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19 DE OUTUBRO DE 1984 133

esperança vamos dar aquilo que é uma grande responsabilidade e que por vezes é esquecida: o nosso voto ao Orçamento de 1985, que muitos anunciam como um Orçamento difícil - e cada um de nós já vai perguntando até que mês do ano durará sem que seja preciso novo orçamento suplementar.
O País começa a estar cansado de milhões de contos, o País o que vê é que os números previstos para a inflação, para o desemprego, para o défice são uns nas previsões e outros nos resultados. Não neste governo só, mas na generalidade dos executivos, com raras e honrosas excepções.
O País foi assustado. Costuma-se dizer que este povo não se importa de ser assustado e que até nem se importa de passar sacrifícios. Mas se há que pedir sacrifícios ao povo, que se peçam de uma vez; se há que pedir austeridade e rigor, que se peçam de uma vez e que eles passem de uma vez. Porque há também aqui um problema de geração, e aqueles que, como eu, no 25 de Abril de 1974 tinham menos de 20 anos não querem um dia pedir contas pelo desastre à geração que hoje governa o País.

Aplausos do PSD e do CDS.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Beiroco.

O Sr. Luís Beiroco (CDS): - Sr. Deputado Santana Lopes, o meu partido já dispõe de pouco tempo e, por isso, terei que ser muito sóbrio neste pedido de esclarecimento, pelo que não poderei dizer tudo o que, neste momento, lhe gostaria de dizer.
Quero, no entanto, começar por saudar e congratular-me pelo facto de o Sr. Deputado Santana Lopes, que há muito tempo anda afastado da intervenção parlamentar, a ela ter regressado, na medida em que penso que as suas intervenções serão sempre uma forma de enriquecer a vida deste Parlamento.
Julgo que estaremos de acordo em muitas coisas, Sr. Deputado Santana Lopes. Sabemos que os males vêm de trás; temos a noção de que não se pode fazer tudo num dia, nem num mês, nem num ano, nem em dois ou três; sabemos que na questão das relações económicas externas e da situação cambial houve melhorias. Mas sabemos também que, relativamente à gestão das finanças públicas, os termos do agravamento do défice são extremamente preocupantes.
A questão muito concreta que levanto é a seguinte: nem tudo se pode fazer num dia, mas há-de haver um dia em que é preciso começar a fazer alguma coisa para inverter a marcha da economia e das finanças portuguesas para o abismo. O Sr. Deputado Santana Lopes considera que nestes meses de gestão orçamental se deram ou começaram a dar esses passos significativos no sentido de inverter este estado de coisas?

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, apesar de estarmos na hora regimental para a suspensão da sessão, vou dar já a palavra ao Sr. Deputado Santana Lopes para responder, até porque não há mais pedidos de esclarecimento.

O Sr. Santana Lopes (PSD): - Sr. Deputado Luís Beiroco, antes de mais, muito obrigado pelas suas palavras iniciais.
Perguntou o Sr. Deputado se nestes meses de gestão orçamental se deram ou não os passos significativos para inverter o rumo dos acontecimentos.
Se o Sr. Deputado está a atribuir ao vocábulo "significativos" o mesmo sentido do que eu, então penso - como aliás ficou patente nesta discussão, quer em intervenções de deputados da maioria, quer do próprio Governo, quer até das oposições - que esses passos não foram ainda dados.
A posição do meu partido - e é em nome do meu partido que aqui falo - é de que, com este governo, será possível, ainda, dar esses passos significativos para inverter esse mesmo rumo.
É nesse sentido que aqui estamos e é por isso que fomos eleitos. Eu, como deputado eleito pelo meu partido, cumpro fielmente a sua vontade - sempre tive essa noção -, sem abdicar da minha liberdade de pensamento. A posição do meu partido é essa e é por essa posição que aqui me bato.
Penso, por isso mesmo, que este governo contará com o PSD para tentar dar esses mesmos passos.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, são os seguintes os tempos disponíveis de que cada bancada e o Governo ainda dispõem: Sr. Deputado Independente António Gonzalez, 4 minutos; ASDI, 6 minutos; UEDS, 9 minutos; MDP/CDE, 13 minutos; CDS, 3 minutos; PCP, 8 minutos; PSD, 21 minutos; PS, 23 minutos; e Governo, 22 minutos.
Srs. Deputados, está suspensa a sessão.

Eram 13 horas.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, está reaberta a sessão.

Eram 15 horas e 20 minutos.

Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente Fernando Amaral.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado César de Oliveira.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Uma primeira nota que eu gostaria de começar por salientar nesta minha breve e não técnica intervenção era a seguinte: parece que começa a estar na moda, na Assembleia da República, as pessoas fazerem intervenções para ditar para a acta.
Ontem o Sr. Deputado Luís Barbosa, do CDS, fez uma intervenção para ficar na acta. Acabámos de ouvir, antes do almoço, o Sr. Deputado Pedro Santana Lopes proferir uma intervenção para o mesmo efeito.
Começo-me a interrogar, e espero que não seja esta a resposta, que se as pessoas começam a fazer intervenções para ficar na acta - eu espero que não seja o caso de nenhum dos Srs. Deputados - não será para que, numa eventual situação de rotura democrática, as pessoas possam afirmar que nunca tiveram nada a ver com a democracia. Espero bem que não seja para este tipo de desígnios que se façam intervenções no Plenário.
Espero bem.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Eu tenho estado à espera do Sr. Prof. Mota