O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

24 DE JANEIRO DE 1985

A primeira delas traduz-se no facto de, entre as várias alternativas possíveis, ter escolhido a estatização. Ora, o que referiu não é estatização. A estatização é coisa bem clara, bem determinada, de conteúdo inequívoco, de acordo com a literatura especializada.
Relativamente às alternativas, compreendo que cite o Sr. Deputado João Salgueiro e que adie as alternativas que ó CDS tem. De qualquer modo, gostaria que confirmasse se esse adiamento é para a sede própria, para a comissão de especialidade, onde, presumo eu, surgirão as alternativas propostas para as áreas que referi.
Queria concluir dizendo-lhe, com sinceridade que proeuro colher as posições das oposições e ninguém tem o díríto de pôr em causa esta minha atitude pessoal. Por outro lado, queria ainda dizer que a agressividade nunca colhe.

O Sr. José Gama (CDS): - Para quem é essa?

O Orador: - Obviamente, para quem me estou a dirigir.
A agressividade - repito - nunca colhe. É pública a agressividade que o Sr. Deputado põe nas suas intervenções e como eu não tenho comportamento similar, apenas quero registar que a agressividade nunca colhe.

O Sr. Presidente: - Para contraprotestar, tem a palavra o Sr. Deputado João Lencastre.

O Sr. João Lencastre (CDS): - Vejo que a bancada da UEDS continua bastante agressiva a respeito das ideias que expresso.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Exactamente!

O Orador: - O Sr. Deputado César Oliveira que é, segundo julgo saber, o historiador da classe operária, fez...

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Posso interrompê-lo, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça o favor.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Agora, e devido às intervenções de V. Ex.ª nesta Câmara, estou-me a dedicar particularmente ao estudo da construção do Estado Novo e do salazarismo, abandonando a história da classe operária.

O Orador: - 15so só me leva a crer que o Sr. Deputado César Oliveira confunde o liberalismo, que é o que eu defendo, com o salazarismo, o que me parece ser uma grave confusão ideológica.
Mas o que acho muito mais grave é que os Srs. Deputados da UEDS aqui venham dizer que, em Portugal, a única alternativa liberal ao actual sistema é uma ditadura quando o que está na origem da ditadura é, sim, o descalabro económico a que uma certa ideologia, que os senhores subscrevem, tem levado Portugal.

Aplausos do CDS.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Está a ver! Está a ver!

O Orador: - Devo dizer ainda ao Sr. Deputado César Oliveira que as minhas linhas básicas programáticas económicas não passam por despedimentos de pessoal. Não é objectivo do liberalismo despedir pessoal, pelo contrário, o seu objectivo é criar postos de trabalho. Está, portanto, mais uma vez enganado.
O Sr. Deputado Hasse Ferreira falou na minha cultura livresca.
De facto, aqui, não resisto a referir que o Sr. Deputado Hasse Ferreira tem sido, julgo eu, professor ou instrutor do CIFAO, que é um organismo que funciona junto do IPE, um apêndice do IPE.
Ora, eu tive oportunidade de ser gestor de várias empresas em Portugal e também no estrangeiro. Aí, colhi alguma experiência, que não me parece tratar-se de cultura livresca, e gostaria de saber que experiência tem o Sr. Deputado Hasse Ferreira que não seja livresca.
Quanto à observação que o Sr. Deputado Almerindo Marques fez quanto à minha agressividade, está no seu direito, não lho contesto.

O Sr. Hasse Ferreira (UEDS): - Sr. Presidente, peço a palavra para exercer o direito de defesa.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Hasse Ferreira.

O Sr. Hasse Ferreira (UEDS): - Queria explicar, para que fique claro, que, ao contrário do que fizeram outras pessoas, interrompi o meu contrato no IPE. Porém, não foi só lá que ensinei, mas também em duas Universidades do Estado.
Por outro lado, tenho uma experiência de empresa que, se V. Ex.ª quiser, pode comprovar pedindo ao IPE o meu curriculum, quando voltar a ser seu presidente num próximo governo da AD ou quando for ministro das Finanças nesse governo da AD. É que estamos já preparados para tudo! Paciência! Apesar de tudo, esta solução seria melhor que outras que também já aventámos...
Já suportámos um governo da AD, pode ser que venha a haver outro e que seja V. Ex.ª o ministro das Finanças. Longe vá o agouro, mas, enfim, o que se há-de fazer?!
Ou, então, se quiser, envio-lhe o meu curriculum ou até lho dou pessoalmente.
É claro que não comparo a minha experiência profissional com a do Sr. Deputado, que é muito mais longa. Mas o que acontece é que, em meu entender, as propostas que V. Ex.ª faz nas intervenções que aqui apresenta radicam-se, não na experiência que tem, mas em preconceitos ideológicos que o fazem alterar a perspectivação em que efectivamente se insere.
Era apenas isto que eu queria dizer. Conheço, grosso modo, a sua experiência e o seu curriculum impressionante e é exactamente por isso que reajo assim. Se se tratasse de um deputado sem qualquer experiência de empresa a dizer aqui o que V. Ex.ª disse, eu não me incomodava. Talvez lhe fizesse uma pergunta ou talvez não lhe fizesse nenhuma. Agora, o Sr. tem particulares responsabilidades porque é um gestor com uma experiência extraordinária.
A minha tese, que V. Ex.ª certamente rejeita, é que o Sr. Deputado se apresenta aqui movido por razões ideológicas e não baseado na sua experiência.
Mas o Sr. Deputado João Lencastre não respondeu a nada do que eu perguntei e levou a questão ad