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22 DE NOVEMBRO DE 1989 583

optimismo e a sua grande alegria e é para isso mesmo que chamo a sua atenção.
O Sr. Ministro sabe que dois espíritos tecnocráticos são iguais como duas gotas de água, mesmo se um é cristão, o outro colectivista e o outro é só sistémico, para lembrar uma palavra há pouco referida pelo Prof. Adriano Moreira.
Como é possível, Sr. Ministro, ter a certeza de que a reforma está a andar bem, como o Sr. Ministro tem, e que tal não existe apenas nas suas convicções, quando todo o mundo docente em Portugal, todos os homens e mulheres que dão o seu sacrifício para a vida escolar, estuo divorciados do Sr. Ministro, porque o senhor se divorciou deles, com as mais importantes greves de toda a história de Portugal. Quem virá dizer que as greves dos professores são manipuladas? Já não há comunistas para manipular greves! Já não há MFA para manipular greves,' Sr. Ministro da Educação!

Risos do PSD.

Como é possível manipular dezenas e dezenas de milhares de professores com a concepção policial e conspirativa da história, que tantas vezes se utiliza - a de manipuladores? Como é possível o Sr. Ministro do Planeamento ter dito ontem que a não entrada de milhares de caloiros na universidade era um problema sub-sistémico, melhor ainda, que era como uma greve dos transportes? Quem pode comparar? Que visão é esta da sociedade? Que visão é esta dos Portugueses? Que visão 6 esta dos nossos homens e mulheres que diz que a não entrada dos caloiros nas universidades é um problema de disfunção sistémica dos recursos (imagino que é assim que se fala - é como nos transportes, durante três dias não há comboio na linha)?
É esta concepção, fundamentalmente errada, do que é i o trabalho quotidiano dos homens, das mulheres e dos alunos; é esta concepção não humanista na terra, humanista, eventualmente, no nacionalismo, humanista no apostulado, humanista no espírito missionário, no espírito grandiloquente, eventualmente um humanismo de quinto império, mas não é o humanismo do Portugal de hoje.

Aplausos do PS e do deputado independente João Corregedor da Fonseca.

O Sr. Presidente: - Inscreveram-se para pedir esclarecimentos os Srs. Deputados José Cesário, Sousa Lara,_ Duarte Lima, Lemos Damião e o Sr. Ministro da Educação.
Tem a palavra o Sr. Deputado José Cesário, para o que dispõe de três minutos.

O Sr. José Cesário (PSD): - Sr Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado António Barreio: Ouço-o sempre com a devida atenção, embora verifique que V. Ex.ª continua com grande dificuldade em descer das nuvens à realidade, a ser capaz de verificar na prática aquilo que realmente se está a passar em matéria de educação.
V. Ex.ª deveria ter sido capaz, e numa intervenção, julgo, de uma forma bem mais superior, de reconhecer o esforço que, de facto, está a ser feito em matéria educativa e que tem sido claramente reconhecido pela comissão parlamentar de que V. Ex.ª faz parte.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Os 5,2 % que hoje representam a educação a nível do PIB neste orçamento é algo que V. Ex.ª deveria ter saudado de uma maneira bem clara, bem como o crescimento claro das verbas destinadas ao investimento. Mas V. Ex.ª não o fez, e julgo que numa intervenção intelectualmente séria sobre esta matéria deveria tê-lo feito.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!

O Orador: - V. Ex.ª preferiu referir aspectos completamento marginais, descobrindo até hipotéticas censuras da comissão, de que ambos fazemos parte, à equipa ministerial a que o Sr. Ministro pertence. O Sr. Deputado sabe que, pela voz do meu partido, na Comissão Parlamentar da Educação, Ciência e Cultura, tal censura foi absolutamente recusada, tendo ficado bem clara qual era a nossa posição acerca de tal matéria. A única coisa que aconteceu, num determinado momento, foi que nós desejámos que 'houvesse uma resposta mais pronta de um, e apenas de um, secretário de Estado, relativamente à questão da contratação de professores.
Deveria dizer-lhe, Sr. Deputado, que acho que a atitude do Governo nesta matéria se tem pautado por uma absoluta vontade de dialogar. O Sr. Ministro frisou, e frisou bem, que houve mais de 1000 horas de debate com os sindicatos e, neste momento, este Governo (esta equipa ministerial) pode considerar-se uma grande campeã do debate e do diálogo com as forças sindicais, com as forças representativas das diversas entidades que gravitam na área educativa e, até, com esta Assembleia, a quem nunca tem negado a vontade e a disponibilidade para vir aqui e dialogar connosco. O Sr. Deputado sabe isto tão bem como nós.
Para nós, Sr. Deputado, a educação faz-se, sobretudo, , em torno de um vector fundamental, que são os jovens, e as crianças. A educação faz-se porque se lhes dirige directamente. Será que o Sr. Deputado compartilha da visão egoísta de algumas forças sindicais que apenas são capazes de, neste momento ao importante para a reforma educativa, dedicar a sua atenção a meras questões salariais dos docentes,....

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!

O Sr. João Corregedor da Fonseca (Indep.): - Ignorante!

O Orador: - ... ignorando diplomas tão importantes como a reforma curricular, como a formação de professores, como todos aqueles que estão neste momento em debate no panorama educativo nacional? Será que o Sr. Deputado avalia uma reforma numa área tão importante, como é a de educação, apenas pelas greves? Será que uma reforma não significará sempre e forçosamente uma ruptura? O Sr. Deputado sabe que quando há rupturas há interesses feridos e, naturalmente, tem de haver greves. É legítimo e natural que elas existam!
Sr. Deputado, temos de ver estas questões de uma maneira inteiramente descomplexada. Só assim poderemos ser capazes de avaliar, de uma forma perfeitamente objectiva e descomprometida, uma reforma tão importante - essa sim, a reforma das reformas -, como é a reforma educativa.

Aplausos do PSD.