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254 I SÉRIE - NÚMERO 8

Os emigrantes portugueses do Canadá trabalham em fabricas, em duros trabalhos da construção civil, em hotéis e restaurantes, na limpeza de grandes edifícios, no serviço doméstico. E também são comerciantes, empregados de serviços, homens e mulheres de mil ofícios em terras longínquas Definem--se a si mesmos Cito. «No nosso pais nós nos queríamos, a alqueivar as terras, à trabalhar as fábricas, a abrir as estradas, a construir as escolas e os hospitais de que tanto carecem as nossas cidades e as nossas vilas. E que, por faltarem, deixaram desocupados os nossos braços e nos foram apontadas as portas do exílio económico - a emigração.»
Só que, Srs Deputados, o exílio económico transforma-se rapidamente em exílio cultural se não forem tomadas as medidas necessárias E as comunidades portuguesas correm o perigo de se diluírem na sociedade canadiana, se o Pais e os responsáveis governamentais lhes virarem as costas
As reclamações são instantes pedem-se bibliotecas - e, em vez disso, a Secretaría de Estado da Emigração envia boletins de autêntica propaganda e promoção governamentais Pedem-se apoios para actividades culturais diversificadas - e vão escassos trajos regionais Pede-se um programa cultural seno, um adido cultural, a organização e programação da deslocação de significativas actividades culturais portuguesas (para beneficio directo da comunidade, mas também para que a cultura portuguesa seja conhecida e se afirme no Canadá) - e a resposta e o negligente silêncio e desinteresse
A coesão das comunidades mete-se pelos olhos dentro Mas a paciência tem limites
Como pode a segunda geração sentir e falar português se não existe um programa escolar empenhado, se a escola portuguesa que ai existe vive da iniciativa própria e se ate o material escolar que vai e muitas vezes insuficiente?
As autoridades canadianas implementam hoje um programa piloto, com o ensino da lingua-mãe meia hora por dia
Visitei uma escola canadiana em Montreal, uma escola com 45 % de alunos portugueses, onde esse programa esta a ser aplicado O director louvou os alunos e os pais pela colaboração que prestavam a escola Mas queixou-se os alunos não tinham acompanhamento suficiente, porque em casa dos pais só falavam português
E obvio o alcance desta observação O ensino do português serve, paia as autoridades canadianas, o mínimo de equilíbrio psicológico do aluno e da família Mas o objectivo e a sua integração na sociedade canadiana E, Srs Deputados, se nos importa equacionai as consequências disso, então são precisas armas fortes vontade política, programas de desenvolvimento da escola portuguesa, afirmação cultural própria

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP) - Muito bem!

O Orador: - E também conhecimento concreto da realidade do nosso pais Informação concreta, continua e pluralista Ou seja, o contrario do que sucede hoje

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP) - Muito bem!

O Orador: - As queixas dos profissionais da comunicação social e das direcções das associações são múltiplas A informação chega tarde, distorcida e governamentalizada; jornais que eram enviados pela Secretaría de Estado da Emigração deixaram de sê-lo, serviços formativos e noticiosos têm de ser pagos para serem transmitidos ou divulgados na comunidade portuguesa no Canada

O Sr José Magalhães (PCP) - Muito mal!

O Orador: - E por sobre tudo isto, as dificuldades constantes em resolver os problemas que se colocam aos emigrantes em Portugal, a falta de informação sobre os processos e dossiers, arrastando-se pelos tribunais e serviços da administração portuguesa, a inexistência de estruturas serias e eficazes que permitam ao emigrante obter resposta para as perguntas que faz e tem de fazer acerca dos seus problemas e questões
Como caso-limite, quase anedótico, a história que me contou um jovem que pretendia vir a Portugal e foi a serviços oficiais portugueses perguntar se teria problemas «militares» Resposta «Não sabemos, mas se for preso a entrada, e porque tem problemas!»
Isto não pode ser! Como não se pode admitir que, fechada a emigração, sejam as autoridades nacionais, aqui, em Portugal, a aconselhar a emigra cão clandestina, com passaporte de turista, abandonando portugueses a exploração, aos baixos salários, à falta de protecção social, ao risco da expulsão
Questões como as que acabei de referir não podem cair em saco roto Por isso mesmo, hoje entrego um conjunto de duas dezenas de requerimentos ao Governo Fico a espera de respostas urgentes

Vozes do PCP - Muito bem!

O Orador: - Srs Deputados O Canada e uma terra imensa, com perto de 10 milhões de quilómetros quadrados e apenas pouco mais de 24 milhões de habitantes Riquíssimo em recursos naturais, o Canada sofre, no entanto, hoje as sequelas e contradições do seu modelo sócio-económico O numero de desempregados ultrapassa l 600 000, aproximando-se dos 14 % Em escassos anos, o desemprego duplicou O lay-off e o desemprego são duras realidades com que se defronta um numero crescente de portugueses

O Sr Luís Beiroco (CDS) - E uma miséria, o Canadá!

O Orador: - A pergunta vem, naturalmente, por parte desses portugueses «Pode-se regressar a Portugal?» Que responderiam os Srs Deputados? Que praticamos em Portugal uma política de desenvolvimento geradora de novos postos de trabalho Que o credito e acessível e o investimento incentivado? Que existem programas de desenvolvimento regional capa/es de catalisar as poupanças dos emigrantes? Responderiam a algumas dessas coisas, Srs Deputados? A resposta e evidente não, porque nada disso esta em curso