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882 I SÉRIE - NÚMERO 24

transmitem esta sua mensagem ao povo de Portugal, de que fazem parte, através da sua legítima representante, Assembleia da República.
Segue-se o poema que é longo e, sendo o tempo que me é concedido escasso, sou forçada a cingir-me à leitura da síntese da mensagem poética que encerra e que é a parte final do poema:

Na ânsia de acabar o que tinham começado. Seguindo a sua sina e cantando o seu fado. Da vida viver a lutar contra o monstro salgado. Os homens do Algarve, das Descobertas pioneiros. E os filhos dos pioneiros mais os aventureiros. Moços velejadores, navegadores, mercadores, artífices e guerreiros
Em Sagres nas caravelas de El Rei embarcaram. E com outros portugueses se caldearam; E marearam, navegaram, velejaram. E os anos foram passando. E o saber dos homens do mar foi aumentado. E criaram novas naus, novas caravelas. Com mais quilhas, mais calado e mais velas. E morreram reis e outros reis foram reinando. E os homens do mar o seu saber aos filhos deixaram.
E os filhos lutando no mar continuaram. E todas as dores e martírios padeceram. Muitos horrores viram e sofreram. E não desanimaram. Procuraram, procuraram. Novos mares encontraram. Novas terras e novas gentes. Novos rios, novas ilhas e novos continentes. E venceram todos os mares e todos os seus segredos.
E venceram os seus próprios medos; Ergueram padrões, Esculpiram brasões, E construíram fortes, E oraram louvando as suas sortes; Criaram fortalezas.
E com o sentimento que a vitória encerra. Hastearam bandeiras portuguesas. Nas cinco partidas da terra. E animados por esse viver de tanto conhecer. Por tanto que velejaram e viram. E com a força da esperança vinda do crer. Cumprida foi a ordem de El Rei D. João II; Descobriram Povoaram. E civilizaram Dois terços do mundo.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: A concluir, gostaria de interpretar o sentir desta Assembleia, agradecendo a esses portugueses do Algarve realçarem na competência dos deputados na nação o compromisso que implicitamente subscreveram, ao serem eleitos, de não só traduzirem as divergências políticas desejavelmente inerentes a um regime democrático não só o que divide mas de representarem também o que une, o que unifica o povo português: a sua cultura que, em seus matizes mais populares ou esteticamente evoluídos, é a própria essência da nacionalidade.
Termino pedindo ao Sr. Presidente da Assembleia da República que faça chegar oficialmente a mensagem dos mercadores algarvios à Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.

Aplausos do PRD, do PSD, do PS, do PCP, do CDS e de Os Verdes.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Vidigal Amaro.

O Sr. Vidigal Amaro (PCP): - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, queria congratular-me e associar-me à declaração aqui feita pelo Sr. Deputado Luís Filipe Menezes e também nós, Grupo Parlamentar do PCP, estamos ao dispor para a visita do pequeno Cláudio, para lhe testemunharmos o nosso apreço.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Tardiamente e só depois dos órgãos de comunicação social terem alertado a opinião pública, é que o Governo, através do Ministério da Saúde, admitiu e confirmou a existência de uma epidemia de sarampo que grassa na zona da grande Lisboa.
Na nota publicada e em declarações públicas, o Ministério da Saúde proeurou, primeiro, minimizar a gravidade do surto epidémico e, em segundo lugar, desresponsabilizar-se por tal situação.
Não é lícito e não o pode fazer. O Ministério da Saúde tem responsabilidades que têm de ser apuradas em toda a sua extensão. Analisemos os factos.
Desde Fevereiro do ano passado (há quase 1 ano) que há internamento de crianças com sarampo nos Hospitais Pediátricos de Lisboa. Este facto e apesar da acalmia verificada nos meses de Verão, fazia prever um surto epidémico nos últimos meses de 1988.
Os serviços do Ministério da Saúde não tomaram em atenção este facto e não implementaram as medidas que se impunham para evitar tal surto. Não foi realizada uma verdadeira e real informação à população sobre a possibilidade e os perigos desta epidemia, e o que é mais grave, os serviços continuaram de braços cruzados esperando nos centros de vacinação.
Os serviços de saúde não querem reconhecer as degradantes condições de vida e de habitação dos inúmeros bairros de lata existentes ao redor de Lisboa. Os responsáveis pela saúde querem continuar a ignorar que os habitantes dessas zonas possuem má informação e têm muitas dificuldades em se deslocarem aos centros de vacinação.
Cabe e é obrigação dos serviços de saúde, fazer com que brigadas móveis visitassem esses bairros e aí procedessem à vacinação.
Para este surto, Srs. Deputados, contribui, sem dúvida e de forma marcada, a resolução do Ministério da Saúde, tomada há tempos de atrasar a vacinação contra o sarampo dos 8 para os 15 meses de idade.
A razão invocada da comodidade de administração (uma vacina tríplice em dose única) não pode ser aceite.
A realidade económica e social do País, a existência de sarampo endémico, as deficiências alimentares e as péssimas condições de habitação, exigiriam que a vacinação contra o sarampo se continuasse a realizar aos 8 meses.
Esta posição foi defendida por técnicos de saúde pública e pediatras que alertaram o ministério. A existência duma população altamente vulnerável com idade até aos 15 meses, sem cobertura de vacinação poderia