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6 DE SETEMBRO DE 1985 4341

Quer dizer, através de saneamentos selvagens e de toda a espécie de tropelias, o governo PS/PSD dividiu todas as empresas públicas entre os seus militantes. O que é certo é que quando se «zangam as comadres» começou a verificar-se que um dos partidos detinha, em face do outro, uma superioridade que já não convinha ao PSD. E isto deixando de fora o facto de o PSD também pretender sustentar a ideia de que, desde a morte de Sá Carneiro até à queda do bloco central, o País não existiu! Tudo não teria passado de uma miragem, teria sido uma espécie de alucinação popular e que o País não vivera nada desde 1980 até 1983, havendo agora que retomar, logo depois do funeral, a nova eleição e o novo governo!
Trata-se, para nós, de uma guerra intestina, isto é, em vez de guerra institucional, uma guerrilha intra-institucional, pois não é inter-nstitucional, em virtude da qual um dos partidos pretende aterrorizar, pela guerrilha verbal, outro parceiro - e parece que está a tirar dividendos ...

Verificamos agora quem é que nos últimos tempos obteve o maior tempo de antena na Radiotelevisão Portuguesa: exactamente as pessoas que dizem que querem ainda mais do que já tiveram.
Chegámos a ver que espécie de argumentos se utilizam para aterrorizar o parceiro e, na verdade, este último já começa a dar-lhe ainda mais tempo ... Agora, a Radiotelevisão Portuguesa está cheia de «ditos» e de «reditos» do líder de um determinado partido, que pertence à coligação, que ainda tem os seus gestores na televisão, que ainda dá ordens aos seus gestores neste órgão de informação, que ainda não retirou estes gestores, depois de tanto barulho, deste mesmo orgão de comunicação social. E, depois de esse partido pedir, com as «entradas de leão», a demissão do presidente da Radiotelevisão Portuguesa, quando pura e simplesmente o Conselho de Ministros tinha chumbado esta «entrada», ainda não vimos como vai ser a saída!
Estamos a aguardar que o dito popular não se aplique aqui com aquela crueza com que se costuma classificar estas «entradas de leão».
De qualquer modo, Sr. Presidente e Srs. Deputados, estamos preocupados com a televisão como sempre estivemos. Quando apresentámos este pedido de inquérito estávamos mais preocupados do que agora estão o PSD e o PS. E não vale a pena dizer que o problema é dos últimos dias, que é da campanha eleitoral, porque na verdade o problema foi sempre igual ^ desde a constituição do bloco central. A RTP foi manipulada para a eleição do Dr. Mário Soares, foi manipulada para a existência e conservação do bloco central, do governo PS e PSD, e ultimamente a única coisa que se pretende é que em vez de Mário Soares apareça outro líder, que quer ter os mesmos benefícios que teve o Dr. Mário Soares e sem qualquer medida proposta para satisfazer os pedidos da oposição.
O CDS continua corripletamente discriminado na RTP, pois é o partido que menos tempo de antena tem tido nos últimos 2 anos e que ainda não viu aumentar os seus parcos minutos de emissão. São sempre as festas, as «festarolas» e as sardinhadas do PS e do PSD - este vivo ou morto cá aparece na televisão -, enquanto os outros partidos têm de viver esta agrura. Mas não creio que com esta resolução se alcance qualquer coisa nova.
Ontem, também o Governo fez pressurosamente a sua resolução e disse que «sim, senhor, a Radiotelevisão Portuguesa devia manter a objectividade, a pluralidade e tudo isso», como se o Partido Socialista também não tivesse nada a ver com o que se passa na Radiotelevisão Portuguesa.
Portanto, estes «biombos» que surgem, estas novas investidas que surgem contra a gerência para desresponsabilizar o PSD e o PS do descalabro que esta resolução pretendia travar ainda continuam. Mas, infelizmente, julgamos que as coisas têm ido longe de mais e que nem esta resolução será agora capaz de produzir qualquer efeito.
Estou como um intelectual do PSD, que perguntava assim: «E não valeria apenas exterminá-la, à televisão?»
É que talvez só exterminando pudéssemos ter uma nova Televisão plural, isenta, independente, para esta campanha pré-eleitoral e para todas as campanhas que se vão seguir. Não é contra esta resolução que realmente vamos sanear, moralizar e dar um estatuto de isenção à RTP.
Em todo o caso, é melhor ter alguma coisa do que não ter nada. É bom que a Assembleia da República registe que tinha razão em Agosto, muito antes dos actuais Proci e Condottiere virem dizer que a RTP está mal, quando os nossos partidos tinham já requerido o inquérito e obtido o relatório, a todos os títulos notável, sobre as ilegalidades e arbitrariedades e a corrupção eleitoral que já nessa altura ia na RTP. Que isto sirva agora de traço grosso, a fim de sublinhar como o CDS teve razão durante os 2 anos de oposição que realizou a este estado de coisas.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Capucho.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Sr. Presidente, desejava somente interpelar a Mesa, porque não sei qual a figura regimental que o Sr. Deputado António Capucho invocou para usar da palavra.
Pela minha parte, tinha requerido o uso da palavra para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Narana Coissoró. Assim, queria somente advertir a Mesa acerca disto ...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, sendo assim, tem a palavra V. Ex.ª, porque o Sr. Deputado António Capucho tinha dito, logo no início, que desejava fazer uma intervenção.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - O Sr. Deputado Narana Coissoró levantou várias questões, algumas delas pertinentes, segundo o meu ponto de vista.
É verdade que, por exemplo, o Sr. Deputado disse que o PSD parece que «a partir da morte do Dr. Sá Carneiro até a este Governo não teria existido nada»! Mas eu também tenho um pouco a sensação de que o CDS se esqueceu do que é que existiu antes deste Governo ...!
Por outro lado, ao ouvi-lo falar parecia até que a televisão era um «mar de rosas» no tempo da AD, isto