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27 DE FEVEREIRO DE 1987 1925

pontes-cais de estacionamento do porto de pesca se, na sequência de negociações em curso, for concretizado um reforço do financiamento externo. Até lá há que esperar.
Muitos barcos não entram no porto de pesca. A lota está lá. Mas quando as embarcações puderem passar, e oxalá que isso aconteça o mais depressa possível, fazemos votos que não falte então o estacionamento após a descarga.
Não resisto contudo à tentação de ler palavras textuais dos pescadores:

Há anos atrás o nosso porto tinha melhores condições que agora; muitos dos nossos colegas, com 30 e 40 anos de vida no mar, hoje têm medo de ir para o mar e quando saem de casa, à noite, para os barcos vão a tremer como varas verdes e sempre com o coração nas mãos e as mulheres ficam em casa a rezar a todos os santinhos para que regressem salvos. Então no Inverno nem se fala! Que pessoas terão uma vida pior que a nossa?

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Atentemos nestas palavras e, dado que a minha exposição já vai longa, não vou aqui enumerar o número de desastres nem sequer a quantidade de mortes verificadas em cada um deles nem as outras necessidades urgentes do porto de pesca.
Mas a sinceridade das suas palavras penso que nos obriga a uma profunda reflexão.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Queria finalmente chamar a atenção do Governo para o estado de degradação em que se encontra o Hospital da Póvoa de Varzim. De um dia para o outro pode acontecer o desaparecimento do mesmo, devido à péssima situação da sua instalação eléctrica. A cobertura precisa de uma reforma total pois as telhas e os cumes estão partidos, há tábuas do soalho a precisar de substituição, a canalização do abastecimento da água está velha e entre outras coisas, dado que não vou poder citá-las todas, sabe-se que o doente pode ter a infeliz sorte de sair de lá mais doente do que entrou, visto que tectos em estuque, em péssimo estado de conservação, podem, em caso de queda, provocar graves ferimentos nos doentes.
Enfim, e em resumo, o Hospital está seriamente doente. Há que «curá-lo». É o último alerta que aqui deixo.
Ao terminar, faço votos para que estes problemas apontados mereçam da parte dos nossos governantes a devida atenção para que, não só na Póvoa mas também noutras terras do nosso país, tais anomalias desapareçam de um vez para sempre para a melhoria do bem-estar das nossas populações.

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - Para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado José Carlos Vasconcelos.

O Sr. José Carlos Vasconcelos (PRD): - Sr. Deputado Manuel Vaz, embora sob a forma de pedido de esclarecimento, quero, sobretudo, associar-me às palavras de V. Ex.ª no que se refere às necessidades e carências da Póvoa de Varzim e, designadamente, às do seu porto e do seu hospital.
V. Ex.ª sabe, como presidente da Câmara, que eu próprio, como deputado, embora por acaso eleito pelo círculo de Lisboa, mas como nortenho e poveiro de
coração, pedi a V. Ex.ª elementos para uma intervenção nesta Assembleia, que não fiz porque V. Ex.ª me anunciou que faria essa intervenção. E, obviamente, para mim o que está em causa são os interesses que se visa proteger e não quem faz as intervenções.
Quero por isso associar-me à parte da sua intervenção em que se refere à Póvoa de Varzim e dizer que os pescadores da Póvoa, por tudo o que representam, pelo seu heróico passado - de que são símbolo o «Cego de Maio» e tantas outras figuras como o patrão Sérgio, o patrão Lagoa, que escreveram essa epopeia dos humildes a que se refere Santos Graça, essa casta de «O poveiro» a que este mesmo autor se refere -, merecem tudo, só que infelizmente não têm tido do poder central a atenção que merecem.
Associo-me e quero esperar que finalmente a Póvoa e os seus pescadores, a sua Casa dos Pescadores, a Casa dos Poveiros do Rio de Janeiro e tudo o que representa venham a ter o apoio que merecem do poder central.

O Sr. Presidente: - Antes de dar a palavra ao Sr. Deputado Manuel Vaz, assinalo a presença nas galerias de alunos da Escola Secundária nº2 dos Olivais e da Escola Secundária n.º1 de Abrantes. A todos saudamos calorosamente e agradecemos a presença.

Aplausos gerais.

Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Vaz.

O Sr. Manuel Vaz (CDS): - Em primeiro lugar, quero agradecer ao Sr. Deputado José Carlos Vasconcelos e dizer que é verdade o que referiu. Quero também agradecer a boa vontade do Grupo Parlamentar do PRD, porque, tendo pedido esses dados, o facto é que depois não deseurou, de maneira alguma, os problemas da classe piscatória. Muito obrigado, da minha parte, Sr. Deputado.

Vozes do CDS e do PRD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Sérgio Azevedo.

O Sr. Sérgio Azevedo (PSD): - Sr. Presidente Srs. Deputados: Diz o ditado popular que muitos filhos fazem o pai pobre. Esta realidade é bem sentida pelas populações do concelho de Barcelos, que com as suas 89 freguesias é, a este respeito, o maior do País.
Resulta deste facto que a satisfação das inúmeras carências seja lenta.

Mas se esta realidade é já por si penosa, agrava-se quando alguém pretende retirar às populações os seus escassos meios de sobrevivência e o direito a um ambiente sadio.
Esta é a grave situação de conflito existente entre a população da freguesia de Barqueiros - Barcelos e a empresa MIBAL.
Façamos um pouco da história.
A MIBAL é uma empresa que tem a sua sede em Prado, concelho de Vila Verde, e exerce a sua actividade no domínio da exploração de caulino.
Desde há dezassete anos que está instalada na freguesia de Barqueiros, tendo as explorações de caulino sido feitas em terrenos de mato.