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21 DE JUNHO DE 1989 4639

Portanto, como estava a dizer; o que está realmente em causa é isto: o PSD perdeu agora votos para a abstenção, mas a manter-se este estado de espírito vai perder para outros partidos. Ora bem, a preocupação que temos, para além do partido, pois temos uma visão da sociedade, temos uma visão da, economia, temos. uma visão do nosso país, é que a deslocação de uma faixado eleitorado, que em 19 de Julho foi de mais de 50%, se reparta por projectos que nos são antagónicos e que entendemos por prejudiciais ao desenvolvimento do País. 15so preocupa-nos, foi isso que quisemos, dizer.

O Sr. Carlos Pinto (PSD):- Nós percebemos!

O Orador: - Parece que não. Por intervenções que fizeram parece que não perceberam!
O Sr. Deputado Silva Marques, entre outras coisas, falou em casas desarrumadas. V. Ex.ª que tem uma cabeça tão arrumada, vem falar na casa desarrumada
do meu partido?

Risos do CDS.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Há pior!

O Orador: - Eu, sei que há!
No entanto; Sr.Deputado Silva Marques, em primeiro lugar, gostaria de dizer que o CDS nunca pediu para entrar no Governo, nem de forma física, nem de
qualquer outra forma. Só espero que, em 1991, VV. Ex.ªs não nos venham a pedir para entrar no Governo de forma física ou de qualquer outra forma.
Esse é que é o problema: Se é esse o vosso objectivo, nem sempre procedem bem.
Assim, Sr. Deputado Silva Marques, não seremos nós a ter qualquer interesse, direito ou legitimidade de reivindicar uma participação, directa ou indirecta, no Governo dó País, mas estamos certos : que em 1991 V. Ex.ª vai ler estas palavras e vai rir-se comigo do que acabou de dizer.

Risos do CDS.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Cuidado com a arrumação da cabeça!

O Orador: - Exactamente, porque. V. Ex.ª tem uma cabeça arrumada, pois se não tivesse, não poderia rir-se!
Em relação aos outros problemas, que V. Ex.ª referiu, penso que já foram explicados. 15to é, o problema do Partido Comunista e a nossa preocupação, o problema da casa desarrumada, enfim, de facto, pensamos que a desarrumação e a arrumação são normais e podem coexistir.

O Sr. Deputado Silva Marques preocupa-se muito com o fenómeno Lucas Pires. Mas nós gostamos de Ter fenómenos como o Dr. Lucas Pires; porque o nosso partido pode dar-se ao luxo de lei um fenómeno Lucas Pires, um fenómeno Abecasis e um fenómeno Adriano Moreira. Podemos dar-nos a esse luxo! Para nós o problema é de escolha, enquanto que VV. Ex.ªs se vêem aflitos para arranjar um candidato credível para a Câmara de Lisboa. VV. Ex.ªs têm é inveja, porque não têm qualquer fenómeno. Os vossos fenómenos não merecem honras de primeira página, são demasiado domésticos.
Finalmente; o Sr. Deputado Duarte Lima colocou alguns problemas interessantes. e importantes, mas penso, que já tive ocasião de os explicai. No entanto; devo dizer-lhe - com muita franqueza e com a consideração que V. Ex.ª sabe que tenho por si - que o resultado destas eleições para o CDS - e fizemos uma análise ainda pouco aprofundada, pois estamos em cima dos acontecimentos - são preocupantes, porque, como há pouco dizia, verificamos que não se trata apenas de uma. descida importante do PSD, mas que a eventual transferência de. votos pode não beneficiar a faixa sociológica na qual nos integramos. Esta é a nossa interpretação, Sr. Deputado Duarte Lima.
Gostaria que não visse nas minhas afirmações qualquer paternalismo, não temos qualquer direito de o ter, sabemos que. somos, quatro deputados e obtivemos apenas 4,5% de votos nas últimas eleições. Hoje, eventualmente, seremos mais e, embora conscientes dá nossa dimensão, vemos os movimentos do eleitorado, vemos e interpretamos o movimento das pessoas. Ouvimos o País, ouvimos as pessoas que votaram em vós, ouvimos por todo o lado e analisamos as vossas medidas.

O Sr. :Duarte Lima (PSD): - Nós não?!

O Orador: - Não sei, mas admito que sim.
No entanto, não sei qual é o vosso grau de liberdade, nem sei qual é o vosso grau de independência em relação a um, poder que, por vezes, tenho a impressão que VV. Ex.ªs cultivam mais do que aos valores. Mas isso é outra, questão!
Neste sentido, o resultado obtido significa que há erros evidentes na política económico-financeira do Governo e na postura de alguns importantes membros do Governo. Já o disse, mas repito, pois penso que tenho o direito de o fazer e os senhores não têm o direito de se ofender nem de impedir que, quer eu, quer o meu partido, o digamos, até porque não é só o meu partido que o diz, é o País: não somos nós que estamos descontentes convosco, é o País, é o vosso eleitorado que deixou de votar em vós.
Assim, particularmente V. Ex.ª, Sr. Deputado Duarte Lima, não sé zangue comigo nem com o meu partido nem com o País. Se, eventualmente, tiver de se zangar; zangue-se com outras entidades.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Permite-me que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Sr. Deputado Basílio Horta, V. Ex.ª sabe que eu sou um homem tradicionalmente bem disposto, não me zango com õ País e, obviamente, muito menos com V. Ex.ª, mas, vamos procurar que as palavras tenham algum sentido e que o discurso político tenha alguma lógica; vamos procurar que as palavras tenham alguma aderência à realidade.
Percebo que V. Ex.ª tenha toda essa esperança, pois é membro do CDS, cristianíssimo, partido democrata cristão, V. Ex.ª cristianíssimo deputado e para um cristianíssimo deputado a esperança não deve ser a última coisa que morre. Mas dei-me só lembrá-lo ....

A Sr.ª Presidente: - Srs. Deputados, esgotou-se o tempo de que o CDS dispunha para responder, pelo que solicito a VV. Ex.ªs que sejam muito breves.