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2012 I SÉRIE - NÚMERO 58

documentos - não são calúnias, como diz o Sr. Deputado - que já apareceram na comunicação social e que voltarão a aparecer nesse inquérito.
Dou-lhe só um exemplo: quando uma empresa apresenta, no mesmo dia, um projecto e uma factura e, no dia seguinte, começa uma campanha de propaganda a um hospital, como foi o caso do Hospital de São Francisco Xavier, numa altura em que começou o período de reflexão eleitoral... Sr. Deputado, sabe bem o que isto significa!
O Sr. Deputado tem dúvidas em relação ao que acontecia com os documentos referentes à compra dos computadores? Eles existem! Portanto, não venha agora procurar mistificar...
Mas temos alguns receios. Temos receio que aconteça como aconteceu em 1980, nesta Câmara, quando a Oposição pediu um inquérito à RTP e o Governo, de que, na ocasião, fazia parte o PSD, veio mudar tudo, veio propor um inquérito a toda a comunicação social. Por isso, quando ouvi esse «mais amplo, mais amplo» comecei a ficar efectivamente preocupado, comecei a pensar se não iríamos até 50 anos atrás e só faltava uma coisa, que era um prazo de dez dias!
Em relação a uma outra questão, V. Ex.ª referiu e afirmou aqui que a oposição estava a obstaculizar o trabalho nas comissões de inquérito. Quero perguntar-lhe, muito concretamente - e era esta a única pergunta que lhe fazia, para além dos comentários que já fiz -, se o PCP tem obstaculizado qualquer comissão de inquérito, nomeadamente por falta de quorum, e se alguma comissão de inquérito não está à espera de documentação importantíssima, não se vendo, por parte do PSD, vontade em que essa documentação seja presente na comissão de inquérito; pelo contrário, o PSD quer encerrá-la e fazer imediatamente um relato para provar que nada há. Portanto, se o Sr. Deputado não provar aqui e agora que efectivamente é isso que se passa em relação ao PCP, tenho toda a legitimidade de dizer que, afinal, V. Ex.ª não veio aqui senão lançar mais meia dúzia de calúnias.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Sr. Deputado Luís Filipe Menezes, o PSD tem seguido, desde o início desta «borrasca» política, uma estratégia com grande escrúpulo.
Em primeiro lugar, tem querido transformar aquilo que é uma questão fundamental da democracia - a transparência - no «dizes tu, digo eu» entre dois dirigentes do PS e dois dirigentes do PSD. Isto é, o PSD quer impressionar a opinião pública e foi o Primeiro-Ministro, combinada esta estratégia com o Sr. Costa Freire, que veio dizer que, afinal, o problema é entre Correia de Campos e Jorge Sampaio, por um lado, e, por outro, Leonor Beleza e Costa Freire, ficando ele próprio de fora. Simplesmente, quando foi apanhado na onda, o Primeiro-Ministro veio também juntar as suas mãos e abrir o jogo todo.
Esta estratégia é totalmente errada, na medida em que, em vez de atacar o fundo da questão e falar sobre aqueles cinco ou seis casos que estão no relatório da Inspecção-Geral de Finanças, que é do conhecimento de todos, o PSD e o Sr. Primeiro-Ministro têm fugido sistematicamente a responder a essa questão, não dando conhecimento à Assembleia da República desses problemas, para poder vir agora dizer que o Sr. Jorge Sampaio não tem autoridade para falar, que o Sr. Correia de Campos ganha à custa do Estado, que o Sr. fulano de tal também ganha ajudas de custo, o Sr. fulano de tal não fez isto... Isto são fait divers periféricos, marginais para o debate quando o que está em causa é a honestidade da administração e a honestidade dos procedimentos a que o PSD tem de responder, acima de tudo. E ao bipolarizar entre pessoas esse problema, o PSD faz o que se chama fuga para a frente, dizendo: «Vocês dizem mal da ministra, então, eu digo mal do Correia de Campos! Deixemos os problemas de lado.»
A sua intervenção de hoje é o exemplo mais acabado de como esta estratégia está totalmente votada ao fracasso, porque V. Ex.ª não conseguiu impressionar ou lançar a mínima dúvida sobre a honestidade de quem quer que fosse. V. Ex.ª não teve, hoje, um contraponto na corrupção do Sr. Correia de Campos, V. Ex.ª não teve um contraponto na corrupção entre o Primeiro-Ministro e o Secretário-Geral do Partido Socialista.
VV. Ex.ªs têm de estar avisados para sempre. VV. Ex.ªs não querem a bipolarização para outros efeitos, querem-na para a corrupção e para atacar pessoalmente os dirigentes do PS e este para atacar os vossos dirigentes, o que é mais um atentado contra a transparência e o regular funcionamento das instituições.
VV. Ex.ªs deixaram de lado o sistema para caírem naquilo em que a 1.ª República, em 1915, caiu, isto é, em ataques pessoais entre dois partidos que se degladiam, que se matam, deixando tudo o que diz respeito à administração, à política, ao sistema, no escuro.
Isto não passará, porque estamos atentos, embora tenhamos quatro deputados, o que corresponde a uma ínfima parte da vossa percentagem eleitoral...

O Sr. Montalvão Machado (PSD): - Grandeza moral.

O Orador: - A grandeza moral, como diz o Sr. Deputado Montalvão Machado, é nossa....

Aplausos do PSD.

...e VV. Ex.ªs não conseguirão transformar uma questão de regime numa questão política entre Leonor Beleza e Correia de Campos.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Então, vocês têm grandeza moral!...

O Orador: - E vocês corrupção!

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Campos.

O Sr. António Campos (PS): - Sr. Deputado Luís Filipe Menezes, gostaria de estar de acordo consigo na defesa do bom nome do Estado, mas a maioria, o Sr. Primeiro-Ministro e a ministra da Saúde não têm esse sentimento da defesa do bom nome do Estado, e já vou confirmar o que vá dizer-lhe.
Quando, graças à liberdade de imprensa em Portugal, apareceram nos jornais - e isso deve-se à imprensa - os primeiros escândalos em relação ao Ministério da