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4616 I SÉRIE - NÚMERO 93

O Orador: - Como o PS passou de uma diferença de 29 ou de 15 pontos para 4, isso significa que, no mínimo, o PSD desceu 11 pontos.
Protestos do PSD.

Isso significa que o PSD desceu 11 pontos. Portanto, a lógica está feita!

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador: - Sr. Deputado, se houver diferenças aritméticas, e é provável que haja, corrija-as e ainda ficará abaixo de zero, não se preocupe! E como fica abaixo de zero, o que eu disse é válido!
Quando à questão da democracia parlamentar, sobre o que está ou não em jogo, o que o Sr. Deputado Pacheco Pereira disse é verdade em abstracto, excepto quando o Sr. Primeiro-Ministro vem concitar o eleitorado no sentido de saber se apoia ou não a sua governação e vem dizer, expressamente, que o que está em causa é a sua governação, e excepto também quando todo o eleitorado entende - diga o Sr. Primeiro-Ministro o que disser - que o que está em causa é a governação.
Portanto, peço ao Sr. Deputado Pacheco Pereira que explique a teoria ao Sr. Primeiro-Ministro e a todo o eleitorado!

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Não respondeu a nada.

A Sr.ª Presidente: - Para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Lima.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Sr. Deputado João Cravinho, gostaria de começar o meu
pedido de esclarecimento com uma nota pessoal dizendo como tenho pena de o ver partir para Bruxelas, não só pelos seus muitos dotes intelectuais, pela sua vivacidade parlamentar, pela sua inteligência combatida, mas também - e espero que não me leve a mal - por esses brilhantes «flics-flacs» que V. Ex.ª consegue dar com tão espantosa facilidade.
Risos do PSD.

Sr. Deputado, ao ser um homem com muito brilho, quando quer consegue fazer verdadeiras rábulas aritméticas; é um verdadeiro sofista da álgebra, e hoje provou-o aqui! Na verdade, hoje provou-o aqui abundantemente, dizendo e desdizendo...! Por um lado, ouvimos há dias o vosso secretário-geral, o porta-voz de seu partido - e o próprio Sr. Deputado disse na televisão -, dizer que este era um resultado do PS, metendo na «gaveta», no dia das eleições, a contribuição que o PRD deu para este resultado, obnubilando, do ponto de vista matemático e aritmético, a contribuição que o PRD tenha já dado no Parlamento Europeu anterior e que os Srs. Deputados reconheceram ao colocarem-no num lugar ilegível. Porém, depois vêm dizer para a televisão que se tratou apenas de um resultado do PS!
O Sr. Deputado também disse que as políticas do Governo não têm a aprovação do povo português e que já não há governo maioritário. Ao dizer isto pareceu--me que, afinal, o Sr. Deputado já não era candidato a Bruxelas, mas sim a Primeiro-Ministro. Vai tomar conta do poder? Vai governar o País? Ou era candidato a Bruxelas? Não baralhe as coisas, Sr. Deputado João Cravinho!
V. Ex.ª sabe muito bem que o que estava em causa era escolher os candidatos ao Parlamento Europeu! Contudo, o Sr. Deputado está a procurar subverter todas as regras da legitimidade política destas eleições quando diz que o Governo já não tem legitimidade para governar. É óbvio que o Governo tem toda a legitimidade para governar! O PSD desceu um deputado nestas eleições e o PS subiu um deputado, mas a verdade é que nem sequer têm a subida mais expressiva destas eleições! A subida mais expressiva destas eleições é a do PCP - honra lhe seja feita! - e não a do PS! O PS tem uma subida em termos precentuais; poderemos dizer que é uma subida escriturai, pois a vossa contabilidade eleitoral é como a contabilidade de algumas empresas que consegue fazer um golpe contabilístico aumentando o activo, limpando passivos, mas sem ter um acréscimo patrimonial, um acréscimo real.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Os Srs. Deputados não têm mais eleitores, têm menos eleitores - isto tem que ser dito assim porque é verdade! O PS tem uma maior percentagem por causa da abstenção, mas tem menos eleitores, diminuiu o número de eleitores. O vosso resultado, Srs. Deputados do PS, é um resultado escriturai, não se iludam!
Sr. Deputado João Cravinho, não venha dizer que a derrota é nossa. Não vale a pena estarmos aqui a fazer aquilo que o Sr. Professor Adriano Moreira costuma referir como sendo a discussão do alfaiate no sentido de ver qual o fato mais completo. Se assim for, tenho que referir as palavras do Sr. Deputado António Guterres que, quando um jornalista lhe perguntou o que era para o PS uma vitória eleitoral, disse o seguinte: «Uma vitória eleitoral é subirmos acima dos 3070.»

O Sr. António Guterres (PS): - Não é verdade!

O Orador: - Então, devo dizer que apesar de o PS ter aumentado um deputado este teve uma derrota eleitoral.
Sr. Deputado João Cravinho, em Bruxelas V. Ex.ª não vai ter oportunidade de fazer estes «flics-flacs»!
Ao fazer esta despedida, que para nós é com saudade e pena, gostaria que o Sr. Deputado tivesse consciência de que estes resultados não lhe dão expectativas de ser governo! Estes resultados, para si e para o secretário-geral do seu partido, apenas dão expectativas de uma coisa: é de ser, apenas e tão-só, um governo «sombra».
Aplausos do PSD.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr.ª Presidente, peço a palavra para defesa da consideração.

A Sr.ª Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.