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12 DE JULHO DE 1985 4275

por um território que abrangia sensivelmente os actuais concelhos de Almada e Seixal.

Data também da primeira dinastia a fundação em Cacilhas, de Albergaria dos Palmeiros também < casa dos gafos», que consta já existir em 1260 e é uma das mais antigas instituições de assistência do País e uma das poucas de administração e talvez fundação municipal.

Em 1384, quando do cerco castelhano a Lisboa, Almada foi tomada pelos castelhanos. O cerco do castelo e a resistência heróica dos seus defensores constituíram uma página brilhante da história almadense, a que o famoso cronista Fernão Lopes dá excepcional relevo.

Posição igual não houve em 1580, quando Filipe II de Espanha se apoderou do trono português mas, a adesão e comportamento popular em 1640 compensaram bem esta falta a que aliás o povo era alheio.
Em 1640 o povo participa na ocupação das suas fortalezas e os artilheiros de Almada são considerados forças de confiança da revolução.

Em 1833, após a batalha da Cova da Piedade entre liberais e miguelistas, adere ao duque da Terceira e à causa liberal com grande entusiasmo popular, colabora na organização da sua própria defesa e na de Lisboa, construindo linhas de defesa e constituindo um batalhão de voluntários.

Já eram então muito numerosos e activos os liberais almadenses e, os princípios liberais de democráticos não se vão perder. São estes princípios e atitude política que vão permitir em Almada em 1910 a proclamação da República no dia 4 de Outubro, sendo a primeira vila ou cidade portuguesa a içar a bandeira republicana.

Com uma história muito viva Almada esteve sempre presente de algum modo nos grandes momentos históricos.

Por terras do concelho de Almada passaram muitas das mais notáveis figuras da vida nacional: Nuno Álvares Pereira foi donatário do Alfeite, por doação de D. João I (1385); Gil Vicente representou na vila perante a Corte, pela primeira vez o Auto da Índia; O Prior do Crato, D. António, teve aqui casas que ainda hoje lhe conservam o nome. Aqui moraram e tiveram cargos Francisco de Sousa Tavares, D. João de Portugal, Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena de Vilhena, que Garrett imortalizou no seu Frei Luís de Sousa, Francisco de Andrade o cronista-mor do reino foi destituído do cargo de Guarda-Mor da Torre do Tombo por preferir estar em Almada, onde foi várias vezes provedor da Misericórdia; Fernão Mendes Pinto, casou em Almada, aqui escreveu a Peregrinação (no Pragal), foi juiz da vila e em Almada faleceu; Diogo Paiva de Andrade viveu em Almada; por aqui passaram, nasceram, viveram ou morreram os Costas, arneiros-mores do Reino, D. Álvaro Abranches da Câmara, os Távoras da Caparica, Frei Francisco Foreiro, Bocage (que em criança aqui escreveu os seus primeiros versos), a Marquesa de Alorna, Elias Garcia, Columbano Bordalo Pinheiro e dezenas de outros, que foram grandes nas artes, nas letras e nas ciências.

Desde muito cedo, Almada criou as suas próprias instituições. Muito provavelmente no século XII nasceu a sua primeira instituição de assistência - a Albergaria dos Palmeiros - em Cacilhas, que vem a transformar-se na Albergaria de S. Lázaro e é uma das mais antigas organizações do género do País, bem como uma das poucas de fundação ou administração municipal.
Seguiu-se-lhe no século XV o Hospital de Santa Maria e, em 1555, a Misericórdia, que herdou os bens e tradições das anteriores e funcionou ininterruptamente até aos nossos dias, desempenhando actualmente um importante papel na assistência a crianças e idosos.
Nesta linha de tradições se inseriram numerosas pequenas irmandades que ao longe de séculos cuidavam de crianças e idosos e construíram igrejas e albergues e é também na mesma linha que podemos entroncar o poderoso movimento associativo almadense nascido do liberalismo. Este movimento iniciado em 1846, conheceu um grande surto a partir de 1889, traduzindo-se hoje numa força composta por mais de uma centena de colectividades.

A participação popular - elemento essencial no desenvolvimento de Almada

O concelho de Almada destaca-se, desde longa data, no contexto nacional como um concelho de forte dinamismo popular e intensa actividade colectiva nos domínios sócio-culturais.
O património cultural. é vasto, remontando mesmo à pré-história, de que existem vestígios de povoamentos e achados de grande valia cultural.
De um passado mais recente, o artesanato cesteiro, oleiro, tanoeiro, ferreiro, carpinteiro e tecelão, revelam a capacidade criadora de uma população que proeurou sempre superar as condições económicas adversas que caracterizaram a região no século XIX.
As colectividades, de profunda raiz popular, constituíram, a partir das últimas décadas do século passado, o grande motor impulsionador da vida sócio-cultural do concelho, dinamizadas pelas correntes liberais da época. O papel das colectividades marcou indelevelmente as características do concelho, que ainda hoje perduram, mau grado as perseguições e as pressões sofridas durante o regime fascista.
Após o 25 de Abril, a criatividade acumulada ao longo dos anos ganhou novo impulso, agora livre de se expandir e beneficiando de um forte factor de apoio vindo das autarquias do concelho. As acções culturais desenvolvidas pelas colectividades populares ao nível dos respectivos círculos associativos dinamizaram-se em contacto aberto e directo com as populações; o intercâmbio de ideias e as iniciativas conjuntas desenvolveram-se por todo o concelho e novos domínios de actuação foram abertos no campo social, ganhando novas formas e procurando suprir carências de longa data sentidas por toda a população trabalhadora.
O concelho de Almada é seguramente um dos concelhos do País com maior número de colectividades proporcionalmente ao número de habitantes, algumas das quais agrupando grandes núcleos populacionais.
A solidariedade social, a função cultural e recreativa e o associativismo cooperativo caracterizam as mais antigas, nascidas principalmente no século passado e princípios deste. Umas e outras criaram um elevado espírito colectivista perante as graves carências existentes no concelho em áreas tão importantes como sejam a educação, a saúde, a cultura física e espiritual e a segurança social, substituindo-se à acção que caberia ao poder central e local, mas a que estes se mantiveram quase sempre alheios, quando não adversos.