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928 I SÉRIE-NÚMERO 25

vida profissional. Admito que não queiram deixar de ser advogados, engenheiros, gestores públicos, etc., porque têm encargos a que têm de fazer face.
O Sr. Deputado disse ainda que a nossa proposta não é menos gravosa do que a da AD, pois tem valor idêntico. Peço-lhe, pois, que faça um cotejo não em valores absolutos, mas sim em valores de 1980 ou 1981 com valores de hoje. Faça a correcção e, nessa altura, verá qual delas é manifestamente mais gravosa. Contudo, o que está neste momento em causa não é a proposta que foi apresentada pela AD, mas sim a proposta do Governo.
Perguntou-me ainda se a proposta do Governo corresponde ao pedido da comissão no sentido de enviar os estudos que foram feitos. Não tenho conhecimento de nenhum pedido que me tenha sido formulado no sentido de enviar qualquer tipo de estudos que tenham sido realizados. Peço-lhe, pois, que fundamente por escrito esse pedido.
Quanto às notícias publicadas no Expresso, não me posso referir, até porque não sou persona grata, nem tenho acesso privilegiado nem a esse nem a qualquer outro jornal.

O Sr. João Amaral (PCP): - Ora, ora! Ainda no outro dia deu uma entrevista para esse jornal!

O Orador: - Pediram-ma e dei-a!
Quanto ao vício de raciocínio, salário mínimo e vencimentos de deputados, devo dizer que o que fiz foi apenas uma relação, e se o Sr. Deputado a põe em causa, desminta-me se tem elementos para tal. O que referi foi que, mesmo em termos de salário mínimo, o ordenado do deputado português, cotejado com o vencimento dos deputados de qualquer democracia da Europa, está muito abaixo. E dei exemplos: dei 1 para 9 em Espanha, dei 1 para 6,5 em França, poderia dar 1 para 4 ou 5 na Inglaterra, e disse-lhe também que neste momento a relação é de 1 para 4 ou 4,5 e ficará de 1 para 5 ou 5,5. Porém, se em vez de usar o salário mínimo o Sr. Deputado quiser usar o salário médio, que é outro critério, chegará às mesmas conclusões: Portugal é um país que está abaixo de qualquer país europeu.
Não se pode fazer um cotejo em valores absolutos, pois não terá significado, mas quando se coteja um vencimento com salário mínimo e médio, a comparação é perfeitamente legítima e não tem defeito.
O Sr. Deputado também disse que tenho a obrigação de conhecer a situação do País. Creio, pois, que a conheço, menos mal e uma das coisas que conheço na situação do País é uma classe política que não está suficientemente prestigiada, que não está suficientemente profissionalizada e, portanto, é preciso deixar o amadorismo em que temos vivido e passarmos a poder ser políticos ao nível europeu, porque daqui a pouco teremos de começar a conversar diariamente com políticos europeus - aliás, já de certo modo estamos a conversar com eles.
O Sr. Deputado António Capucho pediu-me para lhe refrescar a memória. Não se trata de refrescar a memória, uma vez que não pode ter memória de um facto que não presenciou. Devo, pois, dizer-lhe, Sr. Deputado, que o projecto da AD - de que lhe posso dar os traços gerais, mas creio que talvez não valerá a pena estarmos a entrar nessa questão com profundidade - foi não só proposto pelos dois partidos da AD como votado por esses mesmos dois partidos e pelo PS, depois de termos discutido aspectos pontuais e de termos introduzido nesse projecto algumas correcções. Essa discussão levou-nos a uma maratona até às 4 ou 5 horas da manhã e talvez não tenha havido a serenidade suficiente para termos feito um estudo aprofundado de todas as implicações desse projecto. A realidade foi essa e não vale a pena estarmos a escondê-la.
O Sr. Deputado Carlos Brito disse que os meus argumentos. não tinham novidade. 15so é natural, pois é já a terceira vez que me pronuncio aqui sobre esta matéria e, por conseguinte, a capacidade de originalidade não poderá ser muita. Em todo o caso, creio que não fui tão maçador como quanto se possa pretender. Porém, também pergunto como é que se pode ser original numa matéria que já é tão repetitiva.
O Sr. Deputado afirmou ainda que me comovo cada vez menos com a realidade do País. Ora, isso não é verdade. Aliás, devo dizer que tanto o Sr. Deputado como os restantes membros do partido a que pertence não têm o privilégio nem o exclusivo da comoção. Se V. Ex.ª pretende que é mais bem formado do que eu ou de qualquer outro Sr. Deputado, isso é uma presunção sua, respeito-a, na sua maneira de ser - e devo dizer-lhe que até creio que é uma pessoa bem formada. Porém, não deve duvidar da boa formação dos outros. Se o Sr. Deputado me conhecesse minimamente, sabia que aquilo que disse não se adapta à minha maneira de ser.
Referiu-se ao quadro dos vencimentos actuais, perguntou quanto é que eu ganhava, quanto é que me era dado para despesas de representação e quanto é que custou a viagem ao Japão. Ora, Sr. Deputado, isso consta da lei! Será que um deputado tem legitimidade para perguntar a um membro do Governo aquilo que está numa lei que ele próprio fez? Em todo o caso, vou informá-lo que um ministro ganha 100 000$.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - 104 000$!

O Orador: - Não Sr. Deputado, não ganha 104 000%, mas sim 100 400$, e para despesas de representação tem ainda 30 5005. Se os Srs. Deputados acham que tal quantia é um exagero, um escândalo, esse é o vosso ponto de vista. Estou certo que não será esse o ponto de vista do sensato povo português, que sabe perfeitamente que, apesar de tudo, a classe política é suficientemente importante e até diminuta em número para que aquilo que se lhe atribua não tenha grande expressão económica e possa ter grande expressão política.
Não sei quanto é que custou a viagem ao Japão. Portanto, para V. Ex.ª saber quanto é que custou, terá de fazer um requerimento ao Governo.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Já fizemos.

O Orador: - Contudo, no mundo de hoje e num país que está a procurar relacionar-se, abrir mercados e perspectivas por esse mundo fora, é um pouco provinciano que se julgue que é poupando na farinha e gastando no farelo que se resolvem os problemas nacionais.
O Sr. Deputado pediu-me ainda para fazer uma comparação com a vizinha Espanha em termos de re-