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13 DE MAIO DE 1989

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acordo consigo! Quem sonhar com o retorno ao liberalismo engana-se - sobretudo, e como é óbvio, o liberalismo selvagem.
Portanto, porque é que hei-de estar aqui com medo-pânico de que o poder económico volte a avassalar o
poder político, tomando conta das cadeiras do poder,
dos bancos, das seguradoras e dos jornais, como eu
dizia naquela minha frase citada pelo Sr. Deputado?

0 Sr. José Magalhães (PCP): - Agora é televisões também, e a rádio!

0 Orador: - Televisões ainda não vi, e não vai
haver tantas televisões privadas como isso. Ontem, por
exemplo, conquistou-se, espero que com o vosso
aplauso - previ que sim - o princípio do concurso
público. Há, pelo menos, essa garantia de que aqueles
que esperavam ter uma televisão sem concurso já sabem
a partir de ontem que não haverá televisão sem concurso.
Têm de concorrer com os outros e depois se vê.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Foi o voto envergonhado do PCP!
Viu-se no caso da

0 Sr. José Magalhães (PCP): Viu-se no caso da rádio!

0 Orador: - Disse o Sr. Deputado José Magalhães que nunca se proibiu a iniciativa privada. Melhor fora! Nessa altura, seríamos um país do Leste em que, como sabe, só a casa e os produtos directos do trabalho é que podem ser objecto de propriedade privada. Mas mesmo aí, mesmo aí, neste momento, está a pôr-se em causa a bondade destas concepções. Nós cá no Ocidente, não em Portugal - onde nunca poderia ser assim, Portugal é um país arreigado à propriedade privada, faz dela quase uma religião e penso até que alguns dos erros da Revolução de Abril relativamente aos novos modelos de restruturação da economia do País partiu do esquecimento do que significa para o povo português a propriedade privada.

0 Sr. José Magalhães (PCP): - Quanto à perguntazinha?!

0 Orador: - Qual era a perguntazinha?

0 Sr. José Magalhães (PCP): - Se neste momento o professor Aníbal conquista com este...

O Orador: - 0 professor Aníbal vai cair também, como tudo aquilo que não respeita a genuína democracia. Claro que vai cair! Já está a cair! Está a menos de cinco pontos de Secretário-Geral do Partido Socialista! Claro que começou a cair...

0 Sr. José Magalhães (PCP): - Mas isso é uma muletazinha!

O Orador: - Já começou a cair até dentro do seu próprio partido. Já tem anticorpos! Já não é o homem auto-suficiente e confiante! Já pisca outra vez os olhos!

Risos.

Não tenha dúvida alguma de que vai cair. É evidente! Vai cair! ...

Vozes do PS: - Muito bem!

0 Orador: - Dizia o Sr. Deputado José Magalhães, mais uma vez, que decaímos, somos um anjo caído estamos sempre a cair. É claro que ele disse que decaímos quando não conseguimos que o PSD vote connosco, isto é a nossa queda.

O Sr. José Magalhães (PCP): - É óbvio!

0 Orador: - Cair é não conseguir que os outros nos dêem o seu voto.

O Sr. José Magalhães (PCP): - Exacto!

O Orador: - Bom, é impossível não cair de vez em quando assim, passamos a vida a tombar.
0 que é que havemos de fazer? Como os outros só nos dão o voto quando querem, porque são livres de o dar ou não, cada vez que o não dão caímos.

Risos do PS.

0 que é podemos fazer? Passamos a vida a cair.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Só não cai o PCP!

0 Sr. José Magalhães (PCP): - Olhe que não!

O Orador: - No fundo, o que é que queria o PCP? Que disséssemos ao PSD: «Ou é como queremos ou a Constituição fica como está.» O PSD dizia-nos assim: «0 quê?, Reprivatizações por dois terços? Então preferimos que fique como está, porque, se são vocês a fazê-las, então preferimos o capital de queixa de dizer ao país que não há reprivatizações porque os senhores não deixaram.»

Vozes do CDS: - Ah! É isso!

Voz inaudível do deputado José Magalhães (PCP).

0 Orador: - Com calma, com calma, sem interrupções e sem diálogo. 0 aparte é uma coisa e interrupções constantes é outra.
0 professor Cavaco Silva dizia-nos logo: «Não, não. Então, fica como está!». Resultado: nem era como queríamos, nem como o PSD queria, era como queria o PCP!

Protestos do PCP.

Compreendo que defenda este ponto de vista. É que assim conseguiam que a Constituição fosse o que vocês querem. Tenham paciência! Nem é o que queremos, nem o que queríamos, nem é o que vocês querem, nem é o que o PSD quer, porque, como muito bem realçou o Sr. Deputado Nogueira de Brito, quem decaiu mais no artigo 83.º e na Constituição económica em geral...

0 Sr. José Magalhães (PCP): - O PS!

0 Orador: - Desculpe, não foi! Foi o PSD que queria a abolição do artigo 83.º Queria uma economia sem princípios, porque só salvou um desses princípios