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2339 - 25 DE MARÇO DE 1987

De modo que, se entendi bem, queria perguntar-lhe qual é, nesta matéria, a diferença entre a sua intervenção e a interpelação ao Governo apresentada pelo Partido Comunista Português.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Gonçalves.

A Sr.ª Ana Gonçalves (PRD): - Sr. Deputado Rui Salvada, peco-lhe desculpa, mas francamente não entendi o que me perguntou. Acredito que tenha sido falha minha, e é exactamente porque desejo esclarecê-lo que lhe agradecia que repetisse o seu pedido de esclarecimento, mas peco-lhe que seja breve para não gastar o tempo de que disponho para responder.
Pode repetir, Sr. Deputado? É que eu não entendi, palavra de honra!

O Sr. Rui Salvada (PSD): - Sr.ª Deputada, não gastarei tempo nos considerandos.
Assim, sendo minha percepção e da minha bancada que, contrariamente à posição do PS tomada no discurso hoje feito, a sua posição muito se identifica com a do discurso da interpelação ao Governo apresentada pelo Partido Comunista Português, gostaria de saber qual é a diferença entre ambas, se é que há, ou, se não há, então gostava que confirmasse que existe, de facto, essa identificação.

A Oradora: - Agora, entendi perfeitamente, Sr. Deputado. Agradeço-lhe imenso.

Sr. Deputado Carlos Coelho, teceu considerações que são subjectivas sobre a coerência ou não do discurso. Enfim, cabe-lhe a si ajuizá-lo, coube-me a mim fazê-lo portanto, ficaremos por aqui acerca da pertinência daquilo que eu disse.
Diz o Sr. Deputado que nunca ouviu o Governo gritar «vitória» sobre nada. Olhe, Sr. Deputado Carlos Coelho, com certeza que neste último ano e meio não andou por cá! Lamento dizer-lhe, mas, decerto, não tem andado atento à grande propaganda que o Governo tem feito, utilizando os meios de comunicação social e, nomeadamente ...

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Dá-me licença que a interrompa, Sr.ª Deputada?

A Oradora: - Sr. Deputado, deixe-me acabar, que depois lhe darei autorização para me interromper ... e, nomeadamente, o Sr. Deputado Carlos Coelho esteve desatento a uma intervenção da sua bancada - o que é lamentável e imperdoável. Refiro-me à intervenção que precedeu a minha, a do Sr. Deputado Rui Salvada. Se lhe tivesse prestado atenção teria ouvido um relambório de frases que eram o mesmo que dizer: «Gritem vitória!» Por amor de Deus, Sr. Deputado Carlos Coelho, tem andado profundamente desatento!

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Sr.ª Deputada, posso interrompê-la?

A Oradora: - Diga lá! Está excitadíssimo! Diga lá ...

Risos gerais.

Mas, por favor, está a gastar o meu tempo ...

O Sr. Presidente: - Pelo que vemos, o Sr. Deputado Carlos Coelho não está excitado.

Risos gerais.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Sr.ª Deputada, o Sr. Presidente já teve ocasião de responder por mim. Agradeço-lho, pois para mim seria muito penoso e embaraçoso fazê-lo ...

Risos gerais.

Sr.ª Deputada Ana Gonçalves, ao referir-me ao gritar «vitória» considerei o que a senhora disse, isto é, a Sr.ª Deputada referiu que o Governo tinha gritado «vitória», no sentido de que tinha já cumprido o seu Programa, que já tinha atingido todos os seus objectivos, que tinha resolvido todas as situações. Eu disse que, nesse sentido, no sentido de que tudo estaria bem, que não teríamos problema sociais com que nos defrontar, nunca tinha ouvido o Governo gritar «vitória». Agora, que o Governo se regozije com alguma legitimidade em relação ao que de positivo já fez, parece-me natural, e grave seria se o não fizesse.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - Muito obrigada, Sr. Deputado Carlos Coelho, pelo esclarecimento que me deu.
Repito exactamente aquilo que disse: o Governo continua a «gritar vitória», sempre «gritou vitória» e, por favor, não me peça para procurar nos textos de debate sobre o Orçamento do Estado dar-me-ia muito trabalho!- as afirmações do Ministro do Trabalho, referindo que tinha cumprido a parte do programa que dizia respeito ao seu Ministério. Sr. Deputado Carlos Coelho, faça fé na minha afirmação! Se não o fizer terei de ir fazer uma pesquisa, que decerto não levará muito tempo, para justificar o que lhe digo.
Mais adiante, o Sr. Deputado Carlos Coelho diz que é lamentável que a oposição não tenha um papel positivo, que não seja uma oposição construtiva e que não «dê o braço a torcer» quando vê que há alguma coisa bem feita pelo Governo. Sr. Deputado, devo dizer-lhe que não teria o mínimo problema em «dar o meu braço a torcer»; só que acontece que no sector laborai o do Sr. Ministro do Trabalho não vemos que tenha sido feito nada de tão positivo que me levasse a fazê-lo. Lamento, mas não posso.
Por outro lado, o Sr. Deputado Carlos Coelho diz que a IGT tem grandes problemas, que não funciona. Não sei se quereria deixar subentendido que a culpa do não funcionamento da IGT não se deve ao Governo. É evidente que a IGT tem problemas ...

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Não disse nada disso!

A Oradora: - Não disse? Então, com certeza que foi falha minha.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Dá-me licença que a interrompa, Sr.ª Deputada?

A Oradora: - Faça favor, Sr. Deputado.