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21 DE JANEIRO DE 1983 1255

Não se pode continuar a fazer remendos, a encontrar apenas soluções provisórias, tentando acorrer às carências imediatas, mas há que reestruturar profundamente o sistema ferroviário em Portugal, que estou convencido ainda ser o melhor meio de transporte e o meio de transporte do futuro.

Aplausos do PS, da ASDI e da UEDS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Lemos Damião.

O Sr. Lemos Damião (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A intervenção da Sr.ª Deputada lida Figueiredo levantou uma questão que nos preocupa também a nós, Partido Social-Democrata, e que é o problema dos têxteis. Os têxteis, como sabemos, são indústrias pobres, e podemos mesmo dizer, indústrias dos países subdesenvolvidos...

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Tem graça que são os que andam mais mal vestidos! Porque será?

O Orador: - Tenha maneiras, Sr. Deputado. O senhor tem que tomar os remédios porque anda mal.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Foi só um aparte. Não se podem fazer apartes?

O Orador: - A Sr.ª Deputada referiu-se à empresa Lopes Correia, que tem 1400 trabalhadores. Ora, se na zona de Guimarães só estivesse em crise a têxtil Lopes Correia ainda podíamos estar mais ou menos tranquilos. Reconhecemos que, de facto, grassam grandes dificuldades no sector têxtil, e não só na empresa Lopes Correia, que, por intermédio da sua administração e gerência, tem feito um esforço sobre-humano para garantir os postos de trabalho. Temos até de dizer que gestores e administradores daquela estirpe não são comuns nos nossos dias, arriscando os seus bens pessoais e tudo aquilo que têm para poderem dar à empresa um mínimo de estabilidade e para garantirem aos trabalhadores os parcos vencimentos que auferem.
No entanto, na zona de Guimarães - apesar de ameaçada por uma altura cíclica em que, neste sector, há grandes dificuldades - verificamos, com grande entusiasmo e satisfação, o esforço que os empresários e industriais do concelho e da região estão a fazer, procurando arranjar meios para que os seus trabalhadores se reciclem, apetrechem, adquirindo os conhecimentos necessários para quando entrarmos na CEE eles poderem estar à altura dos concorrentes.

Protestos do PCP.

É isso que se verifica quando os viajantes pracistas se reúnem todos os anos - e este ano fizeram-no uma vez mais -, num esforço notável e notório de aperfeiçoamento profissional, substituindo, por vezes, os organismos oficiais e os principais responsáveis, procurando apontar para a formação profissional que a escola ainda não dá na região. E um alerta que daqui dirijo às instâncias governativas é no sentido de que a Universidade do Minho procure, cada vez mais, estar atenta e responder aos desejos que os industriais da região tanto buscam e às carências que os próprios trabalhadores, reconhecem, reconhecem.
Sendo Guimarães uma região potencialmente rica, verificamos que as infra-estruturas são, de facto, muito
carenciadas - faltam-nos estradas, nomeadamente para um grande pólo de desenvolvimento industrial, que é o Pevidém. Por mais caricato que possa ser, aconteceu que ainda há bem pouco tempo veio um transporte com máquinas para uma das empresas da zona e a estrada não tinha dimensões suficientes para que esse camião pudesse chegar ao seu destino. Assim, teve que fazer o percurso de marcha atrás, facto esse que levou os industriais da região a dizer que ali o progresso anda ao contrário da Europa. Portanto, em vez de avançarmos estamos a recuar!
Queria ainda realçar o facto de a linha férrea de Guimarães que passa por Vizela estar há longos dias ou há longos meses cortada. Ora, tal facto vem, sobremaneira, afectar a situação económica das empresas, na medida em que, para enviarem os seus produtos através do caminho de ferro, têm que fazer 6 km ou 7 km até à estação de caminhos de ferro do Lordelo, o que tem reflexos económicos negativos.
No entanto, apesar de tudo isso, os industriais de Guimarães e os trabalhadores estão optimistas, porque pensam que este mau momento que a indústria têxtil está a passar terá, no futuro, compensação para as muitas carências que sentem, quer porque a administração local procurará dar-lhes respostas, quer também porque o Poder Central está atento a todas as suas dificuldades e procurará minorá-las através da Secretaria de Estado do Emprego, e através dos Ministérios da Indústria e do Comércio.
Portanto, apesar de não serem risonhas as perspectivas para as gentes da nossa região, trabalhadores e industriais, como português que sou, confio e estou certo que levaremos a «bom porto» todas as dificuldades para que Guimarães, toda a região e, nomeadamente, o sector têxtil, possa continuar a dar a este país o contributo que na balança de pagamentos é bastante significativo.

Aplausos do PSD e do PPM.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Magalhães Mota.

O Sr. Magalhães Mota (ASDI): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A Assembleia da República, fazendo, como faz, parte essencial da vida portuguesa, não poderá, no momento em que as intervenções sobre o período de antes da ordem do dia são dedicadas a factos da actualidade, deixar passar sem uma palavra um facto da mais relevante importância ontem ocorrido e iniciado. Refiro-me ao 1.º Congresso dos Jornalistas que ontem pôde iniciar os seus trabalhos e que os vai prolongar ao longo de vários dias.
A democracia representativa veio chamar a atenção para alguma coisa que merece reflexão por parte desta Câmara. É que o cidadão, tornado eleitor e soberano no momento em que vai depositar o seu voto nas umas, para ser efectivamente cidadão e soberano precisa de ser autenticamente cidadão no período que medeia entre os actos eleitorais a que é chamado a participar. Ou seja, só há um acto eleitoral livre e consciente quando os cidadãos conhecem com exactidão os problemas, podem sobre eles ajuizar, são capazes de sobre eles reflectir, são capazes de emitir o seu juízo com independência, com vontade, com liberdade e responsabilidade. E isso só é possível também com cidadãos informados. Daí que o papel da comunicação social seja essencial à democracia. Só cidadãos informados são cidadãos livres; só cidadãos informados são cidadãos responsáveis; só cidadãos infor-