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4596 I SÉRIE - NÚMERO 92

houve prioridades, houve, sim, desvios, há agora incapacidade para utilizar a globalidade dos fundos.
No plano da política de investimento, este Governo seguiu o critério do Rei Salomão, só que cortou mesmo a criança ao meio: deu metade dos incentivos ao Sr. Ministro da Indústria, deu outra metade dos incentivos, ao Sr. Ministro do Plenamento e evitou com isso uma crise de Governo, impediu com isso uma verdadeira estratégia de desenvolvimento.
No plano da investigação científica e tecnológica, após um começo promissor, com um secretário de Estado com credibilidade, capaz de atrair um presidente da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, seguramente uma das personalidades mais marcantes do mundo científico português, passaram alguns meses, o secretário de Estado, demitiu-se, demitiu-se o presidente da junta, a investigação é hoje apenas, algo que se insere na lógica de funcionamento clientelar do partido da maioria.
Mas há outras diferenças! Nós também não consideramos possível, que este período de relativa prosperidade traduzido nos índices do Sr. Ministro das Finanças não tenha sido aproveitado para reduzir as injustiças e as desigualdades na sociedade portuguesa. E a injustiças e as desigualdades estão a aumentar e não a diminuir, a aumentar desde logo na relação entre os salários e os preços. Quem dúvida que todos os salários, controlados directa ou indirectamente por este Governo, estão neste momento para quem os aufere a conduzir a uma redução do poder de compra?
Injustiças também - e evidentes! - na reforma fiscal e na aplicação dos impostos. Quem paga impostos em Portugal, como todos sabem, são as classes médias ou as profundamente agravadas pela política fiscal deste Governo. Injustiças nas custas judiciais, injustiças até no aumento dos preços dos medicamentos, com os quais o Governo retira com uma mão aquilo que com a outra deu aos reformados e pensionistas nos aumentos que pôde proporcionar-lhes com a folga, o saco azul, a margem de manobra que a economia portuguesa adquiriu por essa conjuntura internacional tão favorável.
Mas injustiças e desigualdades também no plano regional! Temos criticado o PD R pela falta de diálogo na sua elaboração, mas começamos hoje também a criticá-lo no seu conteúdo. É que este PDR apresenta a mais espantosa concentração de investimentos públicos no litoral confessada por um governo nas últimas décadas.
É evidente que esta opção pode ter justificação, mas então que seja explicitada, que seja trazida a esta Câmara, que seja discutida, para que as populações do interior saibam ao menos a razão pela qual são neste momento sacrificadas.
Diferenças também quanto ao centralismo e à tentação - e chamo tentação para não ofender os Srs. Deputados do PSD - autoritária deste Governo. Centralismo evidente na redução das verbas para as autarquias, no boicote sistemático à criação das redes administrativas; tentação autoritária evidente - e não falo já do caso das polícias - na falta de uma capacidade de diálogo construtivo, efectivo, entre o Governo e os parceiros económicos e sociais da nossa vida, parceiros esses cuja diversidade constitui em grande medida a riqueza do nosso tecido social.
Finalmente, a questão da transparência. Não vou hoje falar aqui nem de inquéritos nem de escândalos, mas o PSD não pode continuar a fugir a um diálogo essencial na sociedade portuguesa sobre o financiamento da nossa vida política. Nós temos de garantir que os partidos políticos portugueses têm do Estado um financiamento suficiente, temos de garantir que as doações aos partidos políticos são submetidas a regras de transparência clara, e temos de garantir uma fiscalização da forma como são gastos os dinheiros na actividade política.
Em nome de todos os homens sérios que existem felizmente em todos os partidos, o sistema político não pode continuar sob a suspeição de que a mola real da nossa vida institucional é o tráfico de influências. Isto é intolerável! Temos todos a obrigação de corrigir esta grave lacuna no funcionamento das nossas instituições.
Aplausos do PS.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Tem sido dito pela bancada do PSD que o PS não é verdadeiramente a alternativa ao PSD. Chegou a altura de vos confessar que o PS já não quer ser verdadeiramente alternativa ao PSD, porque só vale a pena ser alternativa àquilo que é, não vale a pena ser alternativa àquilo que já não é!
O que o PS hoje quer ser é a base de construção da solução política global e credível para Portugal no horizonte nos anos 90, solução política que o PSD já não pode construir.
Senão vejamos: o PS tem um candidato natural às eleições presidenciais de 1991; o PSD do Sr. Professor Cavaco Silva não tem.
O PS tem uma estratégia para o desenvolvimento, modernização e solidariedade nacionais, tal como foi reclamada ontem pelo Sr. Presidente da República no seu discurso na Ilha do Corvo; o PSD, e o seu Governo, o Governo do Sr. Professor Cavaco Silva manifestamente não têm.
O PS tem capacidade de diálogo com as nossas confederações patronais e sindicais, com a generalizada das associações da nossa sociedade civil; o PSD manifestamente já não tem.
O PS tem voz, tem influência nas instituições nacionais como membro que é, da família política europeia e internacional.
Um governo do PS poderá restituir a Portugal o prestígio e credibilidade que já teve, quando foi governado por Mário Soares na qualidade de Primeiro-Ministro e que tem vindo a perder nos últimos anos.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Um futuro governo do Partido Socialista liderado, como Primeiro-Ministro, por Jorge Sampaio...
Risos do PSD.

... permitirá que Jorge Sampaio não tenha que movimentar-se nas instituições europeias como um simples pedinte de chapéu na mão à procura de subsídios, mas tenha uma palavra a dizer sobre o futuro da construção europeia, e permitirá também que ele possa participar no Conselho do Atlântico, numa posição responsável e não como um falcão por excesso de zelo para inglês ver, um falcão que, convenhamos, é um