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3 DE JUNHO DE 1989 4597

pouco desasado, porque isto de ser falcão sem garras já não mete medo a ninguém.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O PS, Sr. Presidente e Srs. Deputados, tem consciência de que esta solução política não vai concretizar-se amanhã. Amanhã ainda o governo reúne sem mangas de camisa» - o PS sabe que este Governo se irá arrastar até 19911
O Professor Cavaco Silva; tem um contrato a prazo, os portugueses vão com certeza rescindi-lo nessa data, se os Srs. Deputados do PSD por razões de sobrevivência partidária o não fizerem antes. Mas fundamentalmente o PS tem consciência de que é hoje a esperança dos portugueses para o futuro. O PSD já não é, é o passado. O PSD transformou-se numa enorme e gigantesca desilusão.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro (Cavaco Silva): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Antes de me pronunciar sobre a presente interpelação, gostaria que, em, nome do Governo, me fosse permitido assinalar o acontecimento de relevante interesse nacional de que esta Assembleia da República ontem foi protagonista.
Na verdade, é aqui devida uma palavra de felicitação às forças democráticas que, pela via do diálogo, souberam chegar a um consenso sobre a nossa Constituição, que serve os interesses dos portugueses e de Portugal.

Aplausos do PSD.

Em tempo de pré-campanha eleitoral o Partido Socialista decidiu entrar na corrida às interpelações ao Governo. Terão observado alguns que o PS anda a reboque, que não tem capacidade de inovação ou que precisa de subir ao palco para chamar a atenção da opinião pública.
Passado o dia de hoje, dirão muitos que o PS não escolheu bem o tema da interpelação o balanço da actividade do Governo. De facto, se nos últimos quinze anos de democracia há governo com obra concreta para apresentar, é precisamente o actual. Assim se explica que o PS não tenha sido melhor sucedido do que os dois partidos que o antecederam em interpelações no curto espaço de dez dias.
Quem haja seguido com. um mínimo de atenção o que aqui se passou, bem como as interpelações do PCP e do PRD dos passados dias 24 e 29; não; pode evitar alguma perplexidade quanto à actuação dos partidos da Oposição.
Com efeito, este ciclo de interpelações tornou; evidente a dificuldade dos partidos - que criticam o Governo em serem Oposição credível, na nova fase em
que se vive em Portugal.
Ao não passarem da mera crítica negativista e posso dizê-lo - da demagogia- irresponsável, os partidos da Oposição continuam a agir - como se, o País ainda vivesse no termo da crise política e económica; no tempo em que a escuridão no túnel não deixava vislumbrar qualquer luz de esperança.
Assim desfasados da realidade portuguesa e dos desenvolvimentos do mundo moderno, não admira que esses partidos apenas saibam produzir um discurso vazio de onde não se consegue extrair nada com interesse para um pais que está a desenvolver-se e a progredir..
A crise política endémica do passado viciou alguns, ao que parece, irremediavelmente, no mero jogo do verbalismo e da intriga, no ataque pessoal e nas manobras de bastidores.

O Sr. José Magalhães (PCP): - Lá está ele!

0 Orador: - Em situação de instabilidade, essas eram julgadas eficazes para provocar as crises e assim afastar adversários e concorrentes. Agora; porém; os tempos são outros. Existe um Governo sólido e determinado em cumprir o programa para que foi livremente mandatado pelos eleitores. Daí o desnorte da Oposição.
Paralelamente, a crise económica e a austeridade; que tanto afectaram o Pais até há quatro anos, suscitavam um clima de pessimismo e descrença onde encontravam natural eco o simples dizer mal e o apelo à mudança de políticas, sem grande necessidade de se explicar como è para onde. Tais receitas deixaram, porém, de funcionar na actual situação de rápido crescimento económico e de elevada confiança.
Faltando-lhe os ingredientes a que se habituara para derrubar governos - isto é, faltando-lhe a crise política e a crise económica, a Oposição agita-se e a tudo recorre para tentar fabricar descontentamento e minar a credibilidade do Governo. Mas ao lançar mão da baixa política; a Oposição apenas acaba por prejudicar ainda mais a sua débil credibilidade.
Só de si própria poderá queixar-se a oposição, por não ter sabido adaptar-se aos tempos de estabilidade governativa e de desenvolvimento económico em que,
agora felizmente vivemos.
A circunstância de nos encontrarmos numa situação de Governo maioritário, situação normal e desejável em democracia; não diminui o papel dos partidos da Oposição. Pelo contrário, requer-se deles uma atitude mais responsável, visando oferecer ao eleitorado uma alternativa credível.
Mas o facto de Portugal já não viver em crise política ou económica torna mais exigente a tarefa da Oposição, pois dela sé exige que apresente novas ideias, que defina políticas diferentes, que esclareça o Pais quanto ao projecto alternativo de sociedade que procuraria concretizar-se fosse governo.
Mas onde estão as ideias da nossa Oposição? Onde estão as políticas alternativas por ela concretamente apresentadas para enfrentar os grandes problemas nacionais? Nem no Parlamento, nem fora dele, encontram os portugueses essas alternativas.
Incapaz de se adaptar à estabilidade democrática e de se libertar dos antigos vícios, a Oposição permanece agarrada a um estilo de fazer política que os portugueses inequivocamente rejeitaram, recorre à critica fácil, só sabe dizer mal do Governo, sem qualquer preocupação de seriedade nem fundamento naquilo que diz. Talvez não saiba fazer outra coisa, e é pena, Srs. Deputados da Oposição!

Aplausos do PSD.