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4638 I SÉRIE - NÚMERO 93

Todavia, não vou usar isso como argumento político, quero, antes, sublinhar que na sua declaração política existem pontos de acordo entre nós, como o da apreciação do resultado eleitoral relativamente à política do Governo. Apesar de tudo, neste aspecto, temos razões opostas, pois o Sr. Deputado entende que o Governo foi penalizado porque governou menos à direita, enquanto nós pensamos que o Governo foi penalizado porque governou excessivamente à direita e coincidiu com as posições do CDS.
De qualquer maneira, daqui decorre uma outra questão que é importante neste acto eleitoral e nos seus resultados. É surpreendente que, tendo o Governo e o PSD sofrido um revés eleitoral tão expressivo...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Outra vez?!

O Orador: - ... e expressivo não apenas em relação às legislativas, mas mesmo em
relação às eleições para o Parlamento Europeu -, apesar disto, o CDS não retira benefícios relativamente ao seu próprio resultado eleitoral.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Quem tirou foram Os Verdes!

O Orador: - Por que é que não retira benefícios e perde um deputado, ou seja, perde percentagem de votação? É claro que não estou a ter em conta - já há pouco disse - as eleições legislativas de 1987, porque considero que isso foi uni fenómeno psicológico, não voltará a repetir-se. A situação tenderá, digamos, à normalidade, mas há um problema concreto que é o seguinte: seria normal que, e ouvimos agora o seu discurso, houvesse uma deslocação de votos do PSD para o CDS e que o CDS estivesse nesta conjuntura beneficiado de uma queda tão significativa como foi a queda do PSD.
Portanto, esta é uma questão que carece de resposta e V. Ex.ª não pode iludir, fazendo a intervenção que fez.
Finalmente, Sr. Deputado Basílio Horta, compreendo a dificuldade em encontrar imagens sugestivas a esta hora da tarde, depois do debate que já foi feito, mas, de qualquer maneira, não me parece elegante que tenha arvorado em referência o estado de espírito do meu camarada Álvaro Cunha e que, de certa maneira, o tenha querido condenar à tristeza, uma vez que disse que não podemos permitir que o Dr. Álvaro Cunha esteja alegre ou que tenha alegrias. Sr. Deputado Basílio Horta, não vou ser muito severo mas acho que há aqui, da sua parte, uma grande intolerância, que é democraticamente inadmissível.

Vozes do PCP: - Muito bem!

A Sr.ª Presidente: - Para responder, tem palavra o Sr. Deputado Basílio Horta.

O Sr. Basílio Horta (CDS): - Começando por responder ao Sr. Deputado Carlos Brito e por esta mesma questão que acabou de colocar, quero dizer que não há tolerância alguma. O Sr. Dr. Álvaro Cunhal tem, pessoalmente, todo o direito de se encontrar feliz, mas politicamente o problema é diferente: enquanto secretário-geral do PCP, quando ele se encontra feliz é difícil que eu partilhe da sua felicidade.
Era isto que queria dizer: que o cidadão Dr. Álvaro Cunhal seja sempre feliz, mas agora que o secretário-geral do PCP, depois de umas eleições, fique feliz, isto quer dizer que, obviamente, as pessoas que não partilham das suas ideias e que se opuseram sempre ao vosso partido com clareza, sem qualquer dose de animosidade para além daquela que a divergência profunda de ideias e de projectos nos separa, não podem estar contentes. Quando quis qualificar isso, queria dizer que realmente o PCP subiu nas eleições e queria analisar a que é que se devia fundamentalmente essa subida.
O Sr. Deputado Carlos Brito coloca uma questão importante quando pergunta por que é que o CDS não retira benefícios. Penso que não é correcto dizer-se que o CDS não retirou benefícios. Essa é uma análise puramente aritmética e sei que o Sr. Deputado Carlos Brito não cai nessa tentação primária de fazer a análise puramente aritmética de umas eleições. O Sr. Deputado Carlos Brito sabe que, por vezes, pode acontecer que perder-se 4 mil ou 5 mil votos para um partido pode significar um reforço político e outras vezes pode acontecer que ganhar uns milhares de votos pode significar um enfraquecimento político.
Entendemos - e não só nós - que o CDS sai efectivamente reforçado dessas eleições e basta o Sr. Deputado Carlos Brito reparar que o Professor Freitas do Amaral e o deputado Lucas Pires ficaram ambos felizes na noite das eleições, embora em momentos diferentes, para perceber que tenho razão naquilo que digo.
O Sr. Silva Marques (PSD): - Não há dúvida, é muito curial!
O Orador: - Por outro lado, o que também lhe quero dizer é que o CDS - isto é um aspecto importante que há pouco ia dizer ao Sr. Deputado Duarte Lima - ainda não está na fase de perder votos para ninguém, mas lá vai chegar. E que quando lá chegar ele vai perder votos para nós e não para a esquerda.
Risos.

O que está em causa é isto, neste momento. O que está em causa, embora isso custe muito ao PSD, é que o seu eleitorado tradicional de 19 de Julho se deslocou para a abstenção e a partir de agora vai deslocar-se para outros sítios.
Se os senhores mantiverem o mesmo discurso e a mesma postura, tudo aquilo que caracterizou a pobreza do vosso debate hoje aqui, não há dúvida que não há eleitor que resista, eles vão mesmo mudar, pois o problema é que os senhores realmente não aprendem nada.

O Sr. Silva Marques (PSD): - De facto não aprendemos nada! Por isso é que sugeria que repetíssemos o debate!
Risos.

O Orador: - Mas não as eleições, Sr. Deputado Silva Marques! Essas não, porque então era pior. Se repetissem as eleições, depois deste debate, os senhores ainda perdiam mais umas centenas de milhar de votos. Perderam quase um milhão e perdiam mais umas centenas de milhar.