecidas, repetiu-as mais uma vez nesta Câmara, não me tendo feito qualquer pedido de esclarecimento, pelo que não me cabe dar qualquer resposta, que seria descabida.
Relativamente à Sr.ª Deputada Helena Cidade Moura, apenas me resta agradecer as palavras que trouxe a esta Câmara porque elas ilustram a intervenção que proferi antes.
Estou de acordo com aquilo que aqui referiu e, por isso mesmo, resta-me agradecer-lhe as suas palavras.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Silva Marques havia pedido a palavra para um protesto, mas, entretanto, o Sr. Deputado Mário Tomé sentiu-se atingido por palavras que o Sr. Deputado teria proferido. Assim, não sei se pretende usar da palavra imediatamente para protestar ou se prefere ouvir primeiro o Sr. Deputado Mário Tomé, respondendo, depois, em conjunto.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Prefiro responder em conjunto, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para usar do direito de defesa, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: De facto, não posso deixar passar sem um veemente protesto - pois a minha própria dignidade de revolucionário...

Risos do PSD.

... e de representante, aqui, de uma política que vê na luta revolucionária de todo o povo o caminho da transformação do nosso país no sentido de felicidade, do bem-estar e da liberdade para os trabalhadores e para o povo em geral a isso me obriga -, dizia eu, não posso deixar sem um veemente protesto as palavras do Sr. Deputado Silva Marques acerca da luta dos operários da Marinha Grande.
Não posso admitir que um deputado que muita, não sei se diz assim aí desse lado, nas fileiras da AD, do PSD - que tem uma prática constante, sistemática e quotidiana de repressão da luta dos operários, da luta do povo, que tem uma prática quotidiana de exploração dos operários-, diga que está com a luta e a rebelião da Marinha Grande.
Aliás, se o diz aqui é apenas porque pensa que isso está já apenas nas páginas da história. Mas não está, Sr. Deputado, esta luta está presente em todos os operários, em todos os trabalhadores, está presente em todos aqueles que hoje se batem contra a exploração e contra a opressão!
E mais: aquilo que foi fundamental na luta da Marinha Grande não foi apenas a luta contra a ditadura, foi também a perspectiva, sempre presente na mente e na luta dos operários, da conquista do poder.
É isto que o Sr. Deputado Silva Marques quer esconder, ligando esta luta apenas a uma outra vaga, apenas à luta contra a ditadura fascista, em que tantos burgueses e tantos reaccionários de hoje também estiveram metidos.
A luta contra a ditadura fascista foi conduzida principalmente pela luta dos operários e aí os partidos revolucionários e aqueles que se identificavam com a luta dos operários tiveram um papel importante que não pode ser posto de parte, muito menos da forma como o fez o Sr. Deputado Silva Marques.
Portanto, Sr. Deputado, a luta dos operários da Marinha Grande em 18 de Janeiro de 1934 é um exemplo...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, peco-lhe o favor de concluir, pois o seu tempo terminou e V. Ex.ª não está a intervir, está a defender-se de palavras que considerou injuriosas.

O Orador: - Termino já, Sr. Presidente.

Portanto, Sr. Deputado, esse exemplo mantém-se presente e os operários, os trabalhadores e o povo em geral vão seguir esse caminho para liquidar as novas formas de ditadura que crescem e que se vão impondo, para abrirem o caminho da liberdade e da democracia a sério, o caminho da democracia operária e da revolução para o bem-estar de todo o povo!

Uma voz do PSD: - És um vigarista!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Deputado Mário Tomé, eu não o tinha ofendido. No entanto, V. Ex.ª, num ímpeto de revolta não sei se operária -, tinha que tomar a palavra e tomou-a por essa via. V. Ex.ª não me ofendeu e não tenho que dar explicações porque também não o ofendi.
Relativamente à questão política, devo dizer que é necessário que a revolta tenha lugar onde os operários, e não só os operários, mas os cidadãos, não têm voz e muito menos voto. Do meu ponto de vista, eles devem