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960 I SÉRIE - NÚMERO 22

nomeadamente com aqueles que procuram o primeiro emprego. Aliás, sobre isso tomou recentemente uma importante decisão ao inscrever no Orçamento do Estado para 1987 uma verba de 750 mil contos. Deverá agora aprovar em tempo útil uma lei sobre essa matéria, para a qual o projecto de lei já apresentado pelo Grupo Parlamentar do PCP constituirá, sem dúvida um importante contributo.
A Assembleia da República pode e deve analisar um conjunto de temas como aqueles que agora referi, que são de indiscuível actualidade para os jovens portugueses. Enquanto que do lado do Governo se multiplicam as iniciativas prejudiciais aos jovens, cabe à Assembleia da República adoptar medidas positivas, certas e oportunas dirigidas à resposta aos anseios e preocupações juvenis.

Aplausos do PCP, do MDP/CDE e da deputada independente Maria Santos.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, chamo a vossa atenção para o voto de congratulação que a Mesa põe à vossa consideração e cujo teor passo a ler:

Voto de congratulação

Homenagear os vivos é enterlaçar a teia da solidariedade humana com os fios da admiração, do respeito e da gratidão que se Inês tributa por feitos e obras com que dos demais se distinguem.
Fernando Lopes Graça é um compositor de eleição, um maestro respeitado, um pedagogo seguido, um dinamizador incansável da vida musical e cultural portuguesas.
Na rica espontaneidade do seu virtuosismo ressalta a originalidade impressiva do amor à pátria e do seu portuguesismo.
Quando os meios culturais portugueses e o povo de Portugal o canta como gloria da nossa cultura musical, a Assembleia da República solidariza-se com essa homenagem no reconhecimento expresso da obra que produziu e que enriqueceu de forma admirável o nosso património artístico.
Por tais razões, a Assembleia da República associa-se àquela justa e oportuna homenagem prestada ao grande compositor Fernando Lopes Graça e, em razão dela, exprime o seu voto de congratulação.

A Mesa da Assembleia da República.

Está em discussão, Srs. Deputados.

Pausa.

Não havendo inscrições, vamos votar o voto.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade, registando-se a ausência dos deputados independentes Rui Oliveira e Costa e Ribeiro Teles.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Lopes Graça é um exemplo de coerência, de humanismo e de pedagogo. É, sem dúvida, o nosso maior compositor e nunca se pode esquecer o extraordinário papel desempenhado pelo maestro Lopes Graça na Academia dos Amadores de Música; a resistência ao fascismo era exercida por Lopes Graça através da sua música e dos seus coros que percorriam o País apesar da repressão desencadeada.
Não obstante as extraordinárias dificuldades com que a sua vida decorreu por força do obscurantismo dos mentores do regime fascista, Lopes Graça conseguiu, com a sua extraordinária acção, ganhar o respeito de todos.
Torna-se, hoje, impensável desconhecer Lopes Graça como uma das figuras de maior relevo da nossa história contemporânea.
Associamo-nos, com a maior satisfação, ao voto apresentado pela Mesa, mas entendemos que mestre Lopes Graça - que, como aconteceu, por exemplo, com Gomes Ferreira, Aquilino Ribeiro, Abel Salazar, Egas Moniz, nunca se vergou à violência marginalizadora ocorrida durante a ditadura -, Lopes Graça, dizia, é merecedor de muito mais do que um simples voto de congratulação pela passagem dos seus 80 anos.
A Lopes Graça é devida uma homenagem nacional. E a melhor maneira de se dar início a tal homenagem será promover uma maior divulgação das suas obras, quer as sinfónicas, quer as suas canções de resistência. Estas obras deviam ser amplamente divulgadas nas escolas, na transmissão de programas radiofónicos e televisivos, em organização de concertos, de forma a levar-se a todo o País o conhecimento das suas composições consagradas em todo o mundo.
Essa será, sem dúvida, a melhor homenagem devida a Fernando Lopes Graça.

Aplausos do MDP/CDE, do PCP e da deputada independente Maria Santos.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, também para uma declaração de voto, a Sr.ª Deputada Adelaide Soares.

A Sr.ª Adelaide Soares (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Todos sabemos que a cultura é o suporte da identidade de um povo. Quando um português faz desse princípio a sua bandeira e põe, segundo as suas próprias palavras, «acima de interesses pessoais e de manobras politiqueiras, um sincero amor da arte» só nos resta juntar todas as vozes numa homenagem justa e merecida.
Fernando Lopes Graça alia à invulgar formação cultural e à força de carácter um talento indiscutível. Estas características, usadas com rigor e postas ao serviço da cultura musical portuguesa, dão-nos uma obra notável, quer pela extensão, quer pela qualidade, sobretudo no campo da divulgação, recuperação e defesa da música popular portuguesa.
A sua obra, que vai da música sinfónica e de câmara às harmonizações corais (para não falar nos textos de crítica e estética musical), tem sempre como base de trabalho os temas portugueses.
Assim, uma das suas primeiras composições para piano tem como título Variações sobre Um Tema Popular Português. As 24 Canções Populares Portuguesas foram o seu segundo contacto com a música popular.
Partindo de melodias que o próprio Lopes Graça classifica «de grande equilíbrio plástico e que são pequenas maravilhas de expressão e musicalidade», como O Malhão, Era ainda Pequenina e tantos outros, dá-nos obras de uma qualidade e beleza estéticas raras no nosso panorama musical.