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17 DE DEZEMBRO DE 1986 957

o abandono a que têm sido votadas as linhas do interior, nomeadamente a linha do Corgo, não pode deixar de merecer, como tem merecido já várias vezes, através de intervenções do PSD nesta Assembleia, a nossa denúncia e a nossa revolta.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - A interioridade continua a ter os seus custos, e, enquanto não forem criados meios alternativos compatíveis com os interesses de toda a população - utentes e funcionários da CP -, não aceitaremos passivamente tal negligência e desinteresse.
Apelo, mais uma vez, às instâncias responsáveis pelo caminho de ferro para que se promovam de imediato as reparações necessárias para que o transporte de pessoas se faça com o mínimo de condições que as necessidades do isolamento justificam e a dignidade da pessoa humana exige.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Não é possível continuar a assistir, serenamente, ao transporte de pessoas em vagões de transporte de carga ou de animais.
As condições de segurança e de dignidade em que muitas dessas pessoas são transportadas na linha do Vale do Corgo merece a nossa frontal reprovação. Ao assistirmos, há dias - isto em pleno século XX -, a uma reportagem feita pela televisão, em que pessoas de todas as idades se amontoavam em duas carruagens de passageiros e vários furgões de mercadorias, cobertos e descobertos, obriga-nos a um grito de revolta e veemente repúdio.
Em nome desses transmontanos, exigimos que, com urgência, seja dada solução a esta dramática situação.

Aplausos do PSD.

O Sr. António Mota (PCP): - Sr. Presidente, peço a palavra para exercer o direito de defesa da minha bancada.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. António Mota (PCP): - Sr. Deputado Daniel Bastos, V. Ex.ª vem afinal reconhecer, na sua intervenção, que há dificuldades, que há problemas com a linha da CP e com a população, vindo depois passar um atestado de parvoíce à população de Fortunho, dizendo que tinha havido uma insurreição mas que a população fora manipulada.
Assim, apenas pergunto ao Sr. Deputado o seguinte: acha que aquelas pessoas que foram agredidas pela GNR, foram agredidas com penas de galinha?! Acha que as pessoas que estavam lá, que foram agredidas e maltratadas, tal como o meu camarada afirmou na intervenção - é verdade e não retiramos uma palavra do que foi por ele dito... -, acha que isto é tratar bem a população?! Acha o Sr. Deputado que não devia deslocar-se ao local uma entidade do concelho de Vila Real - o Sr. Presidente da Câmara, ou alguém a representá-lo, ou mesmo o Sr. Governador Civil -, a fim de dialogar com a população, em vez de mandar a GNR espancá-la?! Acha o Sr. Deputado que são formas de se proceder com a população, que são formas correctas de se resolverem os graves problemas que o Sr. Deputado aqui referiu?!
Sr. Deputado, naturalmente que a CP tem, no seu pensamento, a decisão de acabar com a linha, e como a população de Trás-os-Montes já está tão «escaldada» com isto, obviamente reagiu, defendendo, aliás, os seus direitos.
Parece, portanto, muito mal que o Sr. Deputado venha aqui passar um atestado de menoridade a essa mesma população e dizer que isto foi obra de meia dúzia de agitadores, quando, na realidade, o não foi. Com efeito, o que aconteceu foi que a população quis defender os seus direitos, e acho que fez muito bem.

O Sr. Presidente: - Para dar explicações, tem a palavra o Sr. Deputado Daniel Bastos.

O Sr. Daniel Bastos (PSD): - Sr. Deputado António Mota, na minha terra dir-se-ia que o PCP «faz o mal e a caramunha», e o ditado está aqui bem aplicado. É que, Sr. Deputado, foram elementos do PCP de Vila Real que instrumentalizaram a população para reagir daquela forma contra a GNR. Esta é a verdade dos factos; é isto que tem de ser dito aqui.

O Sr. António Mota (PCP): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. António Mota (PCP): - Sr. Deputado, desculpe-me que lhe diga, mas esse seu argumento é muito antigo, muito gasto e já não pega.

O Orador: - Sr. Deputado, se soubesse que me ia interromper para dizer isso, com certeza que não lhe tinha autorizado a interrupção.
O Sr. Deputado disse que eu estava a passar um atestado de parvoíce à população. Porém, se, neste momento e depois de tudo o que aconteceu, o Sr. Deputado for lá falar com a população, com certeza que vai ter a prova de que tenho razão ao dizer que foi o PCP que instrumentalizou a população; que foi para lá arranjar aquele problema, aquele barulho, para que alguns elementos da população, que não os do PCP, que lá estavam presentes... esses não foram para o hospital e fizeram com que alguns elementos da população avançassem, tendo sido, esses sim, as vítimas indefesas de toda aquela balbúrdia.
Foi isto que aconteceu, Sr. Deputado. Diz-se também lá que «a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima». Portanto, passou já algum tempo, mas é esta a verdade dos factos.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Rogério de Brito (PCP): - E se não comeres a papinha toda, vem o papão comunista e faz-te mal!

O Sr. António Capucho (PSD): - Por enquanto ainda têm militantes em Vila Real!

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Sá Furtado.

O Sr. Carlos de Sá Furtado (PRD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A Ordem dos Engenheiros comemora os 50 anos da sua existência.