O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

3852 I SÉRIE - NÚMERO 79

Mas concordo com o Sr. Deputado Basílio Horta na sua essência: é um momento que provavelmente devemos ficar com ele, devemos reflectir sobre ele. Agora devo dizer-lhe também o seguinte, e penso que o Sr. Deputado Basílio Horta concordará comigo porque apesar de tudo não é completamente descabido: é que quando, a propósito de determinados aspectos concretos, recordarmos certas coisas tais como o contraponto do branco e do preto, do bem e do mal, da democracia e da ditadura, às vezes, isso tem de se fazer precisamente para explicar e justificar certas ideias, mas na medida do necessário e não estando permanentemente a falar destas coisas...
Concordo com essa sua posição de fundo, mas não prescindirei de expender a minha perspectiva quando entender que isso é necessário para repor a verdade, em termos de contraponto...
Quero dizer - com toda a humildade, e acho que neste caso não devia falar para mim, devia falar para todos - aos Srs. Deputados que deveríamos todos ter a humildade de reconhecer que ninguém tem o exclusivo da responsabilidade e ninguém está isento de culpa!
Quando dou aqui a minha visão dos acontecimentos e faço a minha interpretação dos factos, quando chamo a atenção para algumas delas, creio que não estou a ter uma visão unilateral das coisas, mas quero confrontar a minha com as outras posições e sinto-me na necessidade de a desenvolver.
Quando, efectivamente, ouço aqui dizer coisas que são de facto, do meu ponto de vista, desajustadas, pelo menos tenho de vincular a minha opinião, não posso ficar calado, porque sou, de facto, um cidadão livre.
Depois do 25 de Abril sou um cidadão livre, quero dizer aqui uma coisa que ainda não disse, mas que devo dizer e o Sr. Deputado Basílio Horta e todos os outros Srs. Deputados devem perceber isto bem. E vou invocar a minha qualidade de militar, embora esteja aqui a desempenhar as funções de deputado, mas o senhor também é advogado e está a desempenhar as mesmas funções do que eu, que aqui sou deputado do PRD. Ainda há bocado foi falado aqui que o Sr. Deputado Almeida Santos tinha medo. Devo dizer-lhe o seguinte Sr. Deputado: pensa-se que os militares são homens que não têm medo. Não, Sr. Deputado! Os militares têm medo! Vou referir-lhe três momentos em que tive medo: tive medo na guerra colonial em determinados momentos, foi antes do 25 de Abril para quem não se recorde; tive medo no 11 de Março e tive medo no 25 de Novembro - isto para lhe referir três momentos significativos.

O Sr. Basílio Horta (CDS): - Uhm!...

O Sr. José Magalhães (PCP): - Houve quem se pronunciasse com um mugido. Quem o fez sabe certamente o que andou a fazer nesse momento. E de certo não teve medo!...

O Orador: - Creio que, no essencial, respondi à questão colocada pelo Sr. Deputado Basílio Horta. Foi esta invocação dos factos feita pelo Sr. Deputado que me levou a falar sobre o que falei e que, devo dizer-lhe, do meu ponto de vista, só tem este sentido útil: penso que todos devemos assumir os erros e as virtudes das soluções que a cada momento formos encontrando e não, o que é uma coisa que me custa ver,
descarregarmos para cima dos outros as nossas fraquezas e as nossas incapacidades - outros, pessoas, organizações, momentos históricos, o outro lado da barreira. Isso é o que eu penso, efectivamente, que não deve acontecer.
Ao pensar no que o Sr. Deputado José Luís Ramos disse relativamente' à proposta do PRD, sobre a irreversibilidade das nacionalizações, mais me convenço, de facto, que devo ter percebido mal. É que é tão absurdo aquilo que disse, do meu ponto de vista e da interpretação, que devo ter percebido mal o que o Sr. Deputado disse.

O Sr. José Luís Ramos (PSD): - Dá-me licença que interrompa?

O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. José Luís Ramos (PSD): - Eu não me estava a referir à proposta do PRD, estava a referir-me era à sua intervenção que, nalguns pontos, Sr. Deputado, e foi por isso que eu o interrompi, contrasta, em muito, com a proposta do PRD.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - É isso!

O Sr. José Luís Ramos (PSD): - O Sr. Deputado José Miguel Galvão Teles teve um discurso na comissão e o Sr. Deputado Marques Júnior teve outro aqui e é esse contraste entre as propostas do PRD, as votações do PRD na Câmara e as intervenções do Sr. Deputado Marques Júnior que motivou a minha interrogação. Foi exactamente por isso que lhe coloquei algumas questões. O contraste é nítido, mas não é comigo, é, sim, entre o discurso do Sr. Deputado e as propostas do PRD.

O Orador: - Sr. Deputado José Luís Ramos, para ver se entendo, diga-me então o que é que o senhor deduziu do meu discurso? Que sou a favor da manutenção das nacionalizações? Foi isso?

O Sr. Nogueira de Brito (CDS): - Pior que isso!

O Orador: - De facto, isto também serve para o Sr. Deputado Narana Coissoró.
Provavelmente tenho de fazer uma releitura da actas,...

O Sr. José Magalhães (PCP): - Não é preciso!

O Orador: - Provavelmente vou ter que reler aquilo que eu disse aqui.

O Sr. Costa Andrade (PSD): - O Sr. Deputado José Magalhães diz que não precisa!

O Orador: - Como é que é possível o Sr. Deputado ter feito esse tipo de interpretação?
Mais uma vez o Sr. Deputado José Luís Ramos e também o Sr. Deputado Narana Coissoró pararam no tempo relativamente à minha intervenção. Os Srs. Deputados pararam no tempo!
Não posso dizer mais do que aquilo que disse, mas será que o Sr. Deputado quer que eu repita solenemente