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896 I SÉRIE - NÚMERO 20

quer dar? O que é que o PS vai responder ao repto, à faca apontada ao peito pelo PRD de que tem que ser alternativa a este governo nesta Câmara?'

O Sr. António Capucho (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Qual é a resposta? Queremos ouvi-la. Qual é o compagnon de route que o Partido Socialista vai escolher?
Diz o Sr. Deputado, a propósito da Votação, que o Governo e o Partido Social-Democrata tiveram aqui uma derrota estrondosa e clamorosa.
Sr. Deputado, havia aqui duas posições antagónicas: a do PS, a do Partido Comunista e a do MDP/CDE, que votaram contra o Orçamento, e a do PSD, que, conjuntamente com outro partido da oposição - o CDS -, votou a favor. E qual foi a posição derrotada? A derrota estrondosa foi a vossa e não a nossa.
Então o Sr. Deputado, que é o ministro sombra do seu governo, faz contas desta maneira? O Sr. Deputado obriga-nos a considerar que temos* de colocar, em Portugal uma questão nova na ordem do dia: é preciso fazer uma remodelação no governo sombra do PS com o ministro das finanças a fazer contas desta maneira!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Cravinho.

O Sr. João Cravinho (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em relação à possibilidade de o Governo cair, estávamos confrontados com declarações políticas muito claras por parte de todos os partidos aqui intervenientes.
O PS tinha dito, e mantinha, que. votava contra. Ele tinha votado contra na generalidade, tinha-se comportado ao longo de toda a discussão em sentido que não podia permitir equívoco. Poder-se-á acusar o PS de tudo mas, pelo menos, o PS sempre afirmou uma posição clara nesta matéria e foi a única que manteve ao longo de todo o debate da proposta orçamental!

O Sr. Costa Andrade (PSD): - Até antes de a ler anunciou que votava contra!

O Orador: - O Sr. Deputado tem condições de vidente que me escuso comentar, porque não sabe como é que nos pronunciámos antes de ler a proposta. Mas isso não interessa agora! ...
Quanto ao CDS, ele foi perfeitamente claro ao longo da intervenção. Compreendo o susto que apanharam perante a intervenção do Sr.ª Professor Adriano Moreira, líder do CDS, intervenção de grande qualidade. Isto porque os senhores viram a ameaça que se perfilava no futuro, uma vez que na ocasião concreta não havia problema.

Protestos do PSD.

Quanto ao PRD, que tinha sempre dito que viabilizaria com certeza a continuidade do Governo, também não havia problemas.
O que antevejo é que o PSD sabe que os ventos mudaram e, neste momento, já está a internalizar votos futuros.
Bom, digamos que só se morre uma vez. Lá chegará a vez e não vale a pena ter as dores de parto tão cedo. A seu tempo chegará! ...
Quanto ao PS como alternativa, o que vejo é que toda a Câmara considera que a alternativa só pode vir do PS, porque todos se dirigem ao PS. É essa a prova fundamental.

Risos do PSD.

Agora, como a alternativa é nossa, seremos nós a geri-la do modo que nos parecer mais conveniente aos interesses que defendemos, ao País, ao nosso projecto.
Se VV. Ex.ªs, com a vossa propensão habitual de se eternizaram no Governo, estão a pensar que vão dar, digamos assim, a oportunidade de se infiltrarem, estejam completamente enganados, porque para a próxima sairão mesmo do Governo - e sairão pelo vosso pé ..., não talvez pelo vosso pé, mas pela vossa maca. E cairão, digamos assim, no momento em que nós predeterminarmos.

Vozes do PS: - Ah!

O Orador: - Mas não se preocupem em procurar antecipar esse momento. Têm ainda uns meses de boa gestão. Digo «de boa gestão» porque se estivesse a escrever, teria posto três palavras entre parêntesis ..., mas não ponho.

O Sr. António Capucho (PSD): - Dá-me licença que o interrompa?

O Orador: - Faça o favor, Sr. Deputado.

O Sr. António Capucho (PSD): - Agradeço-lhe ter-me permitido a interrupção.
É apenas para fazer um curto aparte a propósito de uma passagem da sua intervenção: convosco estamos, de facto vacinados.

Risos do PSD.

O Orador: - Não sei se estão vacinados. O que sei, de certeza, é que estão dispensados.

Aplausos do PS.

Isso é até mais importante porque, estando o PSD no poder há quase dez anos, pretendendo ele sobreviver a todos os seus próprios desaires através do simples truque de mudança de líder, desta vez está perante um problema completamente novo: é que o líder pode mudar de grupo parlamentar no seu conjunto. Ele é que o indicou pelo ralhete que pregou a todos, pela submissão a que obrigou todos.
Simplesmente, o que o vosso líder está a fazer é qualquer coisa que vos deixa profundamente inquietos, um projecto populista que parou, que já não avança mais porque já não pode avançar mais, porque tem os seus limites, e que, ao mesmo tempo, sendo um projecto puramente populista, não se enraíza nas vossas bases e apoios orgânicos, só pode ser prejudicial a cada um de vós.
Hoje em dia, quem tem mais dúvidas sobre o governo PSD, sobre este governo, são os apoios naturais do PSD em termos de afinidade ideológica, de afinidade social-democrática, porque eles entendem que o populismo é a destruição da continuidade social-democrática. Ë esse o vosso grande temor.